Chama-se As Flores do Imperador – Do Bolbo ao Tapete e é a nova exposição da Fundação Calouste Gulbenkian, que pode ser vista até 21 de maio na Galeria do Piso Inferior.
A mostra, com curadoria de Clara Serra e Teresa Nobre de Carvalho, propõe uma análise dos motivos decorativos de dois tapetes da coleção de Arte Islâmica do Museu Calouste Gulbenkian – Coleção do Fundador – produzidos na Índia Mogol durante o reinado de Xá Jahan (1628-1658), a partir destas duas obras as curadoras escolheram outras peças, como desenhos, cofres, contadores, jarras, entre outras, em que a tipologia e o cariz naturalista dos desenhos florais patentes marcam a decoração e ajudam a compreender a importância e o recurso aos elementos naturalistas nas artes decorativas do século XVII, tal como a influência do Oriente no Ocidente.
Ao longo do século XVI, as amplas relações que os europeus estabeleceram com o mundo redimensionaram o seu conhecimento acerca da natureza. Das Índias Orientais e Ocidentais aportaram na Europa novos produtos e novas espécies de plantas e de animais. Do Levante chegaram sementes e bolbos de flores exóticas. Alvo de profunda admiração, a beleza destas flores motivou uma crescente atenção dos botânicos sobre o estudo da flora exótica e local. Muito requeridas e apreciadas por curiosos, eruditos e aristocratas, as flores passaram a ter lugar privilegiado nos jardins então criados. No entanto, apenas os jardins dos mais afortunados exibiam exemplares das tão requeridas plantas exóticas. Descritas por eruditos e botânicos, as flores foram representadas em álbuns profusamente ilustrados. Estes impressos tiveram ampla circulação na Europa e nos vastos espaços imperiais. Levados por viajantes e emissários europeus nas suas missões diplomáticas, religiosas e comerciais, estes volumes chegaram, desde finais do século XVI à corte Mogol onde foram muito apreciados. Sob o patrocínio imperial, os artistas locais ensaiaram as técnicas de desenho e os modelos de representação patentes nos compêndios europeus criando assim, no Oriente, elementos de uma nova gramática decorativa.
A exposição pode ser vista até dia 21 de maio de 2018, de quarta a segunda feira, das 10h00 até 17h30 na Galeria do Piso Inferior da Fundação Calouste Gulbenkian. Os bilhetes custam 3 euros e podem ser adquiridos no local.