Abbath, Hellripper E Toxic Holocaust: Uma Noite De Pura Adrenalina No Universo Do Metal

Reportagem de Diana Silva e Tiago Silva

Abbath
Abbath

Há entidades que apelam a uma larga multidão no universo do metal. Na noite de 13 de Janeiro, num RCA completamente esgotado, recebemos uma dessas entidades. O enorme Abbath regressou a Portugal e trazia dois grandes nomes com ele: Toxic Holocaust e Hellripper.

Um fila enorme esperava à porta de um RCA, debaixo de chuva e frio, fazia total sentido para o concerto em causa.

Assim que entrámos, na área de merchandising, encontramos James McBain a vender t-shirts.

O músico escocês é a verdadeira personificação do espírito DIY, a vender t-shirts minutos antes de subir a palco para iniciar o que seria uma noite memorável.

Compõe e toca tudo, já tem 3 discos lançados de um blackened speed metal com muito rock n’ roll, que é completamente infecioso, cortante e furioso.

Com os primeiros acordes de “Vampires Grave” o mosh começou. Frenético como a música, era impossível para o pessoal estar parado. Seguiu-se mais velocidade, mais fúria, “Hell rock n rol”, “Nekroslut” dedicada ao baixista, Bastard of Hades. Ninguém estava parado e o caos chegou ao palco.

Foi preciso pedir para que evitassem cair em cima do equipamento e os seguranças tiveram muito trabalho.

No meio disto, um surpreso McBain agradecia a entrega, dizia que já andavam nesta tour há uma semana e éramos os maiores malucos que ele já tinha tido e estava a adorar.

Daqui a anos vamos poder dizer que estivemos lá quando eles cá passaram pela primeira vez. Não dão sinais de abrandamento e ao terceiro disco o futuro parece risonho para este escocês super empenhado na sua arte.

Nuckelavee foi um momento alto, a preparar a gritaria que foi “all hail the goat”, em uníssono com o RCA todo.

No final ainda tivemos direito a crowd surfing do McBain enquanto tocava “Headless Angels”

Um muito bom som, sem grande jogo de luzes, simples, direto, cru e brutal. As outras bandas deviam estar a pensar como é que iriam ultrapassar isto.

Os Toxic Holocaust entraram às 21h30.

Uma banda com 20 anos de história, criada por Joel Grind, que como McBain, começou por fazer tudo sozinho até começar a integrar outros elementos.

Com uma carreira sólida e com seis discos lançados, a expectativa era grande. Havia muitas t-shirts e o público aglomerava-se à frente do palco.

“The Bitch” aproveitou a adrenalina que ainda se tinha dos Hellripper e conseguiram criar um circle pit de respeito.

Sabiam que tinham que dar o litro, Joel Grind vem para cima do público para puxar mais pelo pessoal.

“Gravelord”, “War is Hell”, “Wild Dogs” e “Nuke the cross” foram pontos altos.

Uma atuação com música tão rápida que passou de repente, quando acabou a sensação era de que ainda íamos a meio, soube a pouco esta meia horas para os fãs.

A seguir tínhamos a estrela da noite: Abbath.

O homem que trouxe comédia ao Black Metal, só isso já era uma grande obra, mas é muito mais que isso. Criador do crab walk, imitado por muitos mas nunca copiado, não há como ele.

Ao leme dos Immortal, juntamente com Demonaz, criou uma das mais bem sucedidas bandas de black metal da história. Com riffs cortantes como o gelo que permeia todas as suas canções, mas, para o género, melódicos. “In the heart of winter”, “Battles in the north” e “Sons of northern darkness” cimentaram os Immortal no bastião infernal do metal mais negro.

Em 2015, para espanto do mundo, saiu dos Immortal.

É impossível não comparar as duas fases da carreira, com material tão excelente criado nos Immortal, é fácil dizer que a sua produção a solo é inferior, mas por pouco.

O “Between two worlds”, que lançou como I, tem o seu som de marca com uma muito bem vinda dose de rock n’ roll. Brilhante disco que deve ser ouvido.

“Abbath”, disco homónimo, viu o brilho da neve em 2016. Seguiu-se “Outstrider” em 2019 com muita turbulência associada na criação do disco.

O futuro tremeu no mesmo ano, quando, na Argentina, teve aquilo que só podemos identificar como burnout. Recuperado e sóbrio regressou em 2022 com “Dread Reaver”.

Se existir panteão do Metal, sem dúvida que o Abbath tem que lá figurar, é daquelas figuras transversais ao universo do metal.

A ovação da entrada deu lugar a “Hecate”, depois do turbilhão que foram os outros concertos o público estava estranhamente calmo, mantendo um headbanging constante, mas sem mosh.

Acid Haze pôs o circle pit a mexer e acelerou com “Ashes of the Damned”.

Um palco com mais jogo de luz e muito fumo, no meio, a figura de Abbath com a sua armadura preta, longos cabelos e a corpse paint mais famosa do metal.

Vai-se chegando ao público e falando entre canções, sentimos falta do Crab Walk.

Claramente, o público, apesar de vibrar com as canções de Abbath, tem um grande carinho aos Immortal. Sempre que lá foi buscar canções foram pontos altos do espetáculo. “Rise of Darkness”, “In my kingdom cold” e a enorme “One By one” foram momentos em que se sentiu uma clara união do público em torno das canções.

Em “Artifex” o som foi todo abaixo. Após recuperar lá fez uma entrada à Abbath, em Crab Walk.

Voltaram para tocar a brutal “One By One”.

“Winterbane” e “Endless” terminaram um concerto de um grande artista.

Sem dúvida que o concerto do Abbath foi bom, apesar da falha do som, faltou talvez mais comunicação com o público.

No final, Hellripper foi a atuação da noite. Esperemos que voltem todos a este pedaço de terra!

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