No ar, pairou a nostalgia dos tempos em que a música se ouvia no leitor de cassetes. Aquela caixa que nos ensinou a conhecer a posição de todos os acordes nas músicas pois o ato de voltar ao início da faixa não era processado como que por magia, como hoje em dia, com um simples toque, mas no ajuste entre o FF e o REWIND, até acertar com o princípio.
Não é assim de estranhar que os temas mais bem recebidos ao longo da noite e aplaudidos com emoção viessem de outros tempos: “Rattlesnakes”, “Butterfly” ou “Perfect Blue”.
O próprio avisou “Se ouvirem pelo meio, um tema de que gostaram muito, mas não reconhecem é de Standarts” (trabalho editado este ano). E de facto pouco se sentiu, na sala lotada, com melodias que soam a mais do mesmo.
Depois de uma pausa de quinze minutos o músico regressou com os velhos êxitos em força: “Heartbroken” e “Jennifer she says” que arrancou o grande coro da noite e o aviso às palmas descoordenadas “Vocês são muito melhor a cantar do que na bateria!”. Intercalando com os temas mais recentes, e antes de introduzir o mítico “No Blue Skies”, o próprio ironizou “O mesmo homem, o mesmo ritmo…”. Tudo se lhe perdoa, ao entrar na máquina do tempo de “Don’t Look Back” e ouvir diretamente da voz do mestre “Life seems neverending / When you’re young”. “Hey rusty”, “Perfect Skin” e “Lost Weekend” foram apresentadas na reta final de uma noite que fechou com chave de ouro com “My Bag” e “Forest Fire”.
Lloyd Cole manteve-se sempre muito comunicativo, naquilo que o seu comedimento britânico permite. O público português, que o acompanha há gerações, não faltou a esta chamada. No final do espetáculo, o músico veio ao Foyer no cinema dar autógrafos e agradecer aos fans.
Este foi mais um dos concertos do Misty Fest, evento que se prolonga até dia 18 de novembro e que ainda vai trazer ao nossos palcos nomes como Scott Matthew, Ian McCulloch, Sophie Hunger e Spain entre outros.