O Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, apresenta a exposição I`m Your Mirror, da artista portuguesa Joana Vasconcelos, com curadoria de Enrique Juncosa, entre 19 de fevereiro e 24 de junho de 2019, em parceria com o Museo Guggenheim de Bilbao e a Kunsthall Rotterdam, na Holanda. Agora, 20 anos depois, a artista regressa com esta exposição individual, mostrando como desenvolveu a sua obra, através da sua portugalidade e crítica social.
A exposição I’m Your Mirror, que tem como título uma homenagem a Nico, cantora alemã conhecida pela música “I’ll Be Your Mirror”, da banda Velvet Underground, reúne mais de 30 obras realizadas por Joana Vasconcelos, desde 1997 até à atualidade, cobrindo um período de pouco mais de duas décadas de prática artística e analisando o seu desenvolvimento como artista. Inclui algumas das suas obras mais conhecidas e emblemáticas, como a Cama Valium (1998), A Noiva (2001–2005), Burka (2002), Coração independente vermelho (2005), Marilyn (2011) e Lilicoptère (2012).
Além destas obras, a exposição inclui ainda um considerável número de novos trabalhos, incluindo vários animais de cerâmica de Rafael Bordalo Pinheiro revestidos de bordados em croché. Esta mesma técnica é ironicamente usada pela artista numa série de urinóis, também revestidos de croché, à qual pertence Ni Te Tengo, Ni Te Olvido [Nem te tenho, nem te esqueço] (2017), peça em que a artista se apropria do célebre urinol de Marcel Duchamp. Finisterra (2018), outra obra inédita, pertence à série Pinturas em croché, através da qual a artista se refere com humor à pintura. A sua escala é monumental, mas a técnica com que foi elaborada é doméstica e feminina: volumes de tecidos são cosidos de modo a configurar imagens ou estruturas abstratas multicolores e são a seguir encaixilhados em molduras douradas, que sublinham o seu aspeto paródico, e pendurados na parede como quadros.
I’m Your Mirror inclui ainda várias obras de escala monumental instaladas ao ar livre, como Solitário (2018). Esta obra, apresentada pela primeira vez em Portugal, tem a forma de um anel de sete metros de altura, realizado com jantes douradas e coroado por um suposto enorme diamante constituído por copos de whisky de cristal, sendo o todo acoplado sobre uma estrutura de ferro e aço. Mais uma vez a escala, as conotações da imagem, as jantes douradas que sugerem automóveis caros e os copos de whisky em cristal — característicos de um estilo de vida afim a tudo isto — apresentam uma visão irónica do luxo e do poder de compra, e da sua fundamentação na superficialidade.
A exposição estende-se pelos jardins do Parque de Serralves e Avenida Marechal Gomes da Costa, frente à entrada do museu, através de monumentais esculturas de exterior e, após a sua apresentação, seguirá para a Kunsthal Rotterdam, ainda no verão de 2019 (julho).
Joana Vasconcelos (1971) é uma das artistas plásticas mais célebres da sua geração. Estudou em Lisboa e começou a expor em meados dos anos 1990. Foi após a sua participação na Bienal de Veneza de 2005 — onde apresentou A Noiva (2001-05), um monumental lustre composto de tampões higiénicos — que alcançou um grande reconhecimento internacional. Desde então, as suas obras têm sido alvo de várias apresentações, obtendo o apreço do público e da crítica.
As visitas podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 10h00 às 18h00, e aos sábados e domingos das 10h00 às 19h00. O preço dos bilhetes é de 10 euros, dando acesso ao Museu e ao Parque.
O programa da exposição inclui uma oficina para professores e educadores com a artista Joana Vasconcelos, que terá lugar dia 23 de março, das 18h00 às 20h00, com um custo de 30 euros e lotação para 25 pessoas. A inscrição pode ser feita por e-mail para d.cruz@serralves.pt, com envio dos dados para inscrição (nome, idade, estabelecimento de ensino, área que leciona, endereço de e-mail, telemóvel). As inscrições serão processadas por ordem de chegada e sujeitas a confirmação pelo Serviço Educativo.
Nos dias 11 e 12 de maio haverá outra oficina, “Behind your Mask – A Journey to your Authentic Self” com Alain Grouette, terapeuta e naturopata e Fausta Rendall, terapeuta.
Artigo editado a 25 de fevereiro, com fotografias de António Silva