António Ole Em Exposição Na Gulbenkian

A Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian apresenta, desde o final da semana passada uma exposição retrospetiva dedicada a António Ole. Luanda, Los Angeles, Lisboa é o nome desta exposição, que tem curadoria de Isabel Carlos e de Rita Fabiana.

Trabalhos de pintura, desenho, escultura, colagem, instalação e fotografia produzidos ao longo de várias décadas permitem conhecer este artista angolano. A exposição revela também uma produção menos conhecida do artista, a filmografia, iniciada após a independência de Angola (1975) e que se prolongou nas décadas de 1980 e 1990.

 Figura tutelar de toda uma geração de artistas contemporâneos do seu país, Ole descende de duas culturas, africana e europeia, herança que assumiu quando se estabeleceu em Los Angeles para estudar e trabalhar na área do cinema. Se em Luanda, enquanto jovem artista, admirava sobretudo a arte ocidental, a distância tornou visíveis as marcas deixadas pela vastidão de África, levando-o em busca das suas próprias raízes.  As temáticas que percorrem a sua obra – o mar, a ilha, a cidade, a arquitetura, as paredes – surgem de uma consciência social. Temas incómodos ou mesmo tabu, como a escravatura, são aflorados, afirma, para que não sejam nunca esquecidos e para que o futuro possa ser perspetivado de uma nova maneira.
O interesse pela arquitetura dos bairros de lata nos limites de Luanda, os musseques, esteve na base de um trabalho fotográfico realizado antes da independência de Angola que o levou a captar imagens de pessoas anónimas e das suas casas feitas da justaposição de materiais diversos, como restos de madeira ou chapas de lata. Mais tarde, Ole incorporou essa dinâmica no seu trabalho, fazendo as suas próprias assemblages a partir de materiais recolhidos nas ruas.

António Ole nasceu em Luanda em 1951. Formou-se em Cinema no American Film Institute de Los Angeles (1975) e em Cultura Afro-Americana na Universidade da Califórnia – Center for Advance Film Studies (1981-1985). Realizou a sua primeira exposição internacional no Museum of African American Art de Los Angeles. Participou em 2013 na 55ª Bienal de Veneza, onde volta a estar presente em 2015, no Pavilhão de Angola, lado a lado com outros jovens artistas angolanos. A sua obra encontra-se presente em inúmeras coleções públicas em Portugal, Angola, África do Sul, Estados Unidos da América, Alemanha e Cuba.

A exposição Antonio Ole – Luanda, Los Angeles, Lisboa pode ser visitada até 9 de janeiro no Museu Calouste Gulbenkian – Coleção Moderna, de quarta a segunda-feira, das 10h00 às 18h00. Encerra às terças-feiras. A entrada custa 5 euros.

Autor:Texto de Tânia Fernandes
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