O Festival Alive arrancou no seu terceiro dia com o recinto já mais livre. O regresso dos The Libertines não parece ter convencido. Sem um nome forte capaz de atrair novo público, foram os detentores de pulseira de acesso aos três dias que por aqui ficaram a descobrir novas sonoridades e bandas que se começam a destacar no meio. Desilusão para o final abrupto do concerto dos Bastille que, face a falhas de som, “abandonaram o barco” sem levar todo o carinho do público que conquistaram durante a boa apresentação.
O Passeio Marítimo de Algés encontrava-se, no sábado, ocupado por festivaleiros descontraídos, a sentirem-se acolhidos, familiarizados com aquele espaço em que se sentem felizes, rodeados de som, sol e algum vento!
O sol reflete no Palco Heineken ao som de uma batida subtil de Cass McCombs, um público a resguardar a energia, mas as guitarras obrigaram a um embalar para o aquecimento de um dia que começa.
No palco Clubbing o sol alto não quebrou o ambiente sinistro que os Drenge impuseram com as suas guitarras a ripar e uma batida assustadora e estridente. Os fiéis a este palco dançaram ao som destes dois manos que fizeram justiça à sua experiência por vários festivais.
A soul esperava-se no palco NOS com The Black Mamba. Para os amantes de blues, soul e funk estes senhores são profissionais e mestres no ofício. A sintonia entre os 3 elementos é notória, não esquecendo trompete, saxofone e back vocals que deram a energia e encanto. A destacar a companhia de Aurea, no tema “Wonder Why”, que irradiou talento a acompanhar o grupo português.
O palco Heineken reinou neste terceiro dia de festival – The War on Drugs, encantaram os festivaleiros que contactaram com estes rapazes americanos do indie rock. Para os fãs “Under the pressure” arrancou gritos e as vozes em uníssono seguindo embalados pela ligação do grupo. A distração a meio do concerto veio dos céus, com as avionetas na NOS a fazer acrobacias junto ao recinto.
Sem arredar pé deste palco, Unknown Mortal Orchestra foram o trio maravilha que nos permitiu viajar para a sonoridade dos fins dos anos 70. O stereo, a voz psicadélica, reflete a criatividades deste unknowned Ruban Nielson.
A aguardar no Palco NOS por Bastille. Foi obrigatório dançar, abanar, pular, abraçar, ao som deste fresco indie rock, alegre, inspirador e positivo. Entraram com a banda sonora de Twin Peaks, para logo o som começar a rasgar com “Bad Blood”. Seguiram-se “Laura Palmer”, “No angels” e “Things We Lost in the fire”. Duas covers que fizeram as delícias do público, com destaque para a bem conseguida “Of the night”. A fechar com a esperada “Pompeii” que infelizmente não foi ouvida pelo público dado o corte de som que ocorreu em grande parte da música, eliminando a qualidade de um fecho de concerto em grande satisfação. No entanto, Dan Smith foi um rapaz simpático, que assumiu não ser “bom dançarino”, mas diplomático tendo agarrado algum do público com cariz futebolístico. Este pop dançável do quarteto british foi sem dúvida um dos grandes concertos da noite.
Seguiram-se os Foster the People com um pop simpático e competente. O aquecimento deu-se com “Pumped Up Kicks”.
Para os que pretenderam descansar do pop do Palco NOS ,a destacar Cherub no Clubing para dançar ao som de electro pop ou larga animação com Luís Filipe Borges no Comedy Stage. Esteve imparável no contacto com o público, num discurso pouco direto, culto e pensado como só ele!
Daughter foi um dos pontos altos da noite. Uma música que resolve e envolve estados de espírito. As vozes desta dupla não deixaram ninguém indiferente. A afeição do público foi uma certeza. O que pode em alguns momentos parecer monótono, a voz de Elena não permite.
Num contraste seguiram-se Paus, que não fizeram em momento algum arredar público do palco do dia. De “ponto e mola” arrancaram aplausos, gritos, coro e cansaram… roubando plateia a The Libertines. Estes famosos boys do Reino Unido não reuniram consenso para cabeça de cartaz deste último dia. O público animou com “Boys In The Band” e “Can’t Stand Me Now”, mas sem dúvida que a fraca plateia esfriou o entusiasmo destes rapazes do indie rock.
A vibrar, apesar da hora avançada , Chet Faker com uma figura intrigante, de camisa bem direitinha, o seu ar tímido foi vencido por um público efusivo, entusiasta, que ecoou a sua sonoridade fazendo com que uma guitarra, uma bateria e mesa de som enchessem um recinto. Este foi sem dúvida o concerto de fecho de um festival com tudo, para todos, que enche e esvazia baterias, carrega almas e corações amantes de música. As saudades já se fazem sentir e todos os que passaram pelos palcos, com mais links, likes, discos, programas ou canais são sempre mais e melhor em cima de um palco. A organização já avançou as datas para 2016. O Festival Alive regressa em 2015, nos dias 9, 10 e 11 de julho.
Reportagem de Miguel Quesada (fotografia), Marina Costa e Tânia Fernandes (texto)