Por Sara Rodrigues
A Jóia de Medina é o primeiro romance da jornalista Sherry Jones e conta a vida de A’isha bint Abi Bakr, uma das mulheres mais importantes do mundo Islâmico devido ao seu estatuto enquanto conselheira e esposa preferida de Maomé.
Filha de um mercador rico de Meca, A’isha casou com o Profeta com nove anos de idade, tendo sido a terceira de treze mulheres. Numa época associada ao início do Islão, a Arábia do século VII surge como um mundo adverso às mulheres, de tradições cruéis e de perseguições religiosas.
Contudo, segundo a autora, A’isha, possuidora de um espírito firme, combativo, mas também de alguma ingenuidade e impulsividade, tenta lutar pelo seu próprio destino nem que para isso tenha de desembainhar a sua espada, defendendo-se de acusações de adultério e de possíveis atentados contra a sua honra por parte de opositores políticos e religiosos de Maomé.
Podemos assim assistir em A Jóia de Medina ao desenrolar da vida romanceada de A’isha descrita na primeira pessoa, desde a sua batalha contínua de afirmação na comunidade e no harém composto por esposas-irmãs ciumentas, à forma como desenvolve o seu amor por Maomé.
Contudo, apesar de A Jóia de Medina ser, sobretudo, a história de A’isha, é, paralelamente, a de Maomé, sendo possível observar o Profeta como um homem de carácter ambicioso e corajoso, mas com um lado carinhoso, generoso e respeitador das mulheres.
A Jóia de Medina é um livro polémico pela sua interpretação livre daquilo que terá sido a vida de A’isha e, consequentemente, de Maomé, sendo uma história de amor e de guerra, com uma forte componente sexual e que explora a vida íntima do Profeta, não deixando de ser, de algum modo, criativa e, ao mesmo tempo, informativa, impelindo-nos a ler continuamente até ao final.
Uma edição da Casa das Letras, chancela da Oficina do Livro.
Na verdade esperava muito mais deste romance. A acção começa na infância e desenrola-se maioritariamente na adolescência de A´isha. A ideia que tenta passar é que A´isha com 13/14 anos controla (ou tenta controlar) o harém tendo por base o seu mau génio e o seu jeito inato de se meter em encrencas supostamente para defender Maomé. Tudo isto quando se encontra rodeada de mulheres (umas 7 ou 8) todas elas mais velhas e vividas que ela. Ou seja, trata-se de um argumento inverosímel que resulta num romance maçudo.