“Meus Deus Porquê” foi o refrão que mais veio à cabeça, ao sair do Campo Pequeno, no final do concerto de Plutónio, este domingo. O mundo mudou, desde o último concerto do rapper, em fevereiro no Coliseu, para apresentar o seu mais recente trabalho Sacrifício: Sangue, Lágrimas, Suor. Mas a confiança com que se entrega às rimas mantém-se, sempre forte.
O ambiente do Bairro da Cruz Vermelha, de onde é natural o músico, foi recriado no palco do Campo Pequeno. As linhas arquitetónicas, o “Café Real”, os graffitis na parede, o poste de luz, onde não faltam os ténis pendurados no cabo de eletricidade, são alguns dos elementos que compõem o cenário. Os músicos vestem de igual, t-shirts alusivas ao mais recente trabalho editado. Plutónio movimenta-se em palco com a energia de sempre, a aproveitar todos os momentos para agradecer a quem está presente e a quem permitiu que esta iniciativa tivesse lugar.
“3AM” abriu o curto alinhamento, de cerca de hora e meia. O público, muito jovem, reage desde o primeiro momento. Vozes que se fazem ouvir e que acompanham o cantor. Os corpos estão fixos aos lugares, mas abanam ao ritmo das canções. Há muitos telemóveis no ar, prontos a registar os melhores momentos. De forma espontânea, acendem-se as luzes em “Meu Deus” e o recinto, ainda que com uma lotação reduzida, ganha alma. Sim é possível voltar a ter a experiência de um concerto, com segurança, nos tempos conturbados que vivemos.
Plutónio interage sempre com o público entre temas. Pede para que cantem com ele, dá explicações sobre o que vai cantar de seguida e partilha a felicidade de voltar ao palco “Se vocês estão a curtir metade do que eu estou a curtir, significa que estão a ter uma noite do caraças!”.
“Não Vales Nada”, “Última Vez”, “Damas e Dilemas” ou “Vergonha na Cara” foram das canções que tiveram mais êxito. Quando anuncia estar perto do final, ouvem-se as vozes do descontentamento, mas redobram em força para o acompanhar em “Somos Iguais” e “Cafeína” para a saída.
A festa foi rija, no “bairro”, neste final de tarde e público sai para a rua sem grandes certezas sobre o próximo encontro. “Meu deus, porquê?”
O Santa Casa Portugal ao Vivo tem mais espetáculos agendados para os meses de novembro e dezembro em Lisboa, no Campo Pequeno e no Porto, no Super Bock Arena. Para o Campo Pequeno, estão previstos: Carminho , Fernando Rocha , Branko , Rodrigo Leão , Richie Campbell , César Mourão , Mariza , Áurea , Os Quatro e Meia ; Camané e Mário Laginha , David Carreira ; The gift ; Tiago Nacarato & Bárbara Tinoco ; Anjos ; Fernando Daniel; Mishlawi e Rui Veloso.
Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e online.