Se você é uma daquelas pessoas que pensa que o Palácio Nacional de Queluz é, e sempre foi cor-de-rosa, desengane-se. Uma investigação recente, com análises laboratoriais de amostras de reboco, investigação documental e desenhos e fotografias antigas mostrou que pelo menos as fachadas viradas para os jardins, eram em azul.
Em consequência desta descoberta, e após uma análise exaustiva e um profundo debate, a Parques de Sintra, entidade atualmente responsável pelo monumento nacional, decidiu que o palácio vai retomar a sua cor antiga e voltar a ser pintado de azul.
“Existem diversos indícios que indicam o azul como sendo a cor original do edifício. Um desenho aguarelado de 1836, existente na Torre do Tombo, mostra claramente a coloração do Palacio em tons azul e ocre; análises conduzidas no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, pelo Professor José Aguiar, sobre um pedaço de reboco original encontrado em 1987 por detrás de um dos bustos adossados às fachadas sobre os Jardins, revelaram a presença de vidro moído de cor azul; durante trabalhos de restauro, em 1997, foi encontrada mais uma amostra acinzentada (cor resultante da acção da água no pigmento azul) por trás de outro busto; mais recentemente, a Parques de Sintra encontrou, em zona de mais difícil acesso, vestígios de cor azul. Acresce que a presença de azul-cobalto (proveniente de vidro moído nas duas amostras) foi confirmada por análises recentes realizadas no Laboratório Hércules da Universidade de Évora.”, explica a Parques de Sintra em comunicado.
Em antevisão da nova imagem, e enquanto as obras decorrem, foi colocado no troço central da fachada principal sobre o Jardim do Palácio um andaime protegido por uma tela que mostra a antevisão do que se pensa ser a decoração original.
Por detrás desta tela, está a decorrer um estudo mais aprofundado de vários elementos (cantarias, esculturas, gradeamentos de varandas, caixilhos, portadas e rebocos), que se encontram muito degradadas e que ao longo dos tempos foram sendo pintadas com cores e tons diferentes. De seguida, o troço em estudo será restaurado integralmente, nele ensaiando materiais, técnicas e composições decorativas (molduras e fingimentos) que serão depois avaliados para aplicação nos restantes.
O Palácio de Queluz é o mais importante exemplo de arquitetura barroca portuguesa, datado da segunda metade do Seculo XVII, e além da fama dos seus jardins é também a residência da Escola Portuguesa de Arte Equestre.
Texto de Teresa Leal