Quem se dirigiu no passado dia 10 ao Pavilhão Atlântico sabia bem ao que ía. Um grande concerto com uma grande orquestra, e à frente um grande senhor, dono de uma grande voz, ao melhor estilo dos anos 50 – era a noite de Carlos do Carmo e da Count Basie Orchestra (CBO).
Num registo bem diferente do habitual, Carlos do Carmo mostrou porque é considerado um dos maiores artistas portugueses de todos os tempos, para uma plateia composta e conhecedora dos temas apresentados.
Numa noite de homenagem a Frank Sinatra, um gigante da música mundial, Carlos do Carmo brilhou e encantou acompanhado pelos 16 músicos que compõem a CBO, ela que em tempos também acompanhou o Mr. Blue Eyes.
A noite começou em ritmo instrumental, com o tema “The Heat’s On”, seguido de “Blues in Hoss Flat”. O terceiro tema foi a deixa para a entrada de Carlos do Carmo em palco, que ao som dos acordes do clássico “Come Fly With Me” e de uma grande salva de palmas subiu ao palco da grande sala lisboeta “One of the greatest singers in the world”, como o apelidou o maestro Dennis Macgrail.
Seguiu-se “Pennies from Heaven” e depois, Carlos do Carmo dirigiu-se ao seu público e falou com o “coração”.
“Queria vos dizer que este ano foi o ano em que completei 70 anos de idade, e em que me aconteceram algumas coisas muito bonitas, que eu gostaria de partilhar com vocês, como o facto de ter cantado para a Sophia Loren que eu admiro, termos entregue a candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade na UNESCO e a gravação de um novo disco na companhia do Bernardo Sassetti”.
Ainda emocionado, Carlos do Carmo, fez questão de agradecer aos presentes. “Quero também agradecer-vos por serem tão malucos como eu, por virem aqui ouvir um fadista de 47 anos de carreira a cantar umas sinatradas”.
Pelo resto da noite, o artista interpretou ainda outros temas conhecidos como “Cheek to Cheek”, “My Kind of Town”, “I’ve Got You Under my Skin”, “You Make Me Feel So Young”, esta com direito a ovação de pé, entre outros temas de Sinatra tão conhecidos.
Para o encore ficaram reservados os emblemáticos “The Lady is a Tramp”, e “One o’clock Jump”, em versão instrumental. No final, uma salva de palmas e uma plateia de fãs satisfeita, deixou o Atlântico a trautear e a estalar os dedos ao ritmo do swing, encerrando assim uma noite única.
Reportagem de Elsa Furtado (texto) e Francisco Lourenço (fotos)