Fado, Samba E Hip Hop Na Segunda Noite De O Sol Da Caparica

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Seu Jorge - O Sol da Caparica
Seu Jorge n'O Sol da Caparica

No segundo dia, O Sol da Caparica voltou a dar um conceito abrangente da música lusófona. Houve lugar para dançar com o fado popular de Mariza, pular com o hip hop de Carlão, sambar com a música de Seu Jorge e ainda recordar os antigos êxitos de uma das bandas que fez história em Portugal: os Jafumega.

O recinto voltou a encher-se de famílias que se foram distribuíndo pelos seus cantos preferidos. Seu Jorge, o cabeça de cartaz da noite, mostrou que é um artista com várias formas de expressão. Abriu logo com o seu tema mais conhecido, “Amiga da Minha Mulher” como que a dizer, “se só vieram cá ouvir esta, já estão despachados” e continuou depois para o seu universo musical, que abarca diferentes ritmos. Mas depois foi segurando o público, com aqueles temas que todos gostam de dançar, como “Mas Que Nada” e, mais à frente, a bonita canção, gravada a meias com Ana Carolina “É Isso Aí” (a versão brasileira de “The Blower’s Daughter”, um original de Damien Rice).

Antes, Mariza já havia posto o recinto do festival a cantar temas como “Rosa Branca”, “Barco Negro” ou “Melhor de Mim”. Foi uma atuação muito alegre, em que puxou sempre pelo público, para a acompanhar. Ainda que de curta duração, teve um semi-encore. A artista voltou ao palco, quando parecia que já tinha terminado. Despediu-se com a solenidade de “Gente da Minha Terra”.

Dou outro lado do recinto, a saudade ganhava espaço com a atuação dos Jafumega. Trata-se de um projeto da década de oitenta, constituído por músicos do Porto. A música “Ribeira” (imortalizada pelo refrão “A ponte é uma passagem, p’rá outra margem”), “Latin’ América” ou “Kasbah” são algumas das canções que marcaram o rock português e que se voltaram a ouvir esta noite, no Sol da Caparica, pela voz do seu singular vocalista, Luís Portugal. 

“Costa, que bom estar aqui de novo”, gritou Carlão no início da sua atuação, neste festival. Sempre com uma receção calorosa, a banda composta por alguns músicos que cresceram em Almada, faz questão de sublinhar a sua origem, com dedicatórias muito especiais. Trouxeram algumas novidades, neste concerto. “Bandida”, o mais recente single, foi uma delas. Uma música que soa a verão, e que marca uma nova colaboração entre os irmão Nobre. A letra é de Carlão e a composição e produção da responsabilidade de João Nobre.

Outra, foi uma versão de “Viver para Sempre” em colaboração com o projeto Porbatuka. Este é um projeto musical de percussão, com uma componente de movimento, coreografia e dança. Tem por objetivo a inclusão social, através da percussão e deixou a Caparica a vibrar com tão boa energia.

Antes de sair, Carlão deixou ainda um mimo: “Dialetos de Ternura”, um dos grandes êxitos dos Da Weasel.  

Fred mergulhou o Parque de Santo António num ambiente cinematográfico. Cenário ideal, para esta atuação. Torna-se impossível não estabelecer semelhanças com outro dos projetos que integra, os Orelha Negra. Antes, os The Happy Mess trouxeram a este palco o seu rock indie. A banda de Miguel Ribeiro, João Pascoal, Joana Espadinha, Hugo Azevedo e Afonso Carvalho apresentou temas de Dear Future (o seu último álbum). A banda mergulha numa synth-pop elegante. Partilhou um universo de canções que cruzam as guitarras com a eletrónica anos 80 e junta ainda as vozes de Miguel Ribeiro e Joana Espadinha.

Luís Represas não trouxe novidades, mas os temas que todos querem ouvir e cantar, em coro com ele. “Balada das Sete Saias”, “Saudade” ou “125 Azul” dos Trovante ou “Hora do Lobo”, “Da Próxima Vez” e “Feiticeira” foram algumas dos momentos altos deste alinhamento. 

Luísa Sobral abriu o palco principal. Sempre com muitas histórias para contar, e vários géneros para apresentar, andou pelo seu universo de melancolia, que extravasou num blues/ jazz.

No outro palco, a tarde começou com um jovem talento: Diana Silva. Seguiu-se a pop revigorante das Lookalike e depois Dany Silva tomou conta do ambiente “O meu nome é Dany Silva” anunciou-se, acrescentando que “venho trazer a música de Cabo Verde, mas não só”. Teria encaixado melhor na programação do primeiro dia, mas acabou por ser uma alternativa de sonoridade quente, para dar o primeiro pé de dança de uma longa noite.

O festival O Sol da Caparica volta hoje a abrir portas, com concertos a partir das 17h00. Os bilhetes já se encontram esgotados. Atuam, entre outros, Richie Campbell, Ludmilla, Gabriel o Pensador e Mishlawi.

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