O sol voltou a brilhar no parque temático da música, no último dia da edição de 2018. As senhoras dominaram o palco mundo. Hailee Steinfeld, Ivete Sangalo, Jessie J e Katy Perry trouxeram muita alegria ao Rock in Rio Lisboa.
Foi um dia dividido a meio, pela transmissão do jogo do campeonato mundial de futebol. Havia, por isso, um colorido diferente na massa de pessoas, proveniente das camisolas vermelhas de apoio à seleção nacional. Um alinhamento mais pop chamou muitas famílias à cidade do rock. Cedo se estenderam as filas pelo recinto, para participar nas experiências proporcionadas nas marcas presentes no Rock in Rio.
Hailee Steinfeld, a cantora e atriz norte-americana abriu o palco mundo. Acompanhada de um corpo de bailarinos, a superstar apresentou os seus maiores êxitos, que têm captado, principalmente, um público muito jovem. Foi com “Love Myself”, um dos seus cartões de apresentação, que abriu o concerto. A cantora tem acompanhado a digressão de Kate Perry – a fazer a primeira parte – e chegou aqui a um público mais vasto. Com a timidez da juventude, foi agradecendo o carinho e distribuindo muitos sorrisos. O tema “Capital Letters” que faz parte da banda sonora original do sucesso de bilheteira Fifty Shades Freed, “Starving” e “Let Me Go” (tema produzido pelo DJ e produtor Alesso) foram algumas das canções que trouxe.
À EDP Rock Street, Selma Uamusse trouxe as suas raízes de Moçambique. Sempre em interação com o público, a cantora explicou algumas das tradições e envolveu os presentes nas cores quentes das capulanas.
A fechar, a ousadia uma de dança para a qual convidou os músicos. Uma energia tribal única, num recinto tão universal como é o do Rock in Rio.
Num horário ajustado à transmissão de futebol, Carlão subiu ao palco do Music Valley. Com o sol ainda alto, teve de chamar várias vezes o público para se juntarem à festa. Acabou por ser a própria musica a falar mais alto e a preencher este lado do recinto, à medida que o concerto avançou. O cantor aproveitou a ocasião para desvendar alguns dos seus novos temas. A estreia fez-se à entrada com um dos novos de Entretenimento, o álbum que tem data de lançamento previsto para setembro. Este trabalho conta com a participação de convidados como Slow J, António Zambujo e Manel Cruz, entre outros. Ao Rock in Rio, Carlão trouxe Slow J.
“Contigo”, o avanço deste novo trabalho, foi um temas que mais gente chamou para a frente de palco. Ainda com esperança na seleção de Portugal, Carlão trouxe a indumentária adequada. Mostrou-se visivelmente feliz, com a presença da família na plateia.
Também em horário antecipado, como entrada marcada, no palco mundo às 17h45, Ivete Sangalo voltou a “tirar o pé do chão” no Rock in Rio Lisboa. Presença assídua, desde a primeira edição, espalhou alegria. A festa começou com confeties no ar, ao som de “O Farol”. As canções são sobejamente conhecidas e o ritmo contagiante. Sempre a pular, o público canta e dança. Ivete não se cansa de agradecer. Na sua interpretação, percorre todo o espaço do palco e incentiva as pessoas a acompanha-la. Traz novas músicas e ensina os refrães, de forma a integrar melhor os admiradores nesta espetáculo. Trouxe uma surpresa absoluta, o que ela chamou de “inspiração”, a sua colega da Bahia Daniela Mercury.
Depois da pausa, e da desilusão, com a derrota de Portugal, o Rock in Rio voltou à música com Jessie J no palco principal. A escultural cantora entrou com a bandeira de Portugal. E com esse gesto, conduziu as emoções para a música e para um espetáculo cheio de energia. Trouxe temas do seu mais recente trabalho R.O.S.E . Um acrónimo para realizations (realizações), obsessions (obsesses), sex (sexo) e empowerment (capacitação). Uma espécie de resumo daquilo que é uma mulher. Todos estes tópicos são explorados nas suas músicas. Ao vivo, Jessie J complementa com o seu lado mais humano. Tem uma palavra para todos, cria grande proximidade com as pessoas, ao partilhar pequenos momentos da sua vida e da sua experiência enquanto compositora. Ficou a atuação com os temas fortes: “Bang Bang” e “Price Tag”.
Também com muita dança, mas mais hardcore, Blaya agitou o Music Valley. Com coreografias vibrantes, muita mensagem crua e sem subtilezas, a cantora conquistou a plateia que ficou aos pulos. O hino deste verão “Faz Gostoso” entrou em dose dupla e a loucura instalou-se quando Blaya recuperou, num medley, alguns dos temas dos Buraka Som Sistema. Esta festa, teve ainda um voluntário em palco, uma “bicha louca” que encenou uma dança muito peculiar, que deixou o público perdido de riso. Uma atuação inesquecível!
Pela primeira vez no Rock in Rio Lisboa, Katy Perry trouxe à Cidade do Rock a sua digressão mais recente álbum Witness. Uma grande produção, que raras vezes se encontra integrada num festival, pela quantidade de adereços e cenários que compõem este espetáculo. A cada três músicas, a cantora mudou de roupa, e o cenário reinventou-se. Sempre com um denominador comum. A pop, a cor, a festa.
A artista vai estabelecendo uma comunicação segura com o público. Depois de algumas novidades, pergunta se querem ouvir alguns dos temas preferidos. E sim, ainda que entontecidos pelos cenários ofuscastes, onde não faltam bailarinos a fazer acrobacias, o público também quer as músicas que sabe de cor. “Chained To The Rhythm”, o principal single deste álbum de estúdio, é uma dessas preferências.
Estabelece uma proximidade ainda maior ao partilhar que o seu bisavô é açoreano. “Sinto-me um pouco como vocês”reforça a ligação. “Teenage Dream”, “Hot n Cold”, “California Girls” e “I Kissed a Girl” fizeram parte deste alinhamento. Pelo meio, flamingos e insetos gigantes, um tubarão acompanham-na no palco. O essencial aqui não é a música, mas um espetáculo que impressiona, até mesmo pelo guarda roupa tecnológico que usa.
Para o fim, “Roar”, “Pendulum” e “Firework” encaminham o público para a saída ainda a repetir os refrões.
O fogo de artífício, neste último dia, encerrou a edição do Rock in Rio Lisboa.