Estávamos habituados à tradicional Nauticampo, que englobava todas as actividades de ar livre, o que dava maior dimensão ao evento, tornando-o mais popular e dai mais “vivo” e “quente”.
A separação por especialização dos eventos, face à pequena dimensão do mercado nacional e à crise económica actual, empobreceu ambos os eventos, dando a sensação de menor frequência e atracção da população.
Ao invés de se encontrarem em evento generalista todos os pavilhões, separados por especialidades, temos apenas dois pavilhões consagrados à feira especializada da náutica.
O carácter generalista da feira proporcionava uma abertura de horizontes comerciais, atraindo os consumidores a produtos diferentes ou alternativos aos que tinham em mente quando se propunham visitar a feira, podendo uma família interessada na aquisição de uma roulotte acabar por sair da feira com a aquisição de um barco, ou vice versa.
Temos que confessar que o maior interesse da nossa visita incidia sobre os veleiros, pois a nossa visita foi efectuada por uma “comissão” composta por três “velhos” praticantes da modalidade. Na entrada notamos a amável oferta da Rota e Destinos e a Auto Motor de Janeiro.
Já lá dentro e falando apenas de vela, deparamos com a “crise” instalada no sector, apenas quatro veleiros de porte médio/grande em exposição ( 2 Dufour 40e e 405GL , 1 Jeanneau Sun Odissey 39i, e o Bavária 32) os quais estão longe de constituir “novidades” surpreendentes ou inovadores para os aficionados e longe de atrair as “massas” populares face aos elevados preços e orçamentos de manutenção e estadia em doca.
Alguns expositores habituais, que outrora expunham várias unidades, vieram a esta feira com pequenos stands onde fazem mostra “virtual” dos modelos que representam.
Para além dos modelos acima referidos, para um orçamento mais ligeiro, só encontrámos um pequeno catamaran ligeiro (Dorguloff) e um outro com cascos insufláveis (SmartKat).
Quanto às embarcações a motor, área em que não nos movemos, pareceu-nos, contudo, algum comedimento na exposição de modelos, agora mais pequenos e modestos do que as “milionárias” lanchas outrora exibidas.
De salientar, a presença de duas pequenas embarcações tradicionais do nosso Tejo, as canoas à vela, “Raposinho” e “Cabo da Marinha”, totalmente escondidos num canto do segundo pavilhão.
A generalidade das marcas que representam produtos náuticos assim como algumas marinas e brookers marcaram presença.
Gostamos de ver algumas novidades em motores eléctricos e acessórios “híbridos” para embarcações médias, o que nos permite adivinhar um futuro próximo em que a falta de vento, não transforma as nossas viagens de veleiro, num suplício de barulho e fumarada.
Ficamos bem impressionados com a presença de alguns stands autárquicos com a divulgação da cultura e património das respectivas regiões, sendo de realçar o stand do Seixal onde se dava conta do projecto da futura Estação Náutica da Região de Lisboa, bem com a existência de uma oficina de construção de miniaturas de embarcações tradicionais.
A trabalhar no stand do Seixal encontramos, em plena actividade, uma simpática senhora septuagenária que se dedica à nobre actividade de construção e reparo das referidas miniaturas, a qual apresentava uma enorme alegria de viver e dedicação às suas artísticas tarefas.
De notar, também, a representação dos Açores que reunia vários pequenos balcões de actividades ligadas à náutica e observação marinha.
Por fim, de notar a quase ausência da industria nacional, não por falta de interesse no evento, mas pela dolorosa realidade de que, num “país de marinheiros” e “descobridores”, não há industria de construção naval, nem de fabrico de velas, nem de outros acessórios e produtos para a náutica.
Por Rui de Albuquerque Inácio Fotos Gabinete de Imprensa da FIL
Parabéns pela análise ao Lisboa Boat Show. Apenas um reparo, em relação à indústria nacional e, no que diz respeito à construção estavam representados os principais construtores de embarcações: Sirius / Obe; Marian Boats; Marlin e Sea Ribs (todas as marcas no stand da Yamaha); Levant; catamarãs Nautiber; Astec e Hydrosport (os dois últimos fabricantes de semi-rígidos).
Os meus agradecimentos ao Sr. Vasco Melo Gonçalves e desculpas aos leitores, pelo meu lapso.
Quanto às marcas que refere, as quais , sendo quase todas em lingua inglesa, levaram-me ao engano, para além da minha confessada ignorância (não má vontade) sobre a marinha motorizada.
Fico muito satisfeito com as boas notícias sobre a industria, pena que não seja a nível da vela de cruzeiro.
Para o ano que vem, vou fazer um levantamento sobre a origem dos produtos expostos.