De 23 a 26 de Junho, o centro histórico da cidade de Loulé, no Algarve, transforma-se, pela sétima vez, num palco de experiências culturais, de fusão de sons e sabores do mundo, e das mais variadas manifestações artísticas. Estão já confirmados alguns nomes de projectos que vão actuar nos palcos da Cerca e da Matriz, e no palco do Castelo, este ano dedicado em exclusivo ao que de melhor se faz em Portugal.
Para o primeiro dia está programada a actuação do compositor e realizador açoriano Zeca Medeiros, que certamente ficará marcada pela sua voz rouca e profunda. Também neste dia actua Amparo Sánchezé, embaixadora da música de fusão espanhola, que interpreta uma mistura de sons, do reggae ao bolero, da rumba espanhola ao ska e ao mariachi, com influências do som de Cuba.
O palco será ainda partilhado com Macacos do Chinês, que vão apresentar Ruídos Reais, que reúne composições originais de música urbana com influências de funk, soul, dubstep, grime e hip-hop. Este dia vai ainda ficar marcado pela passagem de dois herdeiros de músicos lendários. Enquanto o nigeriano Femi Kutti, filho de Fela Anikulapo-Kuti, aposta em ritmos afro-beat e de fusão entre o funk e o jazz, não descurando a mensagem política por trás da música; o guitarrista, compositor e letrista Vieux Farka Touré, descendente de Ali Farka Touré, é já considerado como uma das grandes figuras da música do Mali.
No dia 24 de Junho, o colectivo King Khan & The Shrines, conhecido pelas suas performances teatrais e pela utilização diversificada de instrumentos, entre eles, teclado, saxofone, guitarra, baixo, bateria, trompete e percussão, é mais um dos projectos a subir ao palco do Med.
Outra confirmação para o segundo dia do Festival é Cacique 97, considerado o primeiro colectivo nacional de afrobeat, com inspirações em Fela Kuti e nos seus ritmos yoruba e highlife africanos, jazz e funk, que nos transportam para a era tecnológica, com a ajuda de samplers e laptops. O talento nacional continua a estar bem representado nesta quinta-feira, com o cantor e compositor Mazgani.
Os Andersen Molière são outro projecto de jovens músicos portugueses, vencedores do concurso de talento Rock Rendez Worten’09, com actuação agendada para o Palco Castelo.
No dia 25 as bandas nacionais vão estar em alta, nomeadamente com a presença dos Anaquim, liderados por José Rebola, mentor, letrista e compositor do quinteto de Coimbra. O colectivo de música tradicional portuguesa Galandum Galandaina, oriundo do norte transmontano, também sobe ao palco neste dia; assim como o ‘one man show’ The Legendary Tiger Man, nome artístico de Paulo Furtado, um artista que canta e toca guitarra, harmónica e bateria sozinho em palco, estão já confirmados para actuar no palco Castelo.
Bernardo Sassetti, Mário Laginha e Pedro Burmester compõem o projecto 3 Pianos, outra das propostas portuguesas que subirá a um dos palcos principais do Festival Med. Os três pianistas, considerados a nata artística nacional, reúnem-se num encontro inédito onde emergem as suas formações clássicas, jazz e contemporânea portuguesa, entre solos, duetos e trios, num repertório variado e com composições próprias e recriações de peças de Bach, Mozart, Béla Bartók e Ravel. No mesmo dia, actuam os alentejanos Virgem Suta, de Jorge Benvinda e Nuno Figueiredo.
Mas como nem só de bandas portuguesas é feito o dia, os franceses Watcha Clan são outra das novidades desta edição do Med. O grupo francês é composto por quatro elementos de diferentes origens, o que se traduz numa grande variedade de influências na sua música: géneros oriundos do Norte de África, Espanha e França convergem com sonoridades árabes, hebraicas e com a música electrónica moderna.
Ao palco sobe ainda a Orchestra Baobab, um colectivo multi-étnico senegalês afro-cubano, fundado em 1970, que vingou no mundo artístico ao adaptar os sons cubanos então em crescimento na África Ocidental à tradição cultural dos grupos étnicos Wolof Griot e Mandinga de Casamança.
A encerrar o festival, que se realiza em m terras algarvias, os Mercan Dede & The Secret Tribe contam com a mestria do compositor, DJ e produtor turco, conhecido pelas suas composições de fusão, que unem a música tradicional turca e de outras origens orientais a sonoridades electrónicas. René Aubry também actua no Med nesta noite de encerramento, com as suas composições multi-instrumentais, misturando harmonias clássicas com sonoridades modernas, com fragmentos de voz e violinos.
Já lhe foram atribuídos créditos nos estilos clássico, ballet, new age, nouvelle vague, rock e variedades, entre outros. O último dia recebe ainda os Boom Pam, um colectivo israelita conhecido pelas performances que misturam sonoridades mediterrâneas, com o rock e a surf music, recorrendo a um poderoso trio de instrumentos: guitarra eléctrica, tuba e bateria.
Para encerrar com chave de ouro, os portugueses voltam a ocupar posição de destaque, com os Orelha Negra a apresentarem o primeiro álbum homónimo editado em Março. Saídos agora da garagem, mas já com mais de 80 temas preparados, este projecto instrumental mistura funk e soul, hip-hop, groove, samples e voz. O Palco Castelo recebe também os Diabo na Cruz. Virou! é o recém-editado álbum de estreia, que conseguiu virar o rock português de ‘pernas para o ar’. A banda provou que é possível misturar o rock com a música tradicional portuguesa.
Segundo a organização do Med, os bilhetes estão à venda, em todas as estações de CTT e estão disponíveis em três tipologias: bilhete diário, semanal ou premium, cujos custos de pré-venda são 12,5 euros, 40,5 euros, e 60,5 euros, respectivamente.
O bilhete premium, de que só serão vendidas 200 unidades, inclui bilhete semanal, t-shirt oficial do Med, estacionamento gratuito e vigiado durante os quatro dias de festival no parque de estacionamento municipal, junto ao tribunal, e entrada preferencial (porta especial).
Por Cristina Alves