Peso da Régua é, por estes dias, o berço do rock, do hip-hop e dos blues. O Douro Rock instalou-se juntas às piscinas municipais da cidade e promete dois dias de festa. A primeira noite do festival ficou marcada pelo hip-hop interventivo de Kappa Jotta, pelos blues e folks de Frankie Chavez, pelo “trovador de patilhas”, Samuel Úria e pelo pop-rock, sempre atual, dos The Gift.
O Douro Rock celebra a música portuguesa. O Douro Vinhateiro foi Portugal, da Linha de Cascais a Lisboa, passando por Alcobaça e Tondela, numa noite de verão à beira rio.
No primeiro dia, o rapper Kappa Jota inaugurou o palco, com o DJ Mascarilha, da Linha C como convidado. A energia contagiante e a interação com o público foram uma constante durante o espetáculo do duo. O tema “Mais Feeling”, do álbum Vírus, que conta com a participação de Carolina Deslandes, iluminou a Régua e ao “Baby Dá-me Mais” seguiram-se os temas bem conhecidos “Fala a Sério” e “Chama”.
De punhos cerrados, o desabafo e a expressão de sentimentos, do “Hustle” ao “Tanto Por Dizer” galgaram as margens do rio, ali tão perto. O rapper despediu-se do público com o seu famoso tema “DPDC – Desliga a P**a da Camera”.
Mas os telemóveis continuaram a gravar e Joaquim Francisco Chaves, aka Frankie Chavez, foi o artista que se seguiu. O one man show deu lugar a uma banda e o seu mais recente álbum Double Or Nothing trouxe a música blues, folk e roots, à Régua. A voz rouca de Frankie, a profundidade das suas letras, o ritmo roqueiro da banda são um must das atuações do lisboeta “de boina”.
Próximo da meia noite, o palco acolheu Samuel Úria e a homenagem à sua terra, “Ao Tom Dela” foi o primeiro tema, ao qual se seguiram “Rua da Fonte Nova, 171” e “Aeromoço”. Foram os temas do álbum Carga de Ombro, de 2016, que mais animaram o público e entre o “Dou-me corda” e “Carga de Ombro”, um coro de vozes entoou “põe o teu nome junto ao meu”. “Lenço Enxuto”, a canção tão nortenha como o Vinho do Porto e “É preciso que eu diminua” foram os últimos temas apresentados por Samuel Úria.
Os cabeça de cartaz, The Gift, subiram ao palco já perto da 1h30 da manhã, a madrugada ainda uma criança e os termómetros a rondar os 25ºC. Recebidos pela contagem decrescente de um relógio digital no enorme ecrã central e pelas palmas de um público que os aguardava com expetativa, ao som de excertos de filmes, onde a palavra “Gift” dita e redita como um mantra. “Front Of”, do álbum Fácil de Entender foi o tema de abertura do espetáculo. No alinhamento seguiram-se temas do álbum Altar, lançado em maio de 2017, com temas como “Love Without Violins”, “You Will Be Queen” e “Big Fish” a aquecer (ainda mais) a noite.
“Driving you Slow”, “The Gift” e “Primavera” foram cantados ao som da energia inesgotável de Sónia Tavares, que animou e cativou o público. A banda despediu-se ao som dos gritos de um encore quando Sónia Tavares e Nuno Gonçalves se juntaram à multidão e num pequeno palco, no meio do público, “Fácil de Entender” e “Gaivota” foram os temas que elevaram a voz da multidão e mostraram a imensa cumplicidade entre os dois músicos.
Uma hora e meia depois de subir ao palco pela primeira vez, a banda regressou com a “Question of Love”. A banda de Alcobaça ofereceu um enorme espetáculo aos resistentes festivaleiros. As despedidas, já as 3h00 da manhã tinham soado, foram feitas ao som de “I Can’t Help Falling in Love” do Rei do Rock.
O Douro Rock segue viagem. Mishlawi, The Twist Connection, The Legendary Tigerman e Xutos & Pontapés são os nomes que se seguem.
Aos festivaleiros foi disponibilizado uma área de campismo gratuito, junto ao recinto.
O sábado convida a explorar a região do Douro Vinhateiro, a navegar pelo Rio Douro e a banhos de água e de sol, enquanto o Rock não volta para mais uma noite de música e animação.