Juntámo-nos à noite de reunião das “irmãs, viúvas, independentes, bem conservadas e com boas maneiras”. Estamos em 1956, na América conservadora, de retrato familiar, em que as donas de casa têm um comportamento exemplar. Ou não. E no limite, a ameaça de um atentado nuclear faz descair a pose e revelar toda a verdade. 5 Lésbicas e Uma Quiche é a mais recente estreia da Yellow Star Company e a garantia de uma boa comédia. Para despir de preconceitos!
A América atravessa a tensão de uma Guerra Fria mas, para estas mulheres, o ponto alto de excitação é o Encontro Anual para Eleição de Quiches. Cedo percebemos que a conversa não é sobre quiches nem ovos – a matéria prima essencial – mas sobre outros desejos, recalcados e ocultos da sociedade. A linguagem corporal das personagens vai-nos encaminhando para revelações surpreendentes, como se a verdadeira bomba fosse largada dentro da sala e não no exterior.
“Nada de homens! Nada de carne! Só boas maneiras” é o lema destas cinco donas de casa, repetido vezes sem conta ao longo da peça. Uma espécie de mantra na caminhada para uma libertação, que acaba por ser partilhada com todo o público. Anabela Teixeira, Joana Câncio, Leonor Seixas, Paula Neves e Teresa Tavares são as atrizes que dão corpo a estas senhoras repletas de segredos e vontade de “sair do armário”.
5 Lésbicas e uma Quiche é baseada num texto original de Evan Linder e Andrew Hobgood e tem encenação de Paulo Sousa Costa. “É uma metáfora muito atual” comentou o encenador, “É preciso uma bomba atómica para elas se assumirem”. Apesar do título bastante explícito, o tema é tratado com todo o respeito e com muito humor, envolvendo constantemente o público.
A peça encontra-se em cena no Teatro Armando Cortez em Lisboa, e pode ser vista de quinta-feira a sábado, às 21h30, e domingos às 18h00. Os bilhetes custam entre 15 e 18 euros e estão à venda no local e online.