Devin Townsend – Polvos No Capitólio

Reportagem de Tiago Silva (texto) e Tânia Fernandes (fotografia)

Devin Townsend

Sábado à noite, o Capitólio quase esgotou para ver Devin Townsend, um artista que é, em si mesmo, o significado de progressivo. Não só pela música que faz, como pela constante exploração e mutações que vai fazendo. Desde os tempos com Steve Vai, os Syl até aos trabalhos em nome próprio, o homem é tudo o que se espera de um artista que se diz progressivo.

Devin Townsend contou ainda com os Klone e os Fixation, como bandas de suporte.

Fixation
A jovem banda Norueguesa que lançou o seu disco de estreia, Global Suicide, em 2020 deu muito boa conta de si. Ao ouvi-los lembramo-nos de Leprous ou Maraton.

Foi a sua estreia em Lisboa, e levam para recordação um bom concerto, além de um escaldão.

Com um baixo poderoso, estiveram em constante comunicação com o público e com todos os elementos sempre em movimento. Deram um concerto enérgico e forte. Como disse o vocalista, Jonas Hansen, “estamos aqui para vos fazer suar e aquecer para Klone e Devin”. Além dos aplausos para as bandas conseguiram muito head banging e palmas a acompanhar.

Uma banda que deu boa indicação de ser um nome a ter em atenção. Não são propriamente inovadores, mas o que fazem é bom e os fãs das bandas mencionadas poderão encontrar aqui algo para ouvir.

Klone
Os Klone já não são desconhecidos. Assim que entraram em palco houve palmas e o público manifestou-se. Já têm 20 anos de existência, oito discos e um acabado de lançar, Meanwhile.

Temos aqui vários sabores, Porcupine Tree e Devin Townsend são claros, mas em partes mais fortes chegamos a ouvir Riverside, Anathema ou influências de Gojira.

“Elusive”, do disco novo, lançou um concerto que foi em crescendo. Se no início estavam mais estáticos, à medida que tocavam e o público se manifestava, foram-se libertando.

“Rocket Smoke” foi muito celebrada. Em “Bystander” e “Keystone” já todos corriam pelo palco, só o vocalista se mantinha quase estático, mas sempre certo e super eficaz. O guitarrista Aldrick Guadagnino parece endiabrado, sempre em movimento.

Quando chegaram a “Army of Me”, cover da Bjork, tivemos o baixista, Enzo Alfano, a saltar para o pit e a tocar com o público. Grande momento para acabar com “Yonder”, do disco anterior, Le grand voyage.

Excelente concerto, da banda de Poitiers, que soube continuar o aquecimento iniciado pelos Fixation.

Devin Townsend
Apesar de ter passado por Lisboa em Abril de 2022, na primeira parte dos Dream Theater, desta vez conseguiu quase esgotar o Capitólio.

Os concertos de Devin são sempre um espetáculo de várias artes. A comunicação e o humor está sempre presente. A performance é infalível e é uma viagem pela sua evolução. “Moonpeople” lançou um concerto que foi cantado, gritado, pulado e dançado por todos. “Kingdom” continuou em grande.

Sempre com piadas, agradeceu à banda por soar como deve de ser. Falou de lhe terem dado polvo a comer, tendo em conta o que ele gosta de polvos foi triste, mas tinha um amigo polvo que o ajudou a tocar “Dimensions” e lá ficou mais feliz.

As mudanças de guitarra são constantes, com luzes de várias cores, uma para cada fase da carreira. Apresentou uma canção que, segundo ele, era o que saía quando se andava seis semanas em tour e já não se sabia o que fazer: “Why”. O público cantou com ele.

Os músicos que o apoiam são excelentes, mas devemos destacar Mike Keneally, que já tocou com músicos lendários. Sozinho é quase uma banda, com uma mão toca guitarra, com a outra piano e ainda é um excelente back vocals.

“DeadHead” foi um ponto alto, muito cantada. Já com uma Kiesel, tivemos “Deep peace”, em que se iluminou o palco com telefones. Mike tirou um excelente solo de piano e guitarra. Foi um grande momento do concerto.

De volta às Framus, fomos para o disco anterior Empath, com “Spirits will collide”. Refletindo sobre a sua vida tocou “Truth”, para depois dançar com o jazz de “Bad Devil”. Estávamos em apoteose.

Lá nos disse que era a parte em que tínhamos que gritar muito e ficar em suspense sem saber se eles iriam voltar, mas claro que voltariam e serviram para encore “Call of the void” e, do tempo dos Syl, “Love?”.

Um grande espetáculo de um grande artista. Sem dúvida que, não são concertos para se perder e podem até ter esta regularidade anual que os fãs lá estarão.

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