Um espetáculo dos Quatro e Meia não é só um concerto de música ao vivo. São matrioskas de momentos, canções, cenários, diálogos, figurinos, convidados e emoções, pensadas ao detalhe, para que um instante, ainda que breve, se torne um momento inesquecível. Foi assim, na Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, no Porto, no último dia de abril. A saudar uma nova fase do desconfinamento e deixar para trás meses de emergência, numa renovada esperança e num indescritível otimismo que nos deixa com a certeza de que… o melhor começou ali!
Há sede de cultura. Apesar das óbvias restrições, das máscaras, dos cotovelos (que não fazem esquecer os abraços), do distanciamento, da medição de temperatura e do álcool gel, da ausência de sorrisos, apesar dos pesares…. há uma imensa vontade de ver e ouvir música ao vivo. E as palmas! Que saudades de palmas, de encores, de trautear as músicas – mesmo fora de tom, de lanternas ligadas e de braços no ar!
O concerto Só Mais Um Instante, integrado na digressão de apresentação do segundo álbum dos Quatro e Meia, O Tempo Vai Esperar, é um Hino ao Tempo, «o nosso bem mais precioso». O espetáculo começa numa tela gigante, onde o tempo voou e levou os instantes que não foram vividos. Antes disso, uma dedicatória, aos mais isolados, aos mais vulneráveis, aos que partiram sem “Adeus”: a noite adivinhava-se repleta de emoções!
“Só Mais Um Instante” marca o arranque do concerto homónimo. Seguem-se “A Manta do Teu Coração” e “O Tempo Vai Esperar”. Pudesse, o tempo esperar «tal como eu lhe pedi» para uma noite «absolutamente divinal». É tempo de agradecer ao público, aos técnicos, aos parceiros, aos promotores e agentes. É tempo!
E, nas palavras do Tiago, um «copo meio cheio», porque ainda que «não se possa encher a Arena à bruta», estava uma «plateia de categoria», para um concerto dedicado aos mais vulneráveis, sem esquecer «o quão privilegiados somos por estar aqui».
No alinhamento, tempo para “A Canção do Metro” e aos primeiros acordes de “Se eu Pudesse Voltar”, a entrada de Pedro Tatanka, ao som do solo de violino. A combinação de vozes, de letra e de música é arrebatadora. Fórmula mágica revisitada no tema “Estrelas”, composto pelo vocalista dos The Black Mamba.
“Coisas Tão Bonitas” precedido de um solo de acordeão. Novo intervalo para os diálogos hilariantes do Tiago e do Pedro, uma nova lista de agradecimentos, entre público, promotores, agência, técnicos e parceiros. O mote para «vocês sabem assobiar?» e a fantástica presença de Carlão em palco, com “Assobia Para o Lado” e “Bom rapaz”.
“A Terra Gira”, «em contramão / Ficamos tontos sem direção / Corremos até nos faltar o ar» e “P’ra frente é que é Lisboa” marcam o fim do concerto, que estava, na verdade, longe do final.
A tela gigante volta a iluminar-se e a frase suspensa do instante que «não desfrutei como se pudesse ser o último». O público portuense não deixou créditos por mão alheias e vibrou como se fosse o primeiro concerto, como se fosse o último.
No encore, “Sabes bem”, “Pontos nos Is”, “Não respondo por Mim” e o “Baile de São Simão”. Tão fácil «esquecer o mundo ao nosso redor» e dar-lhe cor!
No final, o segredo mais bem guardado, um convite massivo para voltar a estar com a banda, no dia 25 de junho de 2022, no Estádio Cidade de Coimbra. Os “rapazes” jogam em casa e querem “encher as bancadas”, prometendo “Só Mais um Instante” indelével!
Se eu pudesse voltar
Ao tempo que passei
Queria poder tentar
Aquilo em que só pensei
Vamos fazer acontecer!