Steve Vai, virtuoso da guitarra, atuou nesta terça-feira perante um Hard Club quase cheio, no Porto. Em palco, pedaleiras, amplificadores, o símbolo de Vai, a imagem do álbum The Story of Light, luzes a postos, e às 21h00, entra Steve Vai com a sua guitarra Ibanez, acompanhado do guitarrista Dave Weiner, o baterista Jeremy Colson, o baixista Philip Bynoe, e ainda Deborah Henson-Conant na harpa eléctrica.
No início desta digressão, Beverly McClellan fez as honras de abertura, substituída depois por Dave Weiner na maioria das datas europeias. Em vez disto, o público português foi brindado com uma actuação de três horas do guitarrista e da sua banda, numa autêntica aula de guitarra para os presentes.
Sempre bem-disposto e comunicativo, Vai, animal de palco com um apurado sentido de espectáculo, deliciou o Porto com uma performance energética e 21 longas músicas, além de solos de guitarra, bateria e harpa.
Para Steve Vai, a guitarra é mais que um mero instrumento, é uma extensão de si mesmo, electrizante e melodiosa, fazendo-a ganhar vida, vibrar com a sua energia, e ecoar emoções nos seus temas mais baladeiros. Munido de várias guitarras, jogos de pedais, e até adereços luminosos, o músico reinou no Hard Club desde “Racing the World” a “Taurus Bulba”, passando por “Tender Surrender” e “For the Love of God”.
Vai domina a técnica e compõe com alma, tocando de forma notavelmente virtuosa e apresentando também momentos de puro humor. O guitarrista interage com o público, faz piadas (é notória alguma herança de Frank Zappa), e posa para os fotógrafos, tendo mesmo chegado a pedir a câmara do C&H e tirar ele próprio uma fotografia.
Com o intuito de “mostrar o quão simples é escrever uma canção”, chamou voluntários ao palco para criar uma música no momento, tendo estes que entoar ritmos de bateria, baixo ou guitarra para os músicos os reproduzirem de ouvido. E assim surgiu, por entre algumas gargalhadas, uma música algo improvisada.
Frente a uma plateia bem composta, riff após riff, solo após solo, harmonias geniais, brincadeiras técnicas com feedbacks, guitarradas melodiosas, sequências electrizantes e sets acústicos, Steve Vai encantou, e o público vibrou.
Por entre clássicos do reportório do músico e temas do seu último álbum, os presentes saíram satisfeitos com o concerto de três horas da banda, que se mostrou igualmente satisfeita por dá-lo.
Abrindo com “Racing the World” e “Velorum”, Vai passou para “Building the Church” e uma das mais aguardadas da noite, “Tender Surrender”, extremamente bem recebida pelo público. Após “Gravity Storm” foi a vez de Dave Weiner brilhar com um solo acústico, dando depois lugar a “Weeping China Doll” e “Answers”. Com uma nota introdutória, Vai apresentou “The Moon and I” – das poucas onde pôde mostrar a voz -, seguida de “The Animal” e da vibrante “Whispering a Prayer”. A “The Audience is Listening” seguiu-se a oportunidade de Deborah Henson-Conant ser o centro das atenções com o seu solo de harpa, e passámos para um registo “unplugged” com “Rescue Me or Bury Me” seguido de “Sisters”, “Treasure Island”, “Salamanders in the Sun” e “Pusa Road”. Foi então a vez de Jeremy Colson na spotlight com um frenético solo de bateria, seguido de um Steve Vai futurístico em “The Ultra Zone”.
Em homenagem a Zappa surge então “Frank”, e depois, o momento intitulado “Build Me a Song” com os voluntários. Por fim, a inevitável “For The Love of God”, e, no encore, “Taurus Bulba”, com a despedida sob uma chuva de aplausos.
Presença já frequente no nosso país, Steve Vai, visivelmente agradado com a reacção entusiasta da audiência, agradeceu, e deixou no ar o desejo do regresso.