Vai estar patente até dia 22 de janeiro, no Centro de Arte Moderna (CAM), da Fundação Calouste Gulbenkian a exposição Plegaria Muda/Oração Silenciosa, da artista Doris Salcedo, nascida em Bogotá em 1958, e com curadoria de Isabel Carlos e curadoria executiva de Rita Fabiana.
Doris Salcedo transformou a nave do CAM numa espécie de floresta/cemitério, constituída por 162 esculturas que criam um percurso não linear, repleto de sentimentos mutantes e intermintentes. Esculturas que aparentemente são caixões mas na realidade são portadores de vida porque delas nascem e crescem ervas. Ervas estas que foram plantadas, receberam luz, água e cuidados.
As esculturas e instalações de Doris Salcedo procuram chamar a atenção para os traumas das vítimas de violência política, rejeitando o lugar passivo de testemunha. Sã chamadas de atenção contra o esquecimento, silêncio e indiferença.
Plegaria Muda (Oração Silenciosa) traz todas as características/marcas autorais da artista: a utilização de madeiras velhas usadas, contentores de vivências e memórias e o objecto como vestígio, enquanto marca do corpo que esteve lá, mas já não está.
“A morte social ou morte em vida que pude observar em Los Angelesfez-me compreender que, apesar de o contexto ser diferente, esta não era muito diferente da que vivem os jovens das áreas marginais das cidades colombianas. Em Plegaria Muda procuro articular diferentes experiências e imagens que formam parte da natureza violenta do conflito colombiano.” São algumas das palavras da artista para explicar Plegaria Muda.
Doris Salcedo tem vindo a criar instalações de grande escala ou intervenções arquitetónicas, para museus e galerias ou para o espaço urbano, durante a última década. A mais emblemática foi Shibboleth uma fenda de167 metros criada sobre o chão do Turbine Hall na Tate Modern em Londres (2007).
A exposição Plegaria Muda é a mais recente instalação da artista colombiana, mostrada aqui pela primeira vez na sua totalidade e resultou de uma encomenda conjunta do CAM-Fundação Calouste Gulbenkian e do Moderna Museet Malmö. Tem ainda a colaboração com MUAC – Museo Universitario Arte Contemporáneo, Mexico; MAXXI – Museo nazionale delle arti del XXI secolo, Roma, e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Texto de Clara Inácio