A Barraca abraçou mais um desafio e apresenta ao público, pela primeira vez, a peça A Claraboia, a partir de um texto de José Saramago e com encenação de Maria do Céu Guerra.
Em A Claraboia podemos observar o dia a dia de 17 personagens, todas elas habitantes do mesmo prédio, e que vivem em seis apartamentos, numa Lisboa de gente remediada, nos idos anos 50, em que a Liberdade e a Democracia eram um sonho e o fascismo e o medo uma dura e omnipresente realidade.
A ação do romance localiza-se em Lisboa em meados do século XX. Num prédio existente numa zona popular não identificada de Lisboa vivem seis famílias: um sapateiro com a respetiva mulher e um caixeiro-viajante casado com uma galega e o respetivo filho – nos dois apartamentos do rés do chão; um empregado da tipografia de um jornal e a respetiva mulher e uma “mulher por conta” no 1º andar; uma família de quatro mulheres (duas irmãs e as duas
filhas de uma delas) e, em frente, no 2º andar, um empregado de escritório a mulher e a respetiva filha no início da idade adulta.
O romance começa com uma conversa matinal entre o sapateiro do rés do chão, Silvestre, e a mulher, Mariana, sobre se lhes seria conveniente e útil alugar um quarto que têm livre para daí obter algum rendimento. A conversa decorre, o dia vai nascendo, a vida no prédio recomeça e o romance avança revelando ao leitor as vidas daquelas seis famílias da pequena burguesia lisboeta: os seus dramas pessoais e familiares, a estreiteza das suas vidas, as suas frustrações e pequenas misérias, materiais e morais.
O quarto do sapateiro acaba alugado a Abel Nogueira, personagem para o qual Saramago transpõe o seu debate – debate que 30 anos depois viria a ser o tema central do romance O Ano da Morte de Ricardo Reis – com Fernando Pessoa: Podemos manter-nos alheios ao mundo que nos rodeia? Não teremos o dever de intervir no mundo porque somos dele parte integrante?
Mas quem vive onde?
No 2º esqº e no 2º dtº moram: Maria do Céu Guerra – Amélia, Paula Guedes – Candida, Lucinda Loureiro – Rosalia e Hélder Costa – Anselmo.
No 1º esquerdo e no 1º direito podemos encontrar: Carolina Parreira – Adriana, Rita Soares – Isaura e Teresa Mello Sampayo – Claudia,Paula Sousa – Justina, Sérgio Moras, Rita Lello – Lidia Paulino, Carlos Sebastião – Caetano e Maria do Céu Guerra – Mãe de Lidia.
No R/C Esqº e R/C Dtº moram: Paula Bárcia – Mariana, João Maria Pinto – Silvestre, Sónia Barradas – Carmen, Adérito Lopes – Emílio, Rúben Garcia – Abel, Henrique Abrantes – Henriquinho, Guilherme Lopes – Henriquinho e Fernando Belo – Médico | Carteiro.
O leque de atores promete e o texto também. Uma comédia de “costumes” que vale a pena ir ver, com adaptação de João Paulo Guerra e encenação de Maria do Céu Guerra e banda sonora de João Paulo Guerra.
A peça pode ser vista se quinta a sábado, às 21h30, e sábado e domingo às 16h00. Os bilhetes podem ser adquiridos no local e custam 14 euros e 7,50 euros para menores de 25, maiores de 65 e profissionais do espectáculo.
Texto de Elsa Furtado