Reportagem de Alexandra Gil (Texto e Fotos)
As Festas de Lisboa disseram adeus, até para o ano ao som do Voz e Guitarra. O projeto saltou dos discos para dois concertos, que nas noites de sexta e sábado, levaram até ao Terreiro do Paço cerca de três dezenas de cantores e músicos.
Olavo Bilac, Márcia e Vitorino foram apenas algumas das vozes que se ouviram na primeira parte do concerto, cuja abertura coube a Tim com “Por Quem Não Esqueci”, um clássico dos Sétima Legião. Já o fecho, esse foi feito com Jorge Palma, que encerrou a noite com “Foi Por Ela”, tema de Fausto, que disse vir muito a propósito da situação que se vive na Europa. O teor político esteve, aliás, patente em algumas atuações na sexta-feira, tendo subido de tom no sábado com os defensores do Não no referendo grego, no meio do público, a proferirem palavras de ordem.
Política à parte, a parte 1 do concerto teve momentos memoráveis, com destaque para Gisela João, que brilhou e empolgou o público ao interpretar Vampiros, de Zeca Afonso. David Fonseca também não deixou ninguém indiferente com a sua versão de “A Gente Vai Continuar”, tema de Jorge Palma, que considerou uma das melhores canções portuguesas de sempre. O ex-vocalista dos Silence 4 pediu desculpas antecipadas ao pai de Bairro do Amor, prometendo fazer o melhor possível, mas a crer no abraço no final da interpretação, esta não podia ter corrido melhor.
Os Dead Combo marcaram presença a solo e a acompanhar Márcia, que aproveitou para apresentar “Bom Destino”, um tema do novo trabalho. Olavo Bilac, esse apelou aos mais românticos com “Primeiro Beijo”, de Rui Veloso; enquanto Mafalda Veiga recordou o intemporal “Cavalo à Solta”.
[satellite auto=on caption=off thumbs=on]
E se Luísa Sobral espalhou doçura com o seu “Inês”, Vitorino gracejou com Cavaco Silva e prestou homenagem ao cante alentejano. Houve ainda tempo para Moz Carrapa, um dos guitarristas, interpretar o solo “Imaterial”.
De destacar a componente gráfica do concerto, que esteve a cabo de António Jorge Gonçalves, em ambas as noites. O ilustrador deu vida ao ecrã no palco com imagens em tempo real, que acompanharam os temas, sobrepondo-se à representação dos artistas criada para o mais recente Voz e Guitarra.
Para além de António Jorge Gonçalves, também Tim bisou na noite de sábado, acompanhado por Moz Carrapa e Mário Delgado. Sara Tavares seguiu-se-lhe, dedicando “Problema de Expressão” dos Clã àqueles que não sabem como colocar o seu amor em palavras.
Sem papas na língua esteve Carlos Nobre, mais conhecido como Carlão, que interpretou “Há Sempre Um Ma”. Pelo palco passaram ainda Rita Redshoes, João Pedro Pais, Luís Represas e Ana Deus na companhia de Luís Varatojo. O cartaz ficou completo com os nomes de Miguel Araújo, António Zambujo, Ana Bacalhau, Samuel Úria e Sérgio Godinho. Este último encerrou o concerto, mas a festa terminou mesmo com um espetáculo de fogo de artifício, que pôs os milhares de espetadores a olhar para o céu sobre o rio, onde uma imensa lua rivalizava com as luzes coloridas.