Por Elsa Furtado (Texto e Fotos)
[dropcap]D[/dropcap]epois de vários anos com as obras paradas e um projeto à espera de concretização, a Sé de Lisboa assiste a uma nova fase nos trabalhos arqueológicos a decorrer nos claustros, e respetiva musealização, com vista à recuperação e valorização da Sé Patriarcal de Lisboa, desenvolvido no âmbito da Rota das Catedrais, que se espera também ganhe um novo fôlego com esta intervenção.
O anúncio foi feito na terça feira à tarde por Dom Manuel Clemente – Cardeal Patriarca de Lisboa e pelo Secretário de Estado da Cultura (SEC) Barreto Xavier, durante a cerimónia de assinatura de uma adenda ao protocolo estabelecido em 2012, entre a Direção-Geral do Património Cultural, o Cabido da Sé Metropolitana Patriarcal de Lisboa e o Município de Lisboa.
Dom Manuel Clemente fez questão de sublinhar que: “ A História é uma sucessão de povos e culturas, assente nos monumentos, mas também nos povos e nas culturas”, daí ser tão importante o projeto de recuperação e reabilitação da Sé de Lisboa.
Uma opinião partilhada pelo SEC, que falou na “Recuperação da nossa memória”.
O projeto de reabilitação e de musealização é da responsabilidade do Arquiteto Adalberto Dias, e prevê o fechamento do espaço arqueológico e reposição do nível do pátio do claustro, sendo colocada uma laje como pavimento e no centro será construído um espelho de água de cerca de 2,5 por 2,5 metros, designado por “fonte da vida”, e inspirado nos jardins do Antigo Testamento.
A área arqueológica será musealizada em cripta, fazendo-se o acesso a esta área por uma entrada própria pela Rua das Cruzes; está também planeado a instalação de um elevador na galeria sul e ainda ligar as galerias superior e inferior do claustro e os níveis do espaço em cripta, por uma uma escada construída no mesmo local onde existe hoje uma escada de caracol, no canto SE do claustro.
O projeto inclui ainda a instalação de um núcleo museológico, com duas salas, para a exposição do espólio encontrado durante as escavações, e ainda a recuperação e restauro do claustro.
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O projeto está orçamentado em cerca de cinco milhões de euros e com um prazo para a execução de todos os trabalhos de 18 meses, com data de arranque ainda por definir. No final da apresentação o SEC falou em, “talvez um ano, ano e meio”, dependendo de como correrem os trâmites legais e obrigatórios para uma empreitada pública desta envergadura.
A Sé de Lisboa foi o primeiro edifício a ser classificado como Monumento Nacional em 1907, de importante valor histórico, cultural, religioso e simbólico para a cidade de Lisboa, foi construída sobre vestígios de outras civilizações que por aqui passaram, desde a Idade do Ferro, Fenícios, Romanos, passando pelos árabes, até à Idade Média, tais como uma mesquita ou uma basílica romano-cristã.
Vestígios que foram postos a descoberto em 1990, depois de um sismo, que abriu uma fissura junto à cisterna medieval do claustro da Sé, tal como contou o Cónego Manuel Lourenço, à época responsável pela igreja da Sé de Lisboa, e que fez ainda questão de realçar que, “Este é o único claustro gótico de Lisboa, sendo o claustro do primeiro andar românico, … e ainda, o único lugar onde temos toda a história da ocupação da cidade”.
Memória e vestígios que se espera ganhem agora nova vida e nova história também.