Deixamos o século XXI e entramos numa outra época, na mesma cidade, mas numa outra realidade, em que rinocerontes, zebras, elefantes e tartarugas, entre outros animais são novidade e em que Lisboa é não só a Capital de Portugal, mas também a Capital de um Império Poderoso do Ocidente e em franca expansão.
Este é o ambiente que a exposição A Cidade Global Lisboa No Renascimento nos apresenta no Museu Nacional de Arte Antiga, nas Janelas Verdes, até dia 9 de abril.
A fazer a introdução à época e à cidade que o visitante vai encontrar, as curadoras Annemarie Jordan Gschwend e Kate Lowe escolheram dois quadros (originalmente só uma tela), e que nos mostram como era a Lisboa de 500, em tempos pertença do coleccionador inglês Dante Gabriel Rossetti (1828-1882), e que se pensa a terá dividido nas duas telas agora existentes.
Obra de autor desconhecido, foi o ponto de partida para o livro The Global City: On the Streets of Renaissance Lisbon, publicado pelas comissárias em dezembro de 2015, e que posteriormente deu origem a esta exposição. Centrada essencialmente na Rua Nova dos Mercadores, uma das artérias principais da Lisboa de então e destruída pelo Terramoto de 1755, a mostra recupera memórias, documentos e objetos da época para nos dar a conhecer como era esta parte de Lisboa e a vida na Capital.
A obra mostra mercadores, saltimbancos, músicos, vendedores ambulantes, cavaleiros, joias, sedas, especiarias, animais exóticos e “outras maravilhas” importadas de África, do Brasil, da Ásia e ainda as casas altas e estreitas, uma galeria coberta, e colunas de mármore.
A exposição reúne cerca de 249 peças, propriedade de cerca de 80 colecções (entre 64 instituições e coleccionadores privados nacionais e 13 internacionais), e das quais se destaca estas pinturas propriedade da Society of Antiquaries of London – Kelmscott Manor e o o Chafariz de El Rei propriedade da colecção Berardo. E está dividida por seis núcleos: “Vistas de Lisboa: contexto histórico”, “Novas novidades”, “De África”, “Às Compras na Rua Nova”, “Animais dos Outros Mundos” e “A Casa de Simão de Melo”.
Entre as outras peças aqui apresentadas, para além de quadros, livros e mapas, destaque também para as porcelanas, objetos feitos a partir de marfim (e não só), tapeçarias, joias, e objetos religiosos, contadores, e animais, dos quais um rinoceronte negro africano, (taxidermizado nos anos 50 em Londres) é a figura que chama mais à atenção. O animal representa a “Maravilha de Lisboa” – descrita em vários relatos da época e que diziam nadava no Tejo. Entre muitas outras peças.
De realçar ainda a recriação do ambiente vivido na Rua dos Mercadores, através de sons, num corredor de ligação entre duas salas, e que proporciona uma experiência quase real.
A mostra pode ser vista na Galeria de Exposições Temporárias até dia 9 de abril, de terça a quinta e domingo, das 10h00 às 18h00, e às sextas e sábados das 10h00 às 20h00. O bilhete é o de acesso ao museu e pode ser adquirido no local por 6 euros. Clientes da Caixa Geral de Depósitos – patrocinador da exposição – têm acesso gratuito à exposição.