A Casa Miguel Torga, em S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, Vila Real, tem inauguração marcada para dia 17 de janeiro, data em que se assinalam 27 anos da morte do escritor.
A sessão de abertura, entre as 15h30 e as 18h30, será marcada pela inauguração da exposição Contramuros de Francisco Laranjo, e os discursos da Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Dr.ª Helena Lapa; da Diretora da Direção Regional de Cultura do Norte, Doutora Laura Castro; do Presidente da Turismo de Portugal, Dr. Luís Araújo e da filha de Miguel Torga, Professora Clara Rocha.
Após uma visita orientada à Casa Miguel Torga, o evento inaugural termina com um concerto do grupo Lavoisier.
O edifício, doado à Direcção Regional de Cultura do Norte pela filha do escritor, foi adaptado, «visando a sua transformação numa Casa de escritor que preserve a memória das vivências quotidianas de Miguel Torga na sua terra natal»
A Casa Miguel Torga é a casa de família do autor onde os seus pais viveram, onde nasceu e permaneceu até ao início da adolescência e para onde retornava com periodicidade até ao fim da sua vida. Mais tarde, a casa foi remodelada pela sua esposa Andrée Crabbé Rocha, tornando-se casa de férias da família.
Agora Casa-Museu, o equipamento está pronto para receber todos aqueles que queiram conhecer mais da vida e obra do poeta e escritor através de uma abordagem expositiva centrada na intimidade do autor, na sua relação com a família, no seu reconhecimento internacional e na sua relação ao território.
A Casa Miguel Torga, com o vizinho Espaço Miguel Torga – equipamento cultural contemporâneo, arquitetado por Eduardo Souto de Moura –, reforça S. Martinho de Anta como um local de conhecimento e divulgação do autor.
Miguel Torga
Adolfo Correia da Rocha nasceu em 1907, em S. Martinho de Anta, Sabrosa, onde concluiu, com distinção, os estudos primários.
Oriundo de uma família humilde de camponeses e sem grandes recursos económicos, trabalhou no Porto, passou pelo Seminário de Lamego e, ainda adolescente, emigrou para o Brasil. De regresso a Portugal, cursou Medicina em Coimbra, onde viveu e faleceu em 1995.
De personalidade veemente e intransigente, foi poeta presencista, numa primeira fase associado ao grupo da Presença que cedo abandonou.
Adoptou o pseudónimo Miguel Torga, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica, Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno, e ainda à torga, planta brava da montanha com fortes raízes.
A sua extensa obra aborda, entre outros temas, o drama da criação poética, o desespero humanista, o sentimento telúrico, a problemática religiosa, o iberismo e o universal.
Defensor da liberdade e da justiça, teve obras censuradas, foi vítima de perseguição política e esteve preso, apesar de nunca ter aderido a qualquer partido político.
Laureado com numerosos prémios literários nacionais e internacionais, foi candidato a Prémio Nobel da Literatura.