Os Amor Electro rumaram ao Algarve para dois concertos inseridos no 8º Festival Caixa Geral de Depósitos. O primeiro no dia 9, em Tavira, no jardim do Palácio da Galeria, foi um concerto solidário onde metade do valor do bilhete de entrada reverteu para instituições de solidariedade; o segundo no dia 10, na praia do Carvoeiro em Lagoa, com entrada livre.
Mas o que tornou estes espetáculos especiais não foi só o facto de serem solidários ou de entrada livre: foram concertos únicos, em que o projeto de Marisa Liz (Voz), Tiago Pais Dias (Multi-Instrumentista e Produção), Ricardo Vasconcelos (Teclas) e Rui Rechena (baixo) foi acompanhado, em palco, pela Orquestra do Algarve (OA), dirigida pelo maestro Cesário Costa, numa simbiose improvável, mas perfeita.
O concerto de Tavira foi um grande espetáculo que explica o porquê da nomeação para os prémios MTV Europe Music Awards em 2011 e antevê mais um sucesso do seu novo álbum A Nossa Casa.
Marisa Liz, na sua simplicidade e simpatia, relacionou-se muito bem com o público, ajudando a criar um ambiente fantástico para uma noite memorável e única – dificilmente se terá oportunidade de rever a combinação deste grupo com a OA. Interpretaram muitos temas do seu primeiro álbum – “Bem Vindo ao Passado”, “Estrela da tarde”, “Sete Mares”, “Onde Tu Me Quiseres”, “Capitão Romance”, “Foram Cardos Foram Rosas”, “Barco Negro”, para além do tema obrigatório “A Máquina”. Tocaram também o single do novo álbum: “A Nossa Casa”, entre outros temas. No final, o público não arradou pé do recinto enquanto as duas formações não voltaram para um encore de 3 músicas, com o esperado “Amanhecer” e a repetição de “A Máquina” e “A Nossa Casa”.
Desta vez, os Amor Electro convidaram o baterista Mauro Ramos, músico de créditos firmados e de colaborações em diversos projetos de renome, um dos melhores bateristas portugueses da atualidade, que deu, como sempre, espetáculo com a versatilidade os seus solos e diálogos com a guitarra de Tiago Pais Dias únicos (uma nota também para a versatilidade deste “homem dos 7 instrumentos” e para a sua produção eletrónica!). Se há grupos que desiludem quando tocam ao vivo, este não é certamente um deles, percebendo-se facilmente a qualidade individual de cada um dos músicos – todos sem exceção – e aquilo que conseguem depois em conjunto, criando uma personalidade única e facilmente identificável, onde há espaço para a modernidade da música eletrónica e a tradição das harmonias, ritmos e instrumentos portugueses, numa energia eletrizante.
Da fusão com a OA, sentiu-se a segurança da direção serena e elegante do maestro Cesário Costa – a atuar “fora do seu habitat” – que soube acentuar ritmos, harmonias e timbres quando assim se pedia, e fundi-los quando necessário. Um espetáculo cheio de carisma e emoção para todas as idades.
Reportagem de Paulo Sopa