“We love you more than you know, Portugal”. Foram estas as palavras de apreço de Aaron Bruno (vocalista de Awolnation) para a audiência da sala TMN ao Vivo na passada noite de terça-feira.
O espetáculo começou por volta das 21h00 com Itch (ex-frontman de The King Blues). Rapper britânico, apresenta alguma fusão de géneros, com letras entoadas em ritmo hip-hop com sotaque carregado e batidas electrónicas. Para apresentar o seu “Manifesto Pt.1: How to Fucking Rule at Life” em Lisboa, fez-se acompanhar de uma voz feminina (também teclista), além de um baterista, um baixista, e um guitarrista/ teclista. Apesar de essencialmente desconhecido e com um registo diferente dos protagonistas da noite, Itch consegiu pôr braços no ar e animar o público, ao som da crítica “London is Burning” e muitas outras.
Subiu então a palco a segunda banda de abertura, os ingleses Arcane Roots. O vocalista Andrew Groves arrancou o concerto quase desprovido de acompanhamento, evidenciando a sua capacidade vocal. Seguiu-se um alinhamento energético, roqueiro e alternativo, mas melodioso, pela mão deste power trio progressivo composto pelo já referido vocalista e guitarrista, o baixista Adam Burton, e o baterista Daryl Atkins.
Groves quase nos chamou Brasil por lapso, imediatamente corrigindo-se e brincando consigo mesmo, confessando mais tarde ter adorado o dia passado em Lisboa. Fomos presenteados com a estreia ao vivo de uma nova música, e o primeiro longa-duração “Left Fire” foi-nos apresentado de forma intensa, com mestria e algum headbanging, sugerindo que Arcane Roots ainda irão dar que falar. Com uma voz característica, talento instrumental, e muita energia em palco, é garantido que conquistaram fãs durante esta performance.
Sete meses após a sua passagem por um palco secundário do Optimus Alive, Awolnation actuaram no Tmn ao Vivo em nome próprio para relembrar “Megalithic Symphony”.
Pelas 23h00, os californianos Aaron Bruno, Drew Stewart (guitarra), Kenny Carkeet (teclas), Devin Hoffman (baixo) e Hayden Scott (bateria) deram início ao aguardado concerto, abrindo com “Guilty Filthy Soul” e provando mais uma vez serem muito mais que os autores da música figurada num anúncio de uma marca de telecomunicações.
Prometendo algo como “a noite das vossas vidas”, Aaron Bruno mostrou-se muito comunicativo e com uma forte presença em palco, actuando a maior parte do tempo tão à beira do mesmo quanto lhe era possível, dando alguns passos de dança caricatos e saltando e puxando pelo público, claramente familiarizado com o repertório da banda.
Com saudades do calor californiano nesta digressão europeia, Aaron elogiou o clima português, e não lhe faltaram elogios à plateia, enquanto entregava uma performance de electro-rock que lhes superava as expectativas.
Por entre “Wake Up”, “Not Your Fault”, “Kill Your Heroes”, ou “Soul Wars”, elevaram-se braços no ar, fizeram-se ouvir vozes em uníssono, e avistaram-se corpos dançantes e até um ocasional headbang. “All I Need” foi entoado a coro, com Aaron sugerindo que todos pusessem o braço à volta da pessoa do lado, e em “Joke” este recuou um pouco dos fãs para se munir de uma guitarra. O maior alvoroço da noite foi provocado, como esperado, pelo single que levou a banda à ribalta, “Sail”, onde não faltaram telemóveis em punho para registar o momento.
Após retirada de palco, o público manifestou o desejo de um encore e recebeu-o, fazendo-se ouvir “Burn it Down” e “Knights of Shame”.
Foi pouco mais de uma hora de espectáculo carregado de energia que não desiludiu, pelo contrário, e o sentimento foi mútuo, não deixando o vocalista de agradecer aos fãs (“We can not express how grateful we are that this many people showed up to join us tonight”).
“Thank you so much for listening. We are Awolnation”, foram as palavras de despedida, repetidas algumas vezes. Igualmente a repetir será a passagem da banda de Aaron Bruno pelo nosso país, certamente.