A 19ª edição do Super Bock Super Rock voltou a animar a Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco, no fim-de-semana de 18 a 20 de julho. Pelo recinto, este ano muito melhorado e mais organizado, passaram cerca de 30 000 festivaleiros por dia (segundo a organização entre 27 no primeiro e 30 000 nos restantes), numa edição que agradou bastante a quem por lá passou e cumpriu as expectativas, deixando a fasquia a nível de bandas muito elevada para o 20º aniversário. O C&H esteve lá e deixa-lhe aqui um registo do que viu.
Primeiro dia de Super Bock Super Rock, comentamos entre nós “Vamos cedo por causa do trânsito”, em vão, demoramos 40 minutos a chegar ao recinto, é o que podemos dizer “aprender com os erros” mas este ano podíamos ir e vir sem filas interminaveis e sem perder, sequer, algum concerto.
Chegámos ao recinto a tempo e horas, prontos para dar um olhinho ao “nosso baterista” Kálu que veio abrir o palco EDP e ainda ir espreitar os recentes Trespocento, à mesma hora na tenda Antena 3@ Meco. Ambos ainda com a casa a meio gás, mas sabiamos que ali estavam os fãs fieis, os que queriam mesmo chegar a tempo e horas para os ver.
O palco Super Bock (o principal) estava guardado para abrir com as portuguesas “Anarchiks”, meninas mulheres com o metal dentro do corpo prontas para meter tudo a mexer, infelizmente, sem muito sucesso, talvez por ainda serem uma banda desconhecida entre o meio.
E numa corrida fomos ver a entrada de “Owen Pallet” no EDP, o amigo ocasional dos Arcade Fire já conta, no nosso cantinho, com uma pequena legião de fãs, mas garantidamente, não eram estes, vimos um concerto com grupos ainda em histeria por estarem no SBSR e não pelo artista. Mas isso não abalou o canadiano, e deu tudo. Com a imagem de marca do seu violino, pegou em temas como “Lewis Takes Off His Shirt” mostrando o seu lado multifacetado quando pegou em “Tryst with Mephistopheles”.
Esperamos um pouco e entraram os “Efterklang”, no seu estilo menos festivaleiros, entraram determinados em conquistar o público com conversa, mas o que se ouvia de fundo era “Toquem!”, os fãs queriam-nos, de facto, mas para os ouvir. São queridos, por cá, encheram o São Jorge em dezembro, e tinham uma plateia composta. Estes dinamarqueses, deram a volta, com temas como “Hollow Mountain”, “The Ghost”, “Black Summer” e fecharam com a tão aguardada “Modern Drift”.
Resolvemos ficar mais um pouco, estávamos curiosos pelos londrinos TOY. “Estupidamente apaixonaaaaaaaaaaaado”, ouvia-se, mas não, não era esse Toy. TOY eram aguardados por uma plateia cheia de expectativas e eles não se rogaram. Pegaram no público e deram-lhes exactamente o que era pretendido, um senhor concerto, desde o single “Left Behind Me” a “Motoring”, a fechar com “Dead & Gone”.
Correria, Arctic Monkeys iam dar cartas, e oh se deram. Passaram da banda que não fazia encores, com miudos timidos a uns senhores do palco. Alex Turner, dono da voz de AM, trocou o cabelo desgrenhado pela brilhantina e o estilo rock’a billy, que lhe assenta que nem uma luva. Nem precisou de dizer boa noite para nos primeiros acordes o público estar totalmente rendido e entregue. Também, com um single destes não precisam de muito mais, “Do I Wanna Know” foi cantada em coro do início ao fim e sem paragens entrou a eletrizante “BrianStrom” e a partir daqui, os Arctic Monkeys tinham um novo amor a seus pés. Não se via viva alma descontente, todos estavam em sintonia, e todas as músicas eram celebradas e cantadas de alma e coroção, por nós e por eles. Tocaram temas como “R U Mine”, “Do Me a Favour”, “Crying Lighting”, “Don’t Sit Down ‘Cause I’ve Moved Your Chair”, e só uma banda com esta cumplicidade com o público, pode voltar para o encore e fechar com “505”. “Foi perfeito”, ouvia-se na multidão. Sim, foi, voltamos amanhã.
Ao segundo dia, já avistámos um recinto mais cheio, novamente sem qualquer confusão para chegarmos.
Tínhamos Black Rebel Motorcicle Club a abrir o palco Super Bock, “ninguém põe BRMC a tocar a esta hora, por amor de Deus”, era o que se ouvia por diversas bocas, e nós concordámos, tendo em conta que, neste dia muitos vieram ao Meco especialmente para ver estes californianos. Fiéis ao seu rock ‘n roll, sem nunca desviar caminho á procura de popularidade, conquistaram um público deveras fiel, esgotaram a Aula Magna e lá estavam, provavelmente muitos fãs que estiveram nesse mesmo concerto a aguardá-los ansiosamente. E os BRMC não se fizeram rogados e fizeram o que melhor sabem, pegar nos instrumentos e fazer música. Aplaudidos do início ao fim, com histeria, gritos, pulos, moches, provaram que são uma banda para voltar, noutra hora, claro está. Passaram por “Beat the Devil’s Tattoo”, “Rival”, “Ain’t No Easy Way” e foram uns senhores.
Ficámos para o próximo, era Mike Patton que vinha liderar os “Tomahawk”, tínhamos de ver em que forma se apresentavam. E vimos e aplaudimos. Estão vivos desde 2000 e prontos para durar e perdurar, lá garra não lhes falta, nenhuma, mesmo. Tivemos direito a temas recentes, como “South Paw” ou “I.O.U” e do antigamente brindaram-nos com “God Hates a Coward” e “Laredo”.
Kaiser Chiefs entraram de rompante de seguida e aqueceram o público para os cabeça de cartaz “The Killers”. Kaiser Chiefs vêm armados com um senhor vocalista que parece que nasceu para estar em palco, sabe sempre o que dizer e o que fazer para ter os olhos todos virados na sua direcção. Esta banda de Leeds, chegou viu e venceu desde o início com “Everyday I Love You Less and Less” e passa por “Na NA NA Na Naa” e dedicam “Modern Way” aos Killers e o pó no ar alastra-se com “I Predict a Riot” e o público estava pronto para o já falado espectaculo dos Killers.
Com gritos e palmas lá vinham eles, encher as luzes da ribalta, e “Somebody Told Me” abriu as hostes e partir daqui o pó escondeu as milhares de pessoas ali entregues ao momento. “Smile Like You Mean it” balançou a multidão, o brinde do cover da “ShadowPlay” ensurdeceu o recinto e o fecho com a “Mr Brightside” foi a cereja no topo do bolo.
Prontos para o último dia, com o nervoso miudinho para ver Queens of the Stone Age, lá nos fizemos à estrada, novamente sem problemas em chegar.
Passamos pelos dinossauros “Tara Perdida” para nos relembrar a adolescência, e estes senhores ainda estão muito em forma, João Ribas não se coíbe de largar o punk rock para uma plateia já composta. Tocaram temas como “Jogar de Novo e Arriscar” e até crowsurfing tiveram direito, passarm também por “Batata Frita” e terminaram com “Desalinho”.
Num recinto já muito cheio, passamos ao palco principal, Gary Clark Jr era um dos musicos mais esperados, com uma plateia já apertada mostrou-se digno daquela multidão. “Que guitarradas!”, ouvia-se. Pois é, este menino veio cantar e encantar, miudas a suspirar e rock em tons de blues. Um mistura que resulta em grande, o Texas criou um senhor do blues. Ouvia-se “Things Are Changin” e “Please Come Home” e a já conhecida “I don’t owe you a thing” cantada em coro.
Findo o concerto, começa o burburinho e todas as movimentções possíveis para perto do palco, “É o Josh Homme!”, o momento esperado ia acontecer.
E a loucura instalou-se, os QOTSA entraram para pôr o mundo em fernesim, e conseguiram. Abriram o mundo da loucura com “You think i ain’t worth a dollar but i feel like a millionaire” para o terminar exactamente da mesma forma com “A Song for the Dead. Do início ao fim, moches, cantigas cantadas em coro, mãos no ar, gritos, aplausos, o público era de facto deles. Vieram de album novo na algibeira “…Like Clockwork”, mas foram as músicas dos álbuns anteriores que mexeram a multidão. Ninguém ficou indiferente à “Make it with Chu”, “Little Sister”, o “Sick Sick Sick” e a tão aclamada “No one Knows”, mas o momento da noite estava para chegar, tocam a “Feel Good Hit of the Summer” e podia acabar o mundo. Obrigada QOTSA.
E para o ano, contamos com mais, para uma edição de aniversário muito especial.
Reportagem de Patrícia Vistas Fotografias de Rui Antunes Valido gentilmente cedidas pela UNICER e de Rui Feio – Restart para a organização / Música no Coração