A cerca de três horas de avião de Lisboa, o Mar Mediterrâneo guarda um pequeno tesouro onde os aromas, tradições e história contracenam com extensas praias de areia macia e águas límpidas: a Tunísia. Outrora bastante procurado pelos europeus como destino de Verão, o país luta pelo regresso à normalidade e pelo regresso dos turistas. O C&H percorreu os principais pontos turísticos do país.Utilizadores
Começamos o nosso roteiro no nordeste da Tunísia. Conhecida por ter as melhores praias do país, com quilómetros de areia branca e macia envolvida pelas águas cálidas do Mar Mediterrâneo, Hamammet é bastante popular entre os turistas. A cidade costeira, a fazer lembrar o Algarve, reúne dezenas de estâncias hoteleiras e estabelecimentos de diversão noturna mantendo, ainda assim, o misticismo medieval da zona que foi, em tempos, um porto de pesca.
Para além de terem praias privadas e piscinas, os resorts organizam diversas atividades durante o dia, dispondo também de restaurante, bar, discoteca e lojas, fazendo destes locais ideais para relaxar e bronzear. Para quem planeia aventurar-se fora dos hotéis e evolver-se nas tradições locais, a cidade oferece muito para descobrir. São pontos de passagem obrigatória a Medina, ideal para regatear artigos tradicionais ou deixar-se tatuar as mãos com henna; as ruínas romanas de Pupput; a Yasmine Hammamet Marina; ou a Fortaleza Kasbah do século XII.
Continuamos viagem e, a poucos quilómetros, situa-se Tunes, a movimentada capital da Tunísia onde o Oriente e o Ocidente se encontram. Nas ruas, entre a belíssima arquitetura árabe, os aromas a especiarias e as tradições muçulmanas, encontramos também um ambiente cultural moderno e uma metrópole em expansão. Foi naquelas ruas que, em 2010, a Revolução do Jasmim, que levou à saída do Presidente da República, originou a Primavera Árabe e abriu portas à democracia. Os ideais da revolução ainda se fazem sentir na cidade, cada vez mais jovem, livre e cosmopolita.
A capital divide-se entre a Medina, a parte antiga da cidade, e a Ville Nouvelle. Declarada Património Mundial da Unesco, a Medina está repleta de labirintos, ruelas e artesãos que, a troco de alguns Dinares, vendem especiarias, perfumes, sapatos, joalheria, cerâmicas, e outros produtos típicos. Aqui, regatear os preços faz parte da tradição. Aproveite as compras para conversar com os habitantes locais que são, por norma, bastante acolhedores e simpáticos.
Ainda nas ruelas da Medina, não deixe de reparar nas belíssimas portas cercadas de gatos de rua e de fazer uma pequena pausa num salão de chá. Estes salões são o ponto de encontro entre tunisinos e, tradicionalmente, servem o chá de pinhões ou de hortelã-pimenta, café e a chicha. Não é comum ver-se mulheres, para além das turistas, nestes cafés mas a sua presença é bem aceite. Aliás, entre os países do Magrebe, a Tunísia é pioneiro na emancipação feminina. Durante a nossa visita cruzámo-nos, tanto com mulheres com o véu muçulmano, como com roupas ocidentais, mulheres polícia e, na estrada, condutoras.
Fora da cidade, na Ville Nouvelle, construída pelos franceses no século XX, o Museu do Bardo, ao lado do Parlamento Tunisino, é local de passagem obrigatória para os amantes de Arte. Instalado numa antiga residência real, o Museu reúne uma importante coleção de mosaicos romanos e antiguidades da Grécia Antiga. Da coleção destacam-se obras como “O Triunfo de Neptuno”, “O Busto de Afrodite”, o “Hérmaion d’ El Guettar” e o mosaico “Virgílio”. O Museu do Bardo é um dos mais importantes de África.
Nos arredores de Tunes situam-se também as ruínas de Cartago. De La Marsa até Sidi Bou Said são quilómetros de fragmentos que contam a história da passagem dos romanos pelo país. Na antiguidade, Cartago era uma grande potência e disputou com o Império Romano o controlo do Mar Mediterrâneo. Este desafio originou anos de guerras que acabaram por destruir a cidade dando vitória a Roma.
Seguimos viagem e, a cerca de 20km de Tunes, rendemo-nos à beleza de Sidi Bou Said. A pequena vila, situada numa falésia sobre o Mediterrâneo, é um autêntico poema à beira-mar escrito por dezenas de casas tradicionais pintadas de azul e branco. Não é à toa que esta vila boémia inspirou, outrora, artistas, filósofos e músicos. Em Sidi Bou Said perca-se na calma das ruelas, aprecie os trabalhos de cerâmica expostos pelos artesãos e não deixe de fazer uma pausa no Café des Delices para contemplar a paisagem, digna de um postal de férias.
Rumo ao Sul, na cidade de El Jem, está situado um dos maiores anfiteatros do Império Romano, a seguir ao Coliseu de Roma. Declarado pela Unesco como Património Mundial, o Anfiteatro de El Jem é um impressionante testemunho da passagem do Império Romano pelo país, que surpreende pelo excelente estado de conservação. O anfiteatro foi construído no século III, sob o nome de Thysdrus Coliseum. Na altura, a cidade de Thysdrus era a segunda mais importante depois de Cartago e combateu ao lado do Império Romano, fazendo com que obtivesse a condição de cidade livre depois da derrota de Cartago. Chegou a ser uma colónia romana e uma das cidades mais ricas de África. Atualmente, é uma das principais atrações turísticas da Tunísia e o bairro mais luxuoso do país, albergando o palácio presidencial.
Tunísia: O Tesouro do Mediterrâneo – Parte 2
Djerba: A Ilha de Ulisses
É conhecida como a Ilha de Ulisses por, segundo a lenda, ter inspirado Homero na criação da famosa “Odisseia”. Djerba, bastante procurada pelos turistas, situa-se no sul do país, no Golfo de Galés, e tem um clima mais quente. É o destino ideal para quem procura, não só relaxar nas praias de água quente, mas também conhecer a cultura e tradições locais.
Existem três formas de chegar à ilha: de avião (a Tunisair disponibiliza um voo de ligação entre Tunes e Djerba); pela estrada romana ou de ferryboat. Optámos pela terceira opção, numa viagem que durou menos de trinta minutos.
Já em terra, que tem como fundo as águas cristalinas do Mediterrâneo, por entre as palmeiras, deparamo-nos com vários menzel, as casas típicas da região cercadas de pomares e pequenas hortas. Apesar de estar habituada a receber turistas, Djerba mantém as suas tradições e costumes bem enraizados. Ao visitarmos a ilha atravessamos o quotidiano dos seus habitantes: vemos as crianças a saírem da escola, os homens reunidos nos salões de chá, e as senhoras, de chapéu de palha na cabeça, que empregam a indumentária tradicional da região.
Nos arredores da capital, em Erriadh, podemos encontrar os vestígios da influência judaica na Tunísia. Lá, é possível visitar a sinagoga de Ghriba, que possui uma das toras mais antigas do mundo e que, todos os anos, recebe uma peregrinação que atrai milhares de judeus oriundos de vários países. A pouco mais de um quilómetro, outro ponto de interesse é a aldeia que alberga o projeto Djerbahood, um museu a céu aberto de arte urbana que reúne trabalhos de artistas de várias nacionalidades. O local, autêntico e tradicional, tornou-se, desde 2014, num espaço de expressão artística que merece ser visitado.
Seguimos para o Museu de Guellala. Dedicado às artes e tradições populares de Djerba, é um dos maiores espaços culturais da Tunísia. Situa-se na colina mais alta da ilha, oferecendo uma vista da aldeia, num edifício inspirado na arquitetura das casas menzel, com um anexo que simula uma Mesquita. O museu alberga uma série de pavilhões que, através de vestuário, objetos, e figuras, representam as festas, tradições, artesanato, costumes e lendas de Djerba e da Tunísia.
Ao falarmos de Djerba não podemos deixar de referir as apetecíveis praias de águas quentes e cristalinas, ideais para relaxar, apanhar sol e usufruir de um passeio de dromedário à beira-mar. As praias mais populares são as de Sidi Mahrez, Rass Taguerness e a Praia de Seguia. A Ilha dos Flamingos é outra opção. A excursão, a bordo de um barco pirata com animação, inclui um almoço na ilha, onde pode degustar do peixe da região e do tradicional brick. Na época fria, poderá ver os flamingos cor-de-rosa que hibernam naquela belíssima área virgem de Djerba.
De mãos dadas com o Mediterrâneo, a Tunísia oferece vários tesouros prontos a serem descobertos: um clima apetecível, praias encantadoras, histórias, aromas e tradições fascinantes, gentes que sabem receber, e o deserto mesmo ao lado. O turismo do país foi afetado pelos ataques terroristas do ano passado mas, aos poucos, retoma a normalidade e volta a receber visitantes. A segurança foi reforçada nos hotéis, museus, aeroportos, no mar e nas estradas. A Tunísia é um pequeno paraíso à espera de turistas.
Informações Práticas:
Viagem: A viagem de avião dura cerca de três horas em voo direto pela Tunisair.
Segundas e sábados (até 29 de outubro de 2016)
Lisboa – Tunes, 19h20 – 22h00
Tunes – Lisboa, 15h35 – 18h30
Quartas-feiras (até 21 de setembro de 2016)
Lisboa – Tunes, 19h05 – 21h50
Tunes – Lisboa, 15h20 – 18h15
Moeda: Dinar Tunisino (1 euro corresponde, aproximadamente, a 2 dinares). Apenas é permitido cambiar euros dentro do país. Poderá fazê-lo com facilidade no aeroporto ou nos hotéis. Existem máquinas multibanco nas cidades. Quando cambiar o dinheiro, não se esqueça de guardar o comprovativo. Sem ele, não poderá trocar Dinares por Euros quando sair do país.
Língua: Árabe (oficial) e Francês
Vacinas: Não são necessárias vacinas especiais. Recomenda-se apenas o consumo de água engarrafada.
Formalidades de entrada e saída: Passaporte em vigor. Os países pertencentes à União Europeia estão isentos de visto. É necessário um selo de saída com o custo de 30 Dinares tunisinos que poderá ser adquirido nos hotéis, agências de viagens, portos, aeroportos, entre outros. Durante o voo e na chegada ao hotel ser-lhe-á solicitado o preenchimento de um pequeno papel com os seus dados.
*O C&H viajou a convite da Travelers, da Tunisair e do Turismo da Tunísia.