A História De Portugal Contada Pelos Vilões, da editora Desassossego, é o mais recente livro do jornalista Filipe Luís, editor Executivo da revista Visão, um apaixonado pela História.
E se a História de Portugal fosse contada pelos maus da fita? Neste livro o autor dá voz a 12 dos mais infames malfeitores da nossa História, os “vilões”, procurando reconstituir o que seria a sua versão dos acontecimentos de que foram protagonistas, para se defenderem. A maior parte deles confessa os seus pecados, mas dão-nos o contexto e a razão pelo sucedido.
O resultado é um híbrido entre o romance histórico e o relato rigoroso historiográfico com mais de 900 anos, entre 1080, data de nascimento da primeira personagem do livro (D. Teresa de Leão), e 1993, data da morte da última personagem – Casimiro Monteiro.
Este não é um livro de História, mas um livro sobre a História, através de um olhar absolutamente original.
Estivemos à conversa com o autor. E eis o que descobrimos sobre o outro lado da História de Portugal.
C&H: O que o levou a escrever este livro?
Filipe Luís: A paixão pela História. E o facto de sentir que o público podia estar interessado em ter um olhar diferente sobre acontecimentos históricos de cujo relato temos, sobretudo, a versão dos vencedores.
C&H: Acha que a Historia pode ser vista através de vilões?
Filipe Luís: Claro que sim, tanto como é vista pelo lado dos heróis. Na verdade, não existem exatamente nem heróis, nem vilões, mas acontecimentos e factos que tiveram protagonistas. Esse juízo de valor é feito, sobretudo, pelo imaginário popular. E o livro demonstra que algumas ideias feitas podem ser desmontadas – e os factos podem ter várias versões diferentes. E é do confronto dessas versões que podemos tirar uma conclusão mais informada.
C&H: Porque escolheu estas 12 personagens?
Filipe Luís: Precisava de ter um número redondo. Uma dúzia é um bom número. Depois, precisava de atravessar várias épocas, da fundação da nacionalidade ao século XX. E precisava de ter homens e mulheres. Por outro lado, precisava de alguns nomes menos óbvios e menos conhecidos. Nos 12, estão dois ou três que cumprem este requisito e que podem surpreender muito o leitor. Depois, mesmo que não sejam vilões absolutos – e um ou outro até ficou na História por bons motivos… – têm de ter cometido algum tipo de vilania, ou, pelo menos, percecionada como tal, pelos seus vindouros. Finalmente, precisava de contar 12 boas histórias, histórias que fossem excecionais. E assim se chegou ao «casting»…
C&H: Qual das personagens gostou mais?
Filipe Luís: Tenho várias favoritas. Gostei bastante de D. Leonor Teles, de D. Afonso IV, de Filipe I de Portugal (talvez devesse ter antes falado de Filipe III, mas há justificações, até de época histórica, para ter escolhido o primeiro dos Filipes), de D. Carlota Joaquina e, sobretudo, do Alves dos Reis. Dos antigos, o favorito foi D. Afonso IV. Dos mais recentes, Alves dos Reis.
C&H: O que seria da História de Portugal sem estas personagens?
Filipe Luís: Sem vilões, sem o mito do vilão, seria mais difícil termos heróis, ou o mito do herói. Sem estas personagens, a História seria diferente – mas de certeza que haveria outras para lhes tomar o lugar…
Uma perspectiva e forma diferente de aprender um pouco sobre a História de Portugal e as suas personagens.
O livro, de capa mole, tem 288 páginas e está à venda por 17,70 euros.