O cenário diz-nos que estamos no estaleiro de uma obra. Nada sabemos do andamento deste projeto. O que ficamos a conhecer bem é a equipa que aqui reside, cujos pés mexem mais rápido do que a própria sombra! Os Tap Factory regressaram a Lisboa com um espetáculo carregado de humor, percussão, acrobacia e muito sapateado.
Poucos lugares havia para preencher na plateia e os mais atrasados desciam sorrateiramente a fila na direção das suas cadeiras quando foram ruidosamente surpreendidos por um “funcionário” que parecia dar os últimos retoques à limpeza do chão. Afinal, parece que o espetáculo já havia começado e ainda que a linguagem deste assistente não fosse de todo percetível, estabeleceu comunicação com o público durante toda a sessão, sem que houvesse mal entendidos.
Este é um espetáculo bem humorado, marcado pelo ritmo contagiante dos seus intervenientes, que intercala momentos de sapateado com movimentos acrobáticos. A música é a linha condutora e tudo serve para marcar ritmo, desde os bidões deste estaleiro, aos escadotes de obra, passando pela própria areia, raspada no chão, por pés descalços. E vão contagiando a plateia com o som do ritmo, piscando o olho a temas mais conhecidos, como a banda sonora do filme da Pantera Cor-de-Rosa. Os cabos viram straps, permitindo acrobacias aéreas que desafiam a gravidade. A estrutura metálica de fundo é o palco desta banda que ora descarrega energia com os braços, ora desce ao chão para bater violentamente com os pés (felizmente não há vizinhos por baixo…). O nosso funcionário de limpeza, brinda-nos, ao longo da sessão, com alguns momentos de dança mais tribal que quase nos faz agitar nos lugares.
É um bom espetáculo de família, que agradou aos presentes. O público não é mero assistente e está aqui também para participar. A determinado momento, algumas pessoas são mesmo convidadas e imitar um dos atores que acabara de fazer um mortal, mas não houve voluntários… Certo é que a festa faz-se com a participação de todos.
Os Tap Factory já haviam passado por Portugal em Setembro de 2012 e regressaram agora, depois de uma digressão que os levou por toda a Europa e América do Sul. Oportunidade de os ver ainda este domingo, às 16h00, no Centro Cultural de Belém. Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam entre 10 e 35 euros.