Na véspera do lançamento do álbum de estreia Cuca Roseta fala do “A mais rara verdade” com o Canela e Hortelã, numa entrevista em que se desvenda a mulher/menina de olhos negros e tez morena, com voz melódica e afinada, apaixonada pelo fado e pelo sentir do amor.
Cuca canta o amor e confessa-se uma verdadeira fadista de intenso sentimento nas palavras que fluem como poesia da sua boca. Cuca é sem dúvida a personificação da “Mais rara verdade”.
A 1 de Abril a FNAC Cascaishopping apresenta o trabalho de Cuca Roseta pela mão da editora Universal Music.
Acompanhada por Mário Pacheco na guitarra portuguesa, Pedro Pinhal na viola de fado e Rodrigo Serrão no contrabaixo e Ricardo Rocha, Cuca Roseta conta já com um séquito de seguidores.
Apesar de este ser o seu primeiro álbum, não é a sua primeira experiência musical e muito menos o princípio da sua carreira. Tudo começou quando era back-vocal dos Toranja e decidiu concorrer ao 1º Encontro de Fado, no Porto.
O desafio transformou a sua vida pois ao decorar as primeiras quatro canções sentiu um “click” e entrou em si uma “ paixão gigante” que ousou abraçar e chamar a si, disse.
A artista decidiu dedicar-se ao fado “pela paixão” que a interpretação da poesia lhe permite retirar e oferecer ao seu público.
Cuca diz ser uma fadista de palco, gosta de sentir o público e as suas emoções em grandes espaços.
A sua forma de cantar é “com a sua verdade”, embora defenda que “esta nunca chega inteira”.
“Cada pessoa sente [a verdade] de forma diferente, há sempre um segredo, mas gosto de passar a emoção para a vida das pessoas”, diz Cuca.
Nas suas influências surgem Vinicius Morais e Florbela Espanca por serem escritores “intensos e fácies de entender”.
Amália Rodrigues é a referência musical determinante mas não se esgota por ai. “Um exemplo de mulher, como pessoa sensível e inteligente. Como cantora, a interpretação da voz soa-lhe a mulher sábia”, diz Cuca que identifica-se de forma clara com a fadista e autora.
Em “Porque Voltas De Que Lei” Cuca personifica as palavras de Amália, numa harmonia única. Cuca afirma “Amália era natural, simplesmente sentia…ela era igual a mim”.
As influências e as referências não ficam por aqui já que, tal como Amália, Cuca desafia os antigos dogmas e lança-se em experiências às que chama de “infusão” como fado /tango, fado /rap e fado /bossa nova, criando novos ambientes mas nunca esquecendo a alma lusitana do fado. “O fado é contar histórias com simplicidade”, sublinha.
“Maré viva” é a música de eleição de Cuca do álbum de estreia porque é “sensual “e a mais bela descrição do amor”.
O músico argentino Gustavo Santaolalla ficou deslumbrado com a menina delicada que canta com a beleza e pureza sentimentos de mulher e arriscou pedir a Cuca para cantar em espanhol. Cuca aceitou o desafio mas porque “não se pode cantar fado sem se estar à vontade”, a fadista passou muitas horas a repetir as palavras “até as sentir”.
Só depois deste exercício de interiorização é que foi possível incluir o tema no álbum, trazendo mais hipóteses ao álbum de entrar no mercado da América Latina.
A possibilidade agrada à fadista, pois “é uma forma de fazer chegar o fado a cada vez mais pessoas”.
Cuca não é apenas uma fadista e temas como “Homem Português” ou “Nos Teus Braços” são exemplos das palavras escritas e cantadas como autora e compositora, enamorada pela magia desta paixão que a faz criar “cantar e viver o momento: dar e receber o momento”.
No álbum “A mais rara verdade” existe destino e alma, diz Cuca que acrescenta que também existe também “a pureza, a ligação à natureza, à praia, ao mar, ao vento, às arvores… queria um álbum tradicional e este tem as raízes do país e do fado” finaliza a fadista.
texto de Margarida Vieira Louro