The World of Banksy: The Immersive Experience integra a extensa lista de exposições imersivas e não autorizadas do artista de rua, cuja identidade permanece um mistério, mas que usa a sua arte para questionar os valores desta sociedade. Abre ao público em Lisboa, esta sexta-feira.
Murais em tamanho real, traços de ironia emoldurados e instalações permitem ficar com uma ideia sobre a obra do artista, mas também conhecer o trabalho dos pintores de grafite. Ao todo, são 50 peças que proporcionam, uma experiência imersiva ao visitante. Uma arte efémera distribuída pelo mundo, agora fielmente reproduzida em Lisboa.
A visita tem um percurso linear, feito em dois pisos. Permite admirar imagens provocadoras, carregadas de ironia. Na sua maioria, feitas com recurso a stencil, mas que integram elementos naturais locais, transformando-as em pequenas instalações. Há alguns trabalhos em molduras, acompanhados de um mínimo de texto elucidativo. Mais do que explicações, esta exposição permite um confronto natural com as ideias do artista.
A exposição encontra-se organizada por país, uma vez que a arte de Banksy contém sempre uma mensagem diferente de acordo com a sua localização.
A exposição inicia numa galeria que reúne trabalhos do Reino Unido. Conta com algumas imagens, entre ela uma bastante ofensiva sobre a Rainha. Na opinião do curador, “Quando te queres impor na área artística, terás de fazer alguma coisa suficientemente chocante”.
Há também os “heróis” eleitos por Banksy, como os profissionais de saúde britânicos, durante a primeira fase da pandemia Covid.
Segue-se a zona de França, e somos confrontados com uma interpretação do retrato de Napoleão, que tem na mira a crise migratória. Volta ao tema, mais à frente, com uma imagem de curiosa de Steve Jobs, fundador da Apple, também ele filho de migrantes sírios.
Encontramos ainda, neste piso, a porta do Bataclan, a sala de espetáculos de Paris, onde houve um ataque terrorista em 2015. Essa porta onde Banksy desenhou uma jovem triste, foi roubada. O processo encontra-se a decorrer no tribunal de França onde, este mês, compareceram os suspeitos.
No piso de cima saímos da Europa. Viajamos até aos Estados Unidos da América, com uma passagem pelo retrato de Lenine. Segue-se uma área focada no conflito do Médio Oriente. Também aqui há um “Muro”, com arame farpado por cima, com o famoso “Rage, the Flower Thrower”. Há também uma divisão especial, com uma reprodução de um quarto do The Walled Off Hotel, o hotel com a pior vista do mundo, que está localizado em frente ao muro que Israel ergueu na fronteira com a Cisjordânia.
Haziz Vardar, o curador, é um grande admirador de Banksy. É também proprietário de vários teatros em França e Bélgica e, unindo os seus dois universos, procurou trazer para este espaço, as características e o ambiente de rua. A própria escolha da “galeria”, um espaço improvisado no centro de Lisboa, permite essa sensação underground, de algo inacabado ou feito de improviso.
Pelas suas características, seria impossível reunir as obras de Bansky numa galeria. Haziz Vardar entende por isso, que esta é a melhor forma de dar a conhecer a mensagem do artista e de a tornar acessível a todos. A exposição The World of Banksy: The Immersive Experience já esteve em Paris, Barcelona, Praga, Dubai e Milão. É feita por profissionais, que preferem manter o anonimato, e que reproduzem as obras de Banksy de acordo com a disposição e o espaço que a acolhe. Explica, por isso, que “cada exposição é única”. Esta, em Lisboa, demorou cerca de um mês a ser construída.
“As obras originais já não existem. Esse é um dos grandes problemas da street art. No verão passado, por exemplo, destruíram uma obra de Banksy que estava no Metro de Londres. Simplesmente, limparam-no!”.
Com esta exposição, Haziz Vardar procura atrair os poucos que conhecem realmente, e a fundo, a obra de Banksy, mas também todos os outros que nunca ouviram falar de arte de rua. “Não exige qualquer preparação prévia” explica-nos. A exposição fala por si e dá a conhecer os trabalhos das pessoas anónimas que fazem o seu trabalho nas paredes, muitas vezes de edifícios abandonados.
E o que acontece a todos estes trabalhos, pintados nas paredes, depois da exposição terminar? “Respeitamos as regras da arte de rua e destruímos tudo. Não queremos que as peças sejam comercializadas.”
E antes que isso aconteça, não perca a oportunidade de admirar estes trabalhos.
A exposição pode ser visitada na Capsule Gallery Lisbon, em Picoas, Lisboa (Rua Viriato, nº25), a partir do dia 24 de junho.
Abre diariamente, das 13h00 às 20h00 nos dias úteis e das 11h00 às 21h00 aos fins-de-semana. Encerra à segunda. Vai estar aberta aos feriados.
Os bilhetes podem ser adquiridos online e custam 12 euros (dos 13 aos 64 anos). Há desconto para jovens dos 6 aos 12 anos, estudantes (com cartão de estudante válido), maiores de 65 anos e grupos de 10 ou mais participantes (8 euros). A entrada é gratuita até aos 5 anos. Está ainda disponível um bilhete de família (2 adultos + 2 crianças) pelo valor de 28,50 euros.