O Rock Português de Paulo Gonzo, Jorge Palma e Tim no Segundo Dia do Sol da Caparica

Paulo GonzoCom menor afluência, o segundo dia do festival O Sol da Caparica apontava a faixas etárias mais maduras. Os sons lusófonos a chegar de várias latitudes: Dino d’Santiago a trazer o ritmo de Cabo Verde,  Paulo Flores com a cadência de Angola, Vitorino a cruzar a fronteira do Alentejo em direção a Cuba com os seus amigos Son Habanero, Tim, Jorge Palma e Paulo Gonzo a recordar o rock clássico português.

Tempos de atuação curtos, a permitir alinhamentos recheados de grandes êxitos fizeram com que cada um deles tivesse o seu momento de comunhão com o público: ora canto eu, ora cantam vocês.

Era poucos os que passeavam pelo recinto às 18h00, quando Dino D’Santiago abriu o primeiro palco com os ritmos de Cabo Verde. Concerto tranquilo, a por a dançar sobretudo as bailarinas do grupo que atuou de seguida num palco adjacente. O público despertou já quase no final, com a presença em palco de Nish Wadada e NBC para uma travessia no Atlântico até à Jamaica, com a versão de “Redemption Song”. Fecharam com o tema “Djonsinho Cabral”. Seguiu-se a música tradicional portuguesa com a Brigada Victor Jara. Acabam de celebrar quarenta anos de atividade e tocam música de Trás-os-Montes. Sons que entram na nossa zona de conforto, compasso reconhecido que quase nos faz dar um pulinho de dança. Abriram com “Arriba Monte” e trouxeram, entre outras, “Chula de paus”, “Pézinho da Vila”, “Faixinha Verde” e “O Anel que Tu Me Deste”.

solcaparica2_25Os Oquestrada, banda nascida e criada em Almada, não tiveram dificuldade em conquistar o público logo desde os primeiros momentos. Tocaram alguns temas mais antigos e bem conhecidos e mantiveram a animação sempre com uma postura muito divertida. “Como é viver numa terra de fado, mas em que se ouve Billy Idol no rádio e do bacalhau, que vem da Noruega” foi como Miranda, a vocalista dos Oquestrada introduziu o tema “Este É o Meu País”. “Oxalá Te Veja”, “Resgate”, “Prometo Não” e “2º Andamento” foram os temas com que se despediram.

Vindo diretamente de Angola, a voz quente de Paulo Flores abriu o palco principal. Defensor do semba, o cantor tem já mais de 25 anos de carreira com edição regular de discos. Com um largo sorriso vai interpelando o público e deixa, com a sua música e movimentos, o seu orgulho no povo angolano.

Do outro lado do recinto, a atenção vai para os Paus, que apesar de uma formação de apenas quatro músicos, conseguem fazer-se ouvir mais, do que todos os outros participantes do festival juntos. As baterias de Hélio Morais e Joaquim Albergaria parecem entrar em competição, sem que isso represente algo de bom para os ouvidos de quem assiste. Mas quem lá está parece saber ao que vai e acompanha com atenção o caos sonoro. Deram lugar aos Linda Martini, que continuaram a conquistar decibéis no espaço, chegando mesmo perto a interferir com quem assistia calmamente à atuação do palco principal.

Vitorino trouxe os seus cantares alentejanos, mas deu-lhes outra embalagem, com os músicos cubanos Son Habanero. Zeca Afonso foi um dos nomes recordados durante a sua atuação, com os temas “Traz Outro Amigo Também” ou “A Morte Saiu à Rua”. “A Queda do Império” que não podia faltar neste alinhamento.

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Tim, no palco principal, reúne já uma plateia confortável. É um repetente desta edição do festival, marcando presença todas as noites com formações diferentes. Abriu com “A Estrada”, continuou para “O Melhor Amigo” e cantou “Por Quem Não Esqueci” antes de anunciar um convidado: o aniversariante João Cabeleira, que aceitou o convite para esta festa tão especial. “Lisboa”, “Voar” e “Túnel” fecharam este encontro emocionante.

Seguiu-se um Jorge Palma, focado na sua prestação e a dar mostras das suas reais capacidades. A intercalar a guitarra com o piano, letras a correr sem interrupções ou sobressaltos inesperados, um concerto como não assistíamos há muito “Dormia Tão Sossegada”, “Imperdoável” e um mimo à plateia “What na amazing crow” gritou antes de avançar para “Cara de Anjo Mau”. A sucessão de êxitos a fazer vibrar o público: “Dá-me Lume”, “Deixa-me Rir”, “Frágil”, “A Gente Vai Continuar” e o muito pedido “Encosta-te a Mim”.

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E como se de um desfile de amigos se tratasse, o artista seguinte que subiu ao palco veio dar uma quase continuidade ao espetáculo. Paulo Gonzo, acumula anos de carreira e a simpatia das famílias que sabem de cor os seus temas e os cantam emocionadas. “Falamos Depois”,  “Diz-me Tu”, “Leve Beijo Triste”, e “Sei-te de Cor” antes de deixar recados dos ausentes que não puderam estar presentes, mas cujos temas todos querem ouvir: Anselmo Ralph com “Ela É” e Ana Carolina em “Quem de Nós Dois”. “Jardins Proibidos”foi mais um gigante coro da noite, apenas superado com “Dei-te Quase Tudo”. Neste último, com direito a despique, provocado pelo cantor, entre o público feminino e o masculino. A fechar, o regresso a tempos idos com “So Do I”, com a repetição de “Sei-te de Cor” caso alguém se tivesse esquecido…

O festival O Sol da Caparica continua hoje com Tiago Bettencourt, Agir, Regula, Miguel Araújo, Batida e Xutos e Pontapés.
Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam 15 euros (dia). As crianças não pagam até aos 6 anos.

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

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