O Teatro da Cornucópia estreia no próximo dia 28 de junho o espetáculo O Sonho da Razão, numa colagem de Luís Miguel Cintra de textos de Diderot, Voltaire, Marquês de Sade e Voisenon.
A peça é adaptada e encenada por Luís Miguel Cintra e conra com as interpretaçõesde Dinarte Branco, Leonor Salgueiro e Luís Miguel Cintra.
Uma rapariga toma conta de um filósofo que parece moribundo. Vem o padre, vem o médico, vampiros tanto do pensamento do velho, como da inocência da moça. A paixãopela Liberdade e pela Razão, o sonho de um pensamento novo e de uma nova humanidade descamba em pesadelo, povoado por galos e galinhas. O célebre diálogo do Marquês de Sade entre o padre e o moribundo e o cinismo de uma mundana marechala vêm pôr fim ao pequenodies irae. É um jogo cénico para três actores, criando novo texto a partir de trechos dos diálogos filosóficos dos iluministas franceses. São questões tão graves como a Civilização face à Barbárie, a hipocrisia Social, o Casamento, a Igreja Católica, os privilégios de classe, o valor subversivo da libertinagem, a conquista da Liberdade, etc. que são abordados em tom de brincadeira. Esconde-se atrás destes textos a vontade de uma mudança social pré-revolucionária. A revolução de 1789 virá trazê-los para a vida pública. O espectáculo inventa os corpos frágeis das vidas humanas por onde a História sempre passa. E os ultrapassa. Passados uns anos, a vida humana já se pode tornar em teatro de boulevard. E rouba o título à famosa gravura de Goya: O sonho da razão engendra monstros.
O espetáculo vai estar em cena de 28 de junho a 8 de julho, e de 17 a 29 de julho, no Teatro do Bairro Alto, de terça a sábado às 21h00 e domingo às 16h00. De 5 a 8 de julho integrado na programação do Festival de Almada. Os bilhetes vão estar à venda nos locais habituais a partir de 15 euros.
Texto de Clara Inácio