No primeiro dia da 2º edição do Optimus Primavera Sound do Porto, cerca de 23 mil festivaleiros de várias nacionalidades rumaram como andorinhas até ao Parque da Cidade ansiosos por aquele que, provavelmente, é o melhor festival do país.
Os visuais descontraídos, as coroas de flores nas cabeças e as toalhas estendidas nos vários hectares de relva verde, convidavam a uma autêntica celebração da Primavera ao som de grandes nomes da música alternativa. Num dia de grandes momentos musicais em palco, o destaque vai para as atuações de Nick Cave & The Bad Seeds e James Blake.
Com apenas dois palcos em funcionamento lado a lado, o primeiro dia arrancou a meio gás: o público conseguia correr de palco em palco entre os concertos, sem ter de fazer as escolhas difíceis a que este tipo de festival obriga. A abertura ficou a cargo do trio espanhol Guadalupe Plata e dos Merchandise, que foram reunindo uma pequena plateia em frente aos dois palcos. Pouco depois, ao pôr-do-sol, foi a vez do indie rock dos Wild Nothing subir ao palco com temas como “Nocturne”, “The Blue Dress” e “Ride”.
Perto das 21h00, os The Breeders encheram o Parque da Cidade com a nostalgia dos anos 90. Para comemorar o seu 20º aniversário, a banda estadunidense de rock alternativo trouxe ao Primavera Sound uma versão ao vivo do clássico álbum “Last Splash”, de 1993. Seguiram-se os australianos Dead Can Dance. Apesar da grande audiência que se juntou para ver Lisa Gerrald e Brendan Perry, a dupla não conseguiu envolver o público e o concerto acabou por se tornar numa música de fundo agradável para as conversas entre amigos na relva.
Pouco depois, deu-se um dos pontos altos da noite. Apesar do frio que se fazia sentir no recinto, Nick Cave, acompanhado dos Bad Seeds, conseguiu aquecer a legião de fãs que esperava ansiosamente pela atuação do australiano. Vestido de negro e com um ar provocador e insolente, Nick Cave conquistou o público ao som de temas como “From Her To Eternity”, “Red Right Hand” e ”Jack The Ripper”. A atuação selvagem e as letras sombrias fazem de Nick Cave um génio da música louvado por diferentes gerações e um dos nomes que, com certeza, ficará na história desta edição portuguesa do Primavera Sound.
Os penúltimos a subir ao placo no primeiro dia de festival foram os Deerhunter. A banda de Atlanta trouxe “Halcyon Digest”, editado em 2010, e o seu mais recente “Monomania”, numa atuação excelente com ritmos frenéticos que não deixaram a plateia indiferente.
Já passavam das 2h00 da manhã mas ainda eram muitos os resistentes que permaneciam no recinto à espera da atuação do londrino James Blake, um dos mais recentes fenómenos de culto da eletrónica mundial. O jovem prodígio trouxe ao Porto o último trabalho “Overgrown”, levando a plateia, já quase vencida pelo cansaço e pelo frio, a entrar de corpo e alma no ritmo dos sintetizadores num concerto intimista e descontraído que fez daquele o final de noite perfeito.