Inserido na programação do CCB – Há Fado no Cais, o concerto de Cristina Branco na noite de 11 de dezembro foi uma “lista ideal”: uma antologia de canções saídas de 17 (ou de 18) anos de carreira e duas canções originais: “Fado da Partilha” e “Se Fores não Chores por mim”, ambas da autoria de Mário Cláudio.
“Foram 18, não sei bem 17, 18 anos de muitas experiências incríveis – outras menos boas – mas tenho a felicidade e a certeza que tive sempre comigo músicos extraordinários”- confidenciou a fadista.
Acompanhada pelos três músicos habituais, “que lhe dão a sensação que estendem um lençol lindo e maravilhoso cada vez que pisa um palco”, nas palavras da própria – Ricardo Dias (no piano e direção musical), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Bernardo Couto (guitarra portuguesa) – Cristina Branco teve ainda outros convidados especiais que com ela partilharam o palco do CCB.
O pianista João Paulo Esteves da Silva acompanhou-a a solo em “O Lenço da Carolina”, tema de que é co-autor. Mário Delgado na guitarra e Alexandre Frazão na bateria fizeram companhia em temas do álbum que Cristina dedicou integralmente a José Afonso – Abril.
Nesta viagem, “A Ronda das Mafarricas” e “No Comboio Descendente” foram os dois temas que Cristina cantou em dueto com Manuela Azevedo. Para a vocalista dos Clã, “partilhar o palco e cantar com a Cristina Branco foi uma prenda antecipada de Natal”. Cristina Branco retríbuiu referindo-se a Manuela como uma força da natureza e um bicho de palco, grata pelo bom gosto que os Clã trouxeram à música portuguesa.
A voz de Camané veio juntar-se no verso “levaram-te a meio da noite” do poema “Abandono” de David Mourão Ferreira, no primeiro de dois duetos com canções de Amália. “Cansaço” foi o segundo dueto, mas houve outros temas de Amália a solo, como o “Não é Desgraça ser Pobre” na abertura e “Meu Amor é Marinheiro” que encerraria antes do encore.
Neste tema, as sentidas palavras: “É tão bom estar aqui convosco. Este último tema, poema, condensa uma mensagem de esperança e de verdade. E eu acrescentaria que mais do que uma carta de amor, poderia ser a esperança neste mundo virado do avesso, desta natureza que já cá estava antes de nós, para nós, seres humanos, nos olharmos nos olhos. Obrigada por terem partilhado tudo isto: a minha história!”