Museu da Cidade Ganha Nova Vida e Notariedade e Vira Museu de Lisboa

Por Elsa Furtado

museu_cidade[dropcap]M[/dropcap]uitos não sabem que existem, outras já ouviram falar mas nunca o visitaram e alguns já por lá andaram, de sala em sala, de piso em piso, até aos jardins e aos pavilhões exteriores (o branco e o preto), mas poucos são os que são visitas assíduas. Assim se pode descrever, de forma algo simplista a relação dos lisboetas e dos que por aqui vivem com o Museu dedicado à História da Cidade e até agora instalado no Campo Grande e que o executivo camarário quer alterar.

Em vez de um museu localizado num dos eixos da Cidade, com alguns núcleos espalhados, a Câmara pretende agora, criar um museu que capte mais à atenção e que conte a História da Capital, nos seus diversos momentos e locais exatos, (embora o projeto  já tenha alguns anos ganha agora vida, só agora vê a sua concretização).

Começamos em baixo, junto ao Rio, no Torreão Poente do Terreiro do Paço, onde vai ficar instalado um dos novos núcleos museológicos do Museu, que explora a relação da cidade com o Rio e também uma ala que vai receber exposições temporárias.

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Seguimos para a Casa dos Bicos, no Campo das Cebolas, onde vai ficar instalada (paredes meias com a Fundação Saramago), o novo núcleo arqueológico da cidade, cujo espólio aqui presente remonta aos tempos mais antigos, com destaque para o período romano ( em estudo está ainda a possibilidade de abrir durante o ano as Ruínas da Rua da Prata, que atualmente só abrem uma vez por ano). Um núcleo que fica complete com a reabertura do Museu do Teatro Romano (atualmente em remodelação) e que fica na zona do Limoeiro.

Ainda na subida para o Castelo, junto à Sé, o Museu Antoniano, reabre agora renovado e rebatizado como Núcleo dedicado a Santo António, com um projeto museográfico mais atual e apelativo, (uma renovação que aposta também no turismo religioso).

casa_bicosNa outra ponta da Cidade, no Campo Grande, mantem-se o Palácio Pimenta, que passa a ser a sede do novo Museu de Lisboa – Museu Polinucleado do Território da Cidade, e com uma renovada exposição permanente, mas onde se vão manter algumas peças chaves para a compreensão da evolução da cidade, como por exemplo a famosa maquete de Lisboa, instalada na sala contígua à cozinha do Palácio.

A ideia de um Museu de Lisboa surgiu ainda em tempos da Monarquia, em 1909, mas até 1935 o espólio existente à época andou a saltar de local em local, desde o Convento do Carmo, a outros passageiros de somenos importância, até que na década de 30 muda para o recém adquirido Palácio da Mitra, na Rua do Açúcar (na zona de Xabregas), onde abre portas ao público a 25 de abril de 1942, como Museu da Cidade, e por aqui fica até 1973. Em 1979 é transferido para o Palácio Pimenta, onde está instalado até aos dias de hoje sob a designação que agora cai.

O atual Museu instalado no Palácio Pimenta, em tempos propriedade do Conde de Farrobo (o mesmo da Quinta de Sete Rios e do Teatro Thalia), apresenta um vasto espólio museológico, que conta a história e a evolução da cidade desde os tempos Pré-históricos até à Primeira Guerra Mundial, tudo ao longo dos dois pisos, e várias salas que constituem o Palácio. Uma visão da Cidade que vai agora ser alterada neste novo projeto museológico e com os diferentes núcleos.

Segundo a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, explicou numa entrevista à Agência Lusa, “O Museu de Lisboa vai passar a contar a História do Concelho através de cinco núcleos museológicos … através dos quais pretendemos dar uma ideia integrada, e que a História da cidade se conte a partir de uma exposição, que está num determinado edifício, ou de espaços muito concretos relacionados com essa própria história”, ou seja, contextualizar e integrar a História no espaço físico real.

Screen Shot 2014-07-10 at 05.00.02Esta nova vida arranca já no próximo domingo, dia 13 de julho, no Torreão Poente do Terreiro do Paço, com a inauguração da exposição Maresias – Lisboa e o Tejo 1850-2014, que aborda a relação da cidade com o rio, comissariada por José Sarmento de Matos, e que convida a uma viagem no tempo entre Xabregas e Santos. Patente ao público até 19 de dezembro, todos os dias, das 10h00 às 20h00.

Na segunda-feira, dia 14 inaugura o Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos, junto à Cerca Velha, e no dia 18 de julho, é a vez da inauguração do renovado Núcleo dedicado a Santo António, antigo Museu Antoniano.

O Museu do Teatro Romano está previsto reabrir no princípio do próximo ano, e o Palácio Pimenta vai ser alvo de uma remodelação faseada, não estando a data de finalização das obras ainda prevista.

Uma nova vida para um Museu quase centenário.

 

 

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