Em chamas, foi assim que terminou o último dia do Rock in Rio 2010, com a actuação grandiosa dos alemães Rammstein, num dia dedicado ao metal e à música mais pesada e que levou até ao Parque da Bela Vista 36 000 pessoas, na sua maioria vestidas de preto e com um visual mais escuro que o habitual.
O último dia do Rock in Rio de Lisboa já tem a tradição de ser diferente dos restantes, o cartaz é mais pesado e o público que aqui vem tem gostos e atitudes diferentes também. Hoje não interessa a caça ao brinde, ou o andar nas diversões, o objectivo mesmo é ouvir algumas das mais importantes bandas do metal que aqui vêm, como os Rammstein ou os Megadeth. O “moche” é prática comum nos concertos, e o reforço policial, de segurança e de assistência médica também é visível, ao fim ao cabo, o público deste tipo de música é considerado mais propenso a comportamentos e acções consideradas de risco.
Mas foi com entusiasmo e depois de horas debaixo de sol, que o público entrou no Parque pouco depois das 17h15, um atraso justificado com preparativos num dos palcos (e no final do dia viu-se porquê), mas foi a correr e envergando tshirts e faixas dos seus grupos de eleição que o público foi entrando, uns a correr para baixo, para marcar lugar na primeira fila do Palco Mundo, outros para cima em direcção ao Sunset, onde íam actuar as primeiras bandas do dia e com algumas surpresas prometidas e outros para as diversões (que estiveram paradas durante as actuações no Palco Mundo).
Com algum atraso e ajustes nos horários, as actuações no Sunset começaram com os Fingertips, que apresentaram em público a nova vocalista – Joana, num concerto que contou com o ex-Bandemónio Alexandre Almeida, e ainda as visitas de Diana Basto, André Indiana e EzSpecial. “Love Through the Land”, “Drive Faster”, “Simple Words” e “Rock and Roll ain’t noise pollution” foram alguns dos temas que o público ouviu.
Seguiram-se os More Than a Thousand, que prometiam um convidado de peso para esta actuação. Fora do seu registo habitual, foi com uma grande curiosidade do público, que Rui Veloso subiu ao palco e pegou na guitarra, para uns acordes mais metálicos.
“It’s alive”, “First Bite”, “Nothing But Mistakes”, “Teenage Wastelands” e “It´s Blood” foram alguns dos temas tocados, quase no final da actuação de Rui Veloso, era ouvir o público gritar “Rui, Rui, Rui”, enquanto que o músico dava um show a solo na guitarra.
Seguiram-se os Ramp, banda que ficou conhecida no circuito dos bares e das festas de verão e que trouxeram como convidados os Hail, com a presença de James Lomenzo (ex-baixista dos Megadeth), em subsituição de Paul Gray (falecido no passado dia 24 de Maio). Temas como “Blind Enchantment “, “The Cold”, “Hell Bent For Leather”, “666”, “Neon Knights” e “Ace Of Spades” foram-se seguindo durante a noite, para agrado do público, numa actuação que contou ainda com a participação de Diana Piedade.
No Palco Mundo as actuações também sofreram ajustes nas horas, começando os brasileiros Soulfly a actuar cerca das 20h00. A banda começou com “B.F.W.H.”, passando para “Prophecy”, “Primitive”, “Seek n’ Strike”, seguindo-se depois
“Troops of Doom”, “Roots”, “Jump” e a terminar “Eye For an Eye”. Pelo meio o vocalista, Max Cavalera ía gritando palavrões e o público reagia de forma agradada e íam fazendo “moches” na frente palco.
Seguiram-se os Motörhead, que entraram com “Iron Iron Fist”, seguido de “Stay Clean”, e “Be My Baby” , o público ía crescendo, e aderindo cada vez mais à banda americana liderada por Lemmy Kilmister, “Over The Top”, “Thousand Names”, e “Brazil” seguido de “Ace Of Spades” e “Overkill” a finalizar.
Já passavam cerca de vinte minutos das 22h00, quando uma das bandas favoritas do público subiu ao palco, os americanos Megadeth. “Trust”, “In my Darkest Hour” , “Hangar 18” , “Five Magics”, “Sweating Bullets” e “Symphony of Destruction” , foram alguns dos sucessos que a banda fundada por Dave Mustaine, interpretou, e que foram acompanhados de alguns “moches” de uma plateia cheia.
A terminar a noite, uma das bandas mais aguardadas e os cabeças de cartaz, os alemães Rammstein. Conhecidos pelos seus concertos grandiosos e cheios de efeitos pirotécnicos, a banda encabeçada por Till Lindemann protagonizou um dos maiores momentos da edição de 2010 do Rock in Rio. Sem direito a transmissão televisiva e radiofónica, nem captação de imagens junto ao palco pelos sites e onlines, a banda impôs as suas regras e levou a que todos se aproximassem da zona do palco se os quisessem ver.
Com um estilo ligeiramente diferente das bandas ateriores, aqui impera a revolta e um “quase culto” pela morte e pelo lado negro da vida. A língua é o alemão, o que dá um toque ainda mais “negro” e “gutural” às músicas. “Rammlied”, “Keine Lust”, “Feuer Frei”, “Wiener Blut”, “Ich Tu Wir Weh”, “Benzin”, fizeram o delírio do público, sempre acompanhados de fortes efeitos pirotécnicos, inclusive fogo a sair da boca dos guitarristas.
Seguiram-se “Du Hast”, na qual o público fez questão de começar com ” Du hast, du hast nicht, du hast, du hast nicht”, deixando o vocalista bem impressionado com o público português. Seguiram-se “Pussy” e um banho de espuma e confettis e a terminar “Ich Will”. No final, ajoelharam-se perante o público em sinal de agradecimento e disseram “Danke schön, Thank you e Obrigado”.
O fogo de artifício foi uma constante durante o concerto, mas mesmo assim e a terminar, o tradicional fogo do Rock in Rio, ao som do hino do Festival. Para os mais resistentes a electrónica continuava a dar música até às 4h00 da manhã.
Uma noite que terminou em grande, especialmente pelo espectáculo cénico e pirotécnico da banda alemã, mas outros grandes momentos marcaram esta edição, como o banho de multidão dos Xutos & Pontapés, a alegria de Ivete Sangalo, a genica e alegria de Shakira, o concerto cheio de vida e alma de Mariza e é claro, o irreverente e provocante espectáculo da jovem Miley Cyrus.
Tudo motivos para deixar no ar a pergunta, “O que será que nos vai trazer a próxima edição, daqui a dois anos, ainda na Bela Vista?”