O Prémio LeYa 2018 foi atribuído ao romance Tordo Arado, do brasileiro Itamar Vieira Júnior, anunciou ontem, dia 17 de outubro, a editora.
De acordo com a declaração do júri:
O Prémio LeYa 2018 é atribuído ao romance Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, pela solidez da construção, o equilíbrio da narrativa e a forma como aborda o universo rural do Brasil, colocando ênfase nas figuras femininas, na sua liberdade e na violência exercida sobre o corpo num contexto dominado pela sociedade patriarcal.
Sendo um romance que parte de uma realidade concreta, em que situações de opressão quer social quer do homem em relação à mulher, a narrativa encontra um plano alegórico, sem entrar num estilo barroco, que ganha contornos universais. Destaca-se a qualidade literária de uma escrita em que se reconhece plenamente o escritor.
Todos estes motivos justificam a atribuição por unanimidade deste prémio.
O júri foi composto pelos poeta Manuel Alegre (presidente do júri), o escritor Nuno Júdice, o professor de Letras, fundador e antigo reitor da Universidade Politécnica de Maputo, Lourenço do Rosário, o professor de Literatura Portuguesa na Universidade de Coimbra, José Carlos Seabra Pereira, a escritora e poeta angolana Ana Paula Tavares, a jornalista e crítica literária portuguesa Isabel Lucas e o editor, jornalista e tradutor brasileiro Paulo Werneck.
Dez anos depois, o Prémio LeYa, no valor de 100 mil euros, continua a ser o maior prémio literário para romances inéditos de todo o mundo de língua portuguesa. O concurso contou, este ano, com 348 originais provenientes de 13 países.
Itamar Vieira Júnior nasceu em Salvador, Bahia, em 1979. É escritor, geógrafo e doutorado em Estudos Étnicos e Africanos (UFBA). São de sua autoria os livros de contos Dias (Caramurê, 2012), vencedor do XI Prémio Arte e Cultura (Literatura – 2012), e A Oração do Carrasco (Mondrongo, 2017), obra selecionada pelo edital setorial de literatura da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Dois dos seus contos foram traduzidos e publicados em revistas especializadas na França. É colunista da São Paulo Review. Este ano é um dos finalistas do Prémio Jabuti na categoria de conto.
O Prémio LeYa já premiou os romances O Rastro do Jaguar, do brasileiro Murilo Carvalho(2008), O Olho de Hertzog, do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho (2009), O Teu Rosto Será o Último, de João Ricardo Pedro(2011), Debaixo de Algum Céu, de Nuno Camarneiro (2012), Uma Outra Voz, de Gabriela Ruivo Trindade (2013), O Meu Irmão, de Afonso Reis Cabral (2014), O Coro dos Defuntos, de António Tavares (2015) e Os Loucos da Rua Mazur, de João Pinto Coelho (2017).