Verde, laranja, vermelho, branco, roxo ou azul, a fruta representa um vasto espetro não só de cores, aromas e sabores, mas principalmente de nutrientes. De facto, o consumo de fruta, enquadrado num estilo de vida saudável, garante o aporte de nutrientes reguladores, tais como vitaminas, minerais, fibra e fitoquímicos que, não sendo propriamente nutrientes, são substâncias essenciais para a saúde. Destaque-se ainda o conteúdo em água que contribui para o correto estado de hidratação.
Quanto ao consumo diário, a Roda da Alimentação Mediterrânica recomenda 3 a 5 peças de fruta (160 g), devendo as crianças de 1 a 3 anos guiar-se pelos limites inferiores, os homens e rapazes adolescentes pelos limites superiores e os restantes pelos valores intermédios. Atendendo à versatilidade da fruta, esta pode integrar qualquer momento do dia alimentar, no entanto aconselha-se o seu consumo à sobremesa e nos intervalos das refeições. Desta forma, os alimentos doces devem ser reservados para os momentos de festa e o iogurte para as refeições intercalares ou ao pequeno-almoço.
Note-se que, apesar do contributo nutricional e das agradáveis características sensoriais da fruta, são muitos os pais que têm algumas dificuldades em manter o consumo regular de fruta pelos filhos. Na verdade, é à mesa que surgem alguns dos primeiros desafios dos pais devido às recusas alimentares da criança. No que respeita à fruta, é importante mostrar que esta é um aliado importante para as crianças dedicarem mais tempo às brincadeiras e menos às doenças, tendo em conta o carácter protetor que a fruta oferece devido à presença de vitaminas, minerais e fitoquímicos. Além disso, o teor em fibra da fruta favorece o aumento da sensação de saciedade, controlando o apetite.
Deste modo, os pais devem estimular novas tentativas de consumo de fruta pelas crianças e inovar a forma de apresentação das frutas, principalmente quando estas não são bem aceites nas primeiras experiências. Só, após vários contactos da criança com a fruta, sob as mais distintas formas de preparação (p.ex.: descascada, em pedaços, com formatos), é que os pais podem ceder e respeitar as preferências da criança. Porém, o primeiro exemplo é a família! Por isso, durante a estruturação dos hábitos alimentares dos filhos é fundamental que os comportamentos alimentares dos pais sejam consistentes com as mensagens transmitidas. Como tal, os pais não devem omitir o consumo in natura da fruta, optando preferencialmente por fruta da época e da proximidade pelas suas vantagens nutricionais, organoléticas e ambientais.
A par destas estratégias, cultivar ou visitar uma horta/pomar pode ser uma forma de incentivar o consumo de fruta, uma vez que as crianças experimentam, memorizam e conhecem as frutas, podendo aceitar com maior facilidade as mesmas. Para além da horta/pomar, ir com as crianças aos mercados tradicionais também possibilita que estas contactem diretamente com a fruta e possam ser criadas dinâmicas que estimulem o consumo de fruta (p.ex.: escolher a fruta que querem experimentar). Paralelamente, envolver as crianças na cozinha, permitindo que ajudem a preparar a fruta, incita a que elas a consumam.
Portanto, acompanhar de perto os hábitos e as escolhas alimentares dos filhos, permite assegurar que a alimentação saudável, onde se inclui o consumo de fruta, é uma rotina diária. Pode, todavia, ser uma tarefa difícil transmitir conceitos sobre educação alimentar e, por isso, é essencial procurar a ajuda de um profissional de saúde como o nutricionista, o qual poderá ajudar os pais a adotarem um estilo de vida saudável.
Assim, pelos benefícios nutricionais que a fruta oferece inclua-a, todos os dias, na alimentação das crianças e de toda a família. Deixem-se frutificar!
Texto da autoria de Teresa Carvalho da APN -Nutricionista, licenciada em Ciências da Nutrição pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa (ESB-UCP).
Mestrado em Biotecnologia e Inovação pela ESB-UCP. Pós-graduação em Inovação Alimentar pela ESB-UCP. Pós-graduação em Nutrição Pediátrica pela ESB-UCP. Bolseira de investigação no Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) (2015). Desde 2016, assessora técnica da Associação Portuguesa de Nutrição (APN). Membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas.