A Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), em Lisboa, apresenta a exposição Em Demanda da Biblioteca de Fernão de Magalhães na Sala de Exposições, no Piso 3.
A exposição tem como foco a preparação da viagem de circumnavegação, através de textos, roteiros náuticos, descrições geográficas e relatos de viagem que o navegador português terá utilizado para planear esta grande viagem. Na mostra pode ver-se umas das primeiras edições do “Itinerario”, de Ludovico de Varthema que Fernão de Magalhães teria consigo quando foi recebido pelo rei de Espanha, Carlos I, em 1518; uma edição espanhola do livro de Marco Polo, publicada em Sevilha em 1518, cidade onde vivia, na altura o navegador e o “Almanach perpetuum”, de 1496, que terá sido também muito útil para os pilotos da armada de Magalhães.
A exposição retrata aquele que é provavelmente um dos mais célebres navegadores portugueses de todos os tempos, pela sua ligação à primeira viagem de circumnavegação do globo terrestre.
Depois de uma carreira mais ou menos discreta ao serviço d’el-rei D. Manuel I, que o levou nos inícios do século XVI a terras do Oriente e também a Marrocos, Fernão Magalhães mudou-se para Espanha em finais de 1517, incompatibilizado com o monarca português, que lhe recusara a mercê a que julgava ter direito pelos serviços prestados à coroa lusitana. Levava consigo o projeto de tentar descobrir uma rota ocidental para as longínquas ilhas de Maluco, onde eram produzidas algumas das mais raras especiarias, as quais haviam sido alcançadas pelos portugueses poucos anos antes, a partir das suas bases recém-conquistadas na costa ocidental da Índia e na península da Malásia.
Carlos I de Espanha aceitou patrocinar o projeto de Magalhães, organizando uma expedição de cinco navios, de que lhe atribuiu o comando. As disposições do tratado de Tordesilhas, que fora assinado em 1494 na sequência da primeira viagem de Cristóvão Colombo, impediam os espanhóis de navegar para o Oriente pela via do Cabo da Boa Esperança, reservada em exclusivo para os portugueses. A proposta de Fernão de Magalhães, que de certa forma retomava a ideia original do almirante genovês, parecia a solução lógica para permitir uma intervenção espanhola no lucrativo tráfico de especiarias orientais, que por esses anos fazia a fortuna de Portugal. A armada de Magalhães partiu de Sevilha em Agosto de 1519, para uma expedição que tinha como destino as ilhas mais orientais da Insulíndia, e que acabaria por se transformar na primeira viagem de circum-navegação. Fernão de Magalhães, como é sabido, sucumbiria já bem perto do seu objetivo final.
A passagem do quinto centenário do início desta histórica viagem pareceu uma boa oportunidade para desenvolver um inquérito sobre as leituras que teriam fundamentado o projeto do navegador português. A ideia de rumar ao arquipélago de Maluco pela via do poente deveria ter-se baseado em cuidadas leituras de guias náuticos, roteiros, tratados geográficos e relatos de viagens. Contudo, Magalhães não deixou grandes vestígios textuais, pois dele apenas se conhecem algumas cartas e memorandos em letra que aparenta ser de homem culto, mas que não incluem referências de natureza bibliográfica. E apenas há notícias certas de ter possuído um único livro. Assim, a designação «em demanda da biblioteca de Fernão de Magalhães» pareceu uma apropriada descrição para uma indagação sobre os livros que o navegador lusitano poderia ter possuído ou compulsado durante a preparação do seu projeto.
A exposição vai estar patente até ao dia 13 de maio de 2019 e pode ser vista de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 19h30, e sábados das 9h30 às 17h30. A entrada é gratuita.