A tenda está montada na primeira paragem da rota dos festivais de verão: a Ericeira. O Sumol Summer Fest começou com um sol radioso e uma temperatura amena, nem sempre habitual nas noites jagozes. O reggae deu lugar a uma pop mais eletrónica neste festival à beira mar plantado.
Com excelentes condições, o recinto em ligeiro anfiteatro permite que a visibilidade seja sempre boa para o palco. E mesmo os muito jovens conseguem acompanhar as movimentações dispensando os ecrãs.
Agir foi uma escolha acertada para a abertura do palco Sumol. O jovem rebelde está na lista das preferências desta tribo, fazendo com que o arranque deste Festival se fizesse logo, às 20h00, com o recinto bem composto. “Tiró pé do chão mano!”. O som é uma distorção monumental, mas ninguém se parece importar com isso. “Eu quero” e “Deixa-te de merdas” são letras que todos conhecem, da primeira à última fila. Carolina Deslandes entra em palco e a euforia é ainda maior. “Mountains” é o hit que partilham, trazendo, com este dueto, para o Sumol Summer Fest, um bonito momento. Antes de “Quando não estás” e “É só ligar” entraram entre recados sobre amores e desamores aos adolescentes. Um coro gigante em “Tempo é dinheiro” com as palavras a serem gritadas ao por do sol: “Se tempo é dinheiro eu vou gastá-lo contigo \ Até porque o tempo é tudo o que tenho para te dar \ Eu acho que o mundo inteiro concorda comigo \ Eu não quero desapontar!”.
Muitos desmobilizam depois de agir, mas regressam em forma para B4, o projecto musical composto pelos artistas Big Nelo e C4Pedro. Para além da energia em palco, os cantores trazem duetos de alguns temas produzidos por ambos. Muito interação com o público e uma convidada muito especial: Pérola. Um cartaz nas primeiras filas anunciava o 18º aniversário da Sara e a banda não quis deixar de proporcionar um momento especial à fã pondo todos a cantar os parabéns. “É Melhor Não Duvidar” embalou a público numa dança sensual coletiva, para despedida.
A sueca Tove Lo trouxe um dos grandes momentos da noite. Corpo de menina, a pisar o palco descalça, mas segura. Dona de uma voz forte, com o som aqui já em perfeitas condições, capaz de mostrar o seu potencial. Dançou e conquistou logo à partida, a entrar com “My Gun”, seguido de “Not on Drugs”. Estreia absoluta em Portugal, a tocar ao vivo, disse que já cá tinha estado em visita e não poupou elogios aos portugueses “You’re amazing!”. Em terra de surfistas, dacho que o tema “Talking Body” se encaixava nos presentes. Fechou o concerto os seus hits de sucesso: “Habits” e “Timebomb” o seu mais recente single.
O norte-americano Chance the Rapper trouxe muito swag the Chicago para espalhar pela Ericeira. Mais concretamente, do seu mais recente trabalho 10Day. É uma das mais recentes revelações no hip hop e trouxe muito ritmo com uma presença visual de suporte forte. Para quem não o conhecia, as letras em jeito de karaoke ajudaram a acompanhar “Sunday candy” e outros temas. “Juice” ficou para o fim, juntamente com “Paradise”: “I believe that if I fly, I’ll probably end up somewhere in paradise”.
Entretanto, no Palco Sound Academy, já se pode acompanhar a atuação dos Pow Pow Movement.
Com as imagens da tinta a cair, em slow motion, do vídeo produzido por Vhils, os Buraka Som Sistema entram com toda a força com “Stoopid”. Dão cerca de hora e meia de concerto carregado de temas fortes e bem dançáveis. A batida selvagem do kuduro angolano não é novidade para ninguém mas a verdade é que eles continuam a surpreender e a contagiar o público. Branko, Riot, Conductor, Kalaf e Blaya fazem com que a noite fique registada na memória. Antes de Vuvuzela (Carnaval) distribuem as ditas pelo público e deixam o aviso “Hoje ninguém vai dormir!”.”(We Stay) Up All Night”, “Parede”, “Van Damme” com umas imagens surreais do ator a passar em fundo, uma versão muito alternativa de “Vou Comer a Professora” com uma chuva incrível de confettis, “Aqui para vocês”, “Kalemba (Wegue Wegue)” ou “Candongueiro” foram alguns temas já conhecidos que se fizeram ouvir. Oportunidade ainda para mostrar e ensaiar ao vivo o novo “A Festa Acabou”: “A festa acabou / o mundo acabou/ don’t wanna go”.
Não, a festa não acabou e continua hoje. Já esta tarde na Praia de Ribeira d’ilhas com as imperdíveis aulas de Blaya e os DJ sets. A partir das 20h00 o festival regressa ao recinto do camping com Quem é o Bob? (tributo a Bob Marley), Slum Village, The Cat Empire, Rudimental e Richie Campbell no palco principal. Os bilhetes para o evento podem ser adquiridos no local habitual e para hoje custam 40 euros (preço diário).
Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva