Se antes ninguém sabia muito bem onde ficava Cem Soldos, a pequena aldeia lá para os lados de Tomar, este ano já se ouvia pelos cantos: “ainda o festival não existia e já vinha passar férias aqui à aldeia”. É verdade, o Festival Bons Sons caiu em boas graças e é sem exageros que podemos afirmar que é o festival mais boa onda do país.
Vê-se nos sorrisos dos visitantes, recebidos de braços abertos pelos habitantes, e é dito pelos próprios artistas, que não se cansam de sublinhar que é uma honra poderem atuar num festival onde se sentem tão boas vibrações. Todos querem viver na própria pele um evento que em vez de ativações de marcas e caça aos brindes aposta um regresso à vida simples da aldeia: dois dedos de conversa no café com amigos, com os já tradicionais comes e bebes, e onde não faltam os tradicionais Jogos do Hélder que distraem a atenção dos smartphones, para não falar do espaço para as crianças brincarem à vontade e onde aqui e ali se ouve boa música portuguesa. O que podemos pedir mais?
13 Anos, 10 Edições
Na edição comemorativa do 10º aniversário, o Bons Sons assume-se mais do que um festival: é uma aldeia em manifesto e uma plataforma de divulgação de música portuguesa, tanto de projetos emergentes, como o reencontro com músicos consagrados. Para este ano, a organização preparou várias surpresas para quem rumou a Cem Soldos entre 8 e 11 de agosto.
Além de ter aumentado o número de palcos, com duas estreias, diminuiu a lotação do festival de 40 mil para 35 mil pessoas, para garantir que todos viviam a experiência no seu pleno. O fim de semana esgotou e os visitantes puderam assistir a concertos preparados especialmente para o evento, como foi o caso dos First Breath After Coma e Noiserv, num dos momentos altos do festival.
8 de Agosto
O dia em que os primeiros festivaleiros começaram a chegar a Cem Soldos e a montar as tendas nos campos circundantes ao recinto contou com um concerto da Orquestra Filarmónica Gafanhense. O primeiro dia também ficou marcado pela apresentação do livro Bons Sons x 10 – Uma Aldeia em Manifesto, sobre os 13 anos de existência do festival e uma forma de recordar edições anteriores.
Destaque ainda para o concerto que juntou Benjamin com Joana Espadinha no palco António Variações, o espetáculo dos Fogo Fogo, X-Wife e Diabo na Cruz. A noite já ia avançada quando o DJ João Melgueira encerrou o primeiro dia no palco Aguardela.
9 de Agosto
Apesar dos concertos só arrancarem ao início da tarde, a organização preparou várias atividades. Além de sessões de música para as famílias, este ano houve a primeira sessão de Música para Grávidas, um momento especial para quem aguarda o nascimento de um bebé.
Após a atuação dos Paraguaii foi a vez de um dos momentos mais aguardados da edição deste ano: o concerto que juntou a banda First Breath After Coma a Noiserv e que deixou o público completamente rendido e a pedir “só mais uma”. A vontade estava lá, mas a banda acabou por confessar que tinha esgotado o reportório para aquela noite.
Seguiu-se a atuação dos Budda Power Blues, uma das mais importantes bandas de blues nacional, com a cantora Maria João que, igual a si própria, conquistou o público com a sua voz poderosa. Este retribuiu à altura, o que deixou a cantora de jazz comovida.
10 de Agosto
Aquele que se apresentava como o dia mais forte do festival acabou por ter lotação esgotada para assistir à atuação poderosa dos Baleia Baleia Baleia, que conquistaram o público com o seu punk rock dançável, ou o regresso dos Três Tristes Tigres, banda formada nos anos 90 e que se preparam para lançar um novo trabalho em 2019.
A noite continuou com a atuação do DJ e produtor Stereossauro numa união dos universos hip hop com a música portuguesa e nem a chuva afastou o público de assistir aos últimos concertos da noite: os irreverentes Pop Dell’Arte e Tiago Bettencourt, um dos nomes mais conhecidos da nova música portuguesa. Para o final ficaram os concertos de Glockenwise com JP Simões, a que se seguiu a atuação de DJ Ride.
11 de Agosto
Para o dia mais quente do festival, a organização preparou algumas surpresas. Além dos jogos tradicionais que ajudaram a refrescar os visitantes, a temperatura subiu consideravelmente com a atuação de Pedro Mafama que misturou trap e kuduro com música eletrónica.
O início da noite assistiu ao concerto de Luísa Sobral, que cativou o público com várias histórias enquanto ia deliciando miúdos e graúdos com a sua voz melodiosa. A noite contou ainda com as atuações de Dino Santiago, que como já vem sendo hábito desceu até ao meio do público para a canção final.
O fim da festa contou com a atuação de Moullinex, que transformou em discoteca a praça central da aldeia. Foi uma festa bonita. Para o ano há mais.