Chalet e Parque da Condessa de Edla em Sintra abrem ao público

Reportagem (texto e fotos) de Elsa Furtado

Palco de amores e de sonhos, o Chalet da Condessa de Edla, em Sintra, tem sido um dos segredos mais bem guardados do Parque da Pena desde a sua construção, no século XIX e agora revelado com a sua abertura ao público.

O chalet foi mandado construir por D. Fernado II – o mesmo rei que comprou e reconstruiu o Palácio da Pena – e pela sua segunda esposa Elise Hensler – Condessa d’Elda, uma cantora de opera suíço-americana, com quem casou em 1869, e levantou esta construção entre esta data e 1875, num talhão do Parque da Pena.

Com uma estrutura invulgar para Portugal, o chalet foi inspirado nas construções das montanhas suíças, mas revestido com materiais nacionais, como a cortiça, que emoldura cada porta e janela exterior. Também a fachada é toda ela de alvenaria, mas pintada de forma a imitar madeira, à semelhança das casas americanas. Na decoração são vários os elementos em destaque, alguns atribuem-lhes significados esotéricos e associação aos Rosa Cruz.

No exterior, 1,5 hectares de parque e jardins rodeiam o chalet, com alguns raros exemplares de vegetação e onde as flores coloridas alegram o cenário. Várias fontes e miradouros naturais virados para o Palácio da Pena são segredos a descobrir ao longo dos vários circuitos de passeio possíveis neste parque de vegetação frondosa, e onde também se podem observer cavalos oriundos do norte da Europa.

Destruído em 1999 por um incêndio, o edifício e o parque começaram a ser recuperados em 2007, sob coordenação do arquiteto Lobo de Carvalho, responsável pelas obras, tendo ficado agora  completa uma das fases dos trabalhos com a abertura ao público, segue-se agora a última etapa com a recuperação dos interiores, num processo semelhante ao desenvolvido no Palácio e Parque de Monserrate.

O projeto de recuperação do Parque e do Chalet da Condessa contou  entre outros com o apoio do fundo EEA- Grants financiado pela Noruega e pelo Turismo de Portugal, num investimento total de 1. 350.000 euros e está a cargo da Parques de Sintra Monte da Lua.

O equipamento cultural vai poder ser visitado das 9h30 às 19h00 na época alta e das 10h00 às 17h00 na época baixa. Os bilhetes de entrada custam 8 euros só a visita ao Parque, 10 euros parque e chalet exterior e 14 euros – parque e chalet – interior, para adultos.

Dia 21 de Maio assinalam-se 80 anos após a morte da Condessa de Edla, a abertura do espaço este mês é uma homenagem à sua pessoa e ao trabalho que fez pela cultura portuguesa e pelas gentes de Sintra.

 

O Chalet

O Chalet da Condessa d’Edla, na Pena, foi concebido pela própria Elise Hensler, com o apoio do mestre de obras Gregório, de planta rectangular no r/c e cruciforme no 1o andar, rodeado de uma varanda e ao estilo das casas rurais americanas, onde a cortiça era dominante. em forma de hera na fachada.

Tinha um salão grande, onde 4 troncos de hera em estuque enriquecidos por nervuras em cobre entrelaçavam nas cornijas as ramagens cobertas de folhas, e o quarto de D.Fernando no 1o andar, com encastoamento arabizante feito de cortiça pintada a varias cores. No mesmo piso também, o quarto da condessa, virado para o de D.Fernando, separados pela escadaria, onde na parede fronteira estavam gravadas as armas de Saxe e de Portugal, e no fim da escadaria, com torneados arábicos, uma pintura de um pastor pintando flauta. O quarto da condessa estava decorada de rendas sob fundo azul, obra de Domingues Freire, filho do afamado pintor da época Luciano Freire. Todos os interiores de estuque estiveram a cargo de Sebastião Ribeiro Alves. Destaque ainda para a cozinha no R/C, toda ela forrada a azulejos azuis e brancos.

A base rectangular tem à volta 22 aberturas, 10 portas e 12 janelas, e 2 óculos, onde, em cortiça, simbolicamente associada ao Fogo Criador do Espírito Santo.

O Jardim compõe-se de uma zona formal, de enquadramento do Chalet, em que se destacam o Jardim da Joina, o Caramanchão e os lagos asfaltados. Nesta zona surgem colecções de camélias, rododendros e azáleas. Adjacente a esta unidade, os blocos de granito, que conferem um cenário dramático ao Jardim. O vale situado a Nascente, foi utilizado para a criação de uma feteira (a Feteira da Condessa), para cuja plantação foram importados fetos de várias espécies, em especial fetos arbóreos. Este microclima deve-se à construção de uma linha de água asfaltada, interrompida por uma complexa sucessão de tanques e cascatas, que conduzem águas de minas e superficiais, provenientes da drenagem de caminhos. A circulação da água no Jardim permitia a sua animação e frescura, bem como a distribuição de água para a rega dos canteiros na época estival.

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5 Comentários

  1. Este Chalet esteve disponível para colónias de férias e eu passei aqui férias quando era pequena e andava num colégio de freiras,na rua do Patrocínio em Campo de Ourique,tenho lembranças desse tempo,dos passeios pelo parque da Pena,e deste Chalet.Espero ir fazer uma visita ao chalet,uma vez que segundo li está restaurado e aberto ao público,está lindíssimo!!!

  2. estou contente de reencontrar o chalet, eu tambem andei no colegio de freiras na rua do patrocinio em campode ourique e era aqui que eu pasava um mes de ferias

  3. Isabel Braz,que coincidência!!! será que esteve no colégio no meu tempo? em morava em Campo de Ourique na época e permaneci lá até casar com 20 anos.Devo ter estado no colégio de 1960 até 1964,mais ano menos ano!!!e foi nessa época que estive de férias neste Chalet.

    • Tambem andei nesse colégio e passei lá umas férias, foi lindo, passear pelo parque brincar. Foram tempos que também recordo com saudade.

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