Reportagem de Ana Filipa Correia (texto e fotografias)
Foi um Campo Pequeno enamorado que recebeu Paulo Gonzo, ao som de “So Do I”, no espetáculo no âmbito da segunda edição do festival Às Vezes o Amor, a iniciativa de música do dia dos namorados que abrange Portugal de norte a sul, com concertos em várias cidades ao mesmo tempo.
À terceira música, Paulo Gonzo pegou na guitarra para tocar os acordes de “Falamos depois”. O público foi aquecendo nesta noite chuvosa para receber com aplausos “Diz-me tu”. Num palco cheio de ramos de rosas brancas e gerberas vermelhas, a lembrar que o amor era o tema da noite, a sexta música só entrou à segunda porque apesar de ser “Brinquedo”, Paulo Gonzo levou todo o espetáculo muito a sério.
Ao som de “Sei-te de cor”, Paulo Gonzo pediu: “podem cantar, podem e devem” e o público respondeu em coro:
Sei de cor
Cada traço do teu rosto, do teu olhar
Cada sombra da tua voz e cada silêncio,
Cada gesto que tu faças,
Meu amor sei-te de cor
Houve tempo também para lembrar o ambiente e as energias renováveis com “Espelho de água”, o tema escrito de propósito para a campanha da EDP.
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A saga de um botão perdido do casaco fez o público rir apesar de Paulo Gonzo não ter achado piada nenhuma à situação. Mas o reencontro com o dito cujo, quase no final do concerto foi motivo para abraços efusivos ao guitarrista que o encontrou. “Para Quem de nós” 2, canção que Paulo Gonzo gravou em dueto com Ana Carolina, houve uma interpretação com versos cantados com sotaque brasileiro e português e um aplauso pedido para a artista.
Entretanto, Paulo Gonzo trocou a garrafa de água por um copo de vinho branco para brindar ao amor antes de “Gravity”, música que antecedeu os celebérrimos “Jardins Proibidos”, para os quais pediu um Campo Pequeno a cantar de pé, o qual o público não negou.
Lembrando que o amor é uma espécie de vulnerabilidade, Paulo Gonzo dedicou o espetáculo a Pequenina Rodrigues, a namorada que faleceu o ano passada, vítima de um acidente de viação. As homenagens da noite incluíram ainda o recentemente falecido David Bowie, com Blue Jean. “Too Soon” e “Bright Lights” antecederam o final extraordinário com “Dei-te quase tudo”. O público voltou a levantar-se para a despedida numa noite em que Paulo Gonzo nos deu, de facto, quase tudo.
Depois de muitos e ruidosos pedidos de uma assistência que se recusou a abandonar a sala, um encore que não estava planeado trouxe-nos um solo de piano numa introdução de blues que antecedeu “Hard Times, She”, cantada de joelhos em palco para finalizar com “Sei de Cor”.