Taylor Swift Faz História Em Lisboa: Um Concerto De Amor E Devoção No Estádio Da Luz

Reportagem de Tânia Fernandes

Taylor Swift em Lisboa
Fotografias: TAS Rights Management

A primeira noite de The Eras Tour em Lisboa marcou também a estreia de Taylor Swift em Portugal. E não poderia ter sido um encontro mais feliz. O público demonstrou-lhe toda a sua devoção e a artista prometeu nunca mais voltar a deixar Lisboa fora das suas digressões. Juras de um amor verdadeiro.

60 mil pessoas lotaram o Estádio da Luz esta sexta-feira. O fenómeno repete-se este sábado. Ao aproximarmo-nos do recinto, confirmamos a realidade que as redes sociais davam conta desde o início da semana. À semelhança do que acontece um pouco por todo o mundo, a swiftmania instalou-se em Portugal. A maior parte das pessoas que se dirigiam ao estádio vestiam uma peça de roupa brilhante e as pulseiras, os chapéus e as purpurinas foram os adereços mais utilizados. Algum do guarda-roupa usado o verão passado, no concerto de Harry Styles, no Passeio Marítimo de Algés, voltou a sair à rua!

Paramore: Aquecimento Perfeito

Ao final do dia, a confusão ainda era grande, no acesso a alguns setores. Pelas 19h00, a banda de suporte Paramore entrou em palco, com uma receção bastante calorosa do público. Abriram com “Hard Times” e de seguida surpreenderam com uma versão do conhecido tema dos Talking Heads “Burning Down The House”.

Na realidade, foi um pouco isso que aconteceu. Para uma primeira parte, de aquecimento do público, praticamente incendiaram a casa. Os fãs de Taylor Swift conhecem-nos e começaram mesmo a festa mais cedo. “É uma honra e um privilégio estar aqui a preparar aquela que vai ser a melhor noite da vossa vida. Cantem conosco se já conhecem as nossas músicas. Se não, se calhar hoje vão aprender” disse Hayley Williams, a vocalista, no início da atuação.

Seguiu-se “Still Into You”, “Caught in the Middle” e “Told You So” e, quando Hayley voltou a dirigir-se ao público, mostrou grande admiração e felicidade pela receção que a banda encontrou: “Quando aceitámos fazer esta digressão, achámos que ninguém ia conhecer as nossas músicas. E é muito bom ouvir-vos a cantar!”

“The Only Exception” terá sido a mais melódica desta atuação, uma verdadeira exceção desta banda americana de rock, que fez soar bons riffs ao final do dia. “Misery Business”, “Ain’t It Fun” e “This Is Why” fecharam esta curta atuação de 45 minutos.

Antes, ficou aquela confissão que muitos artistas fazem, ao pisar os palcos nacionais e que todos querem ouvir “Este é o melhor concerto da digressão. Estou mesmo contente de termos mais um concerto convosco amanhã. Não estou preparada para partir já!”.

Taylor Swift: Uma Noite Memorável

Sabíamos que tínhamos uma grande maratona pela frente, que Taylor Swift não está a fazer isto por menos de 3 horas e meia. À nossa frente, havia quem já tivesse arrumado as botas de salto alto debaixo da cadeira, e dançava de meias no chão.

O que mais nos espantou foi, na realidade, foi a velocidade com que o concerto decorreu, sempre tão dinâmico e cheio de surpresas, a encostar a fadiga para o momento de sair do recinto.

Um relógio com uma contagem decrescente de 3 minutos surgiu no ecrã de fundo pelas 20h15 e começou o histerismo. Assim que o tempo se esgotou, os bailarinos da artista entraram em cena carregando umas estruturas esvoaçantes e iniciaram o espetáculo com “Miss Americana & The Heartbreak Prince”.

Este espetáculo de Taylor Swift, como a própria explicou um pouco mais à frente, é uma espécie de best off da sua carreira. Está, por isso, dividido em vários sets, que correspondem a álbuns ou épocas. Nas suas palavras, “as Eras”.  Assim, Taylor Swift trouxe, para essa digressão, os melhores momentos dessas Eras e criou um cenário especial para cada umas delas, com guarda roupa e acessórios escolhidos cuidadosamente. Alguns desses momentos foram verdadeiramente impressionantes.

A artista abriu assim este concerto com Lover, o sétimo álbum de estúdio, lançado em agosto de 2019. Com “Cruel Summer” arrancou gritos de entusiasmo da plateia.

Visivelmente emocionada, Taylor Swift agradeceu ao público e disse “Estão-me a fazer sentir fantástica!“. Seguiu-se “The Man”, com a artista e os bailarinos vestidos a rigor, recriando o ambiente de um escritório. Depois “You Need to Calm Down” e “Lover” em que a cantora pegou na sua guitarra rosa e se voltou a dirigiu ao público: “É a primeira vez que vimos a Lisboa. Tiraram-me o fôlego. Fazem-me sentir muito sortuda de estar aqui hoje. Vamos ter uma longa noite, passar por 18 anos de música, divididos por várias Eras. Quando voltarem a ouvir estas músicas, vão ter memórias desta noite”.

Taylor Swift
Fotografias: TAS Rights Management

Em “Lover”, os bailarinos dançaram aos pares, com Taylor Swift a tocar guitarra no meio e o público cantou em uníssono.

No final, a cantora a “desaparecer” por um alçapão no palco e a regressou com novo figurino. Para a Era Fearless veio acompanhada de quatro guitarristas. “Prontos para voltar à escola comigo?”, perguntou antes de começar “You Belong With Me” e “Love Story”.

No centro do palco há plataformas elevatórias que ganham diferentes configurações e dão bastante dinâmica à atuação. Músicos e bailarinos sobem e descem ganhando ou diminuindo destaque.

O concerto começou ainda com bastante luz do dia, mas à medida que a noite se acentuou, percebemos que até o longo palco que divide a arena tem luz e é um prolongamento deste cenário de atuação.

Seguiu-se a Era Red, onde Taylor Swift surgiu com uma t-shirt “I Bet You Think About Me”, das quais já havíamos identificado réplicas, entre os elementos da assistência. É um arranque forte com “22”. Uma música pop, cheia de ritmo, que expressa a diversão que segundo a cantora se é possível ter aos 22 anos de idade. Uma menina, junto às grades, teve grande destaque nos ecrãs gigantes e Taylor Swift não só cantou especificamente para ela, como lhe deixou o chapéu que trazia.

A proximidade com os seus fãs é o grande trunfo de Taylor Swift. A artista traz para as suas canções a intimidade que a aproxima de diferentes pessoas, em todo o mundo. De uma forma ou de outra, todos se identificam com as suas composições, nomeadamente em temas tão universais como amores e separações.

A energia manteve-se alta com “We Are Never Ever Getting Back Together” e “I Knew You Were Trouble”, com efeitos de fumo no palco. “Estamos na era Red. Para mim, é como voltar aos melhores momentos dos últimos 20 anos da minha vida”, confessou antes de encerrar a Era com “All Too Well”. Pelo meio deixou escapar, que o seu maior arrependimento foi ter deixado Lisboa fora das suas digressões, e que isso não iria voltar a acontecer.

A Era Speak Now trouxe uma intro de bailado com Taylor Swift vestida como uma princesa a caminho do baile, encantando todos com “Enchanted”. Um set marcado pelo universo cor de rosa.

O contraste foi grande, com o set seguinte: A era Reputation começou com uma cobra em vídeo e Taylor em botas de salto alto, interpretando “…Ready for It?”, “Delicate” e “Don’t Blame Me”. Um álbum que sucedeu o lançamento de 1989, numa época em que a artista se tornou, constantemente, alvo de escrutínio em tabloides. A composição de Reputation atravessou um período em que a artista se tentou libertar desses boatos e ao mesmo tempo, encontrar o amor no meio dos eventos tumultuosos. Em palco, interpreta uma mulher sensual, e expõe até o seu lado mais perverso.

“Look What You Made Me Do“ fecha este set e dá-nos a dimensão das potencialidades tecnológicas que este sofisticado palco traz. Inclusivé, com as pulseiras de luzes que todos levam para o interior do recinto. Não se limitam simplesmente a dar um tom por tema ou a pulsar. Nesta interpretação, desenham cubos gigantes de luz a rodopiar nas bancadas.

A transição para as eras Folklore e Evermore foi marcada por um cenário idílico na natureza, com uma casinha de floresta no palco, da qual chega a sair fumo. Detalhes sem importância que fazem toda a diferença. Taylor Swift partilhou: “Trouxemos a cabana de Folklore, a casa que criei na minha cabeça. Fiz as músicas e sonhei com esta cabana. Era uma mulher vitoriana na floresta. Foi assim que fugi da realidade”. Explicou ainda que, para ela, estes dois álbuns representam uma única Era, uma vez que não parou de compor entre eles. São de 2020, um feito na primavera/ verão e outro no outono/ inverno. Subjacente, está o período que todos vivemos, de pandemia, em que na realidade “não sabíamos como ia ser o futuro e se iriamos poder voltar a estar todos juntos, assim, a assistir a um concerto”.

As canções “Cardigan”, “Betty” e “August” e foram alguns dos destaques, em que desfilou pelo palco com vestes brancas, longas e fluidas.

Taylor Swift
Fotografias: TAS Rights Management

Entoou “Champagne Problems” ao piano e, no final, o público reagiu de forma desmedida. A emoção passou para o lado da artista que abria os olhos e, percebia-se, que estava sem palavras. Punha as mãos na cabeça, olhava incrédula e a multidão continuou a alimentar esse seu sentimento durante longos minutos. As luzes do Estádio da Luz acenderam-se e ela conseguiu dizer “Nunca vi nada assim. Nunca vou esquecer este momento”, antes de prosseguir com o concerto.

A sua vida pessoal volta a atravessar temas como “Illicit affairs” e “My tears ricochet”. Terminou com uma belíssima dança de fogo em “Marjorie” e “Willow”.

O ritmo mudou para a Era pop forte de “1989”, talvez com o set de músicas mais conhecidas com “Style”, “Blank Space”, “Shake It Off” e “Wildest Dreams”. A Era culminou em “Bad Blood”, com bicicletas luminosas.

O mais recente trabalho The Tortured Poets Department, que só em 2024 teve duas edições, com mais de 30 temas no total, inaugurou um novo set nesta digressão europeia. Para esta Era trouxe ambientes fabulosos, quase videoclips, pelos cenários e coreografias com que destacou: “But Daddy I Love Him / So High School”, “Who’s Afraid of Little Old Me?”, “Down Bad”, “Fortnight”, “The Smallest Man Who Ever Lived” e “I Can Do It With a Broken Heart”.

Do seu guarda roupa, neste set, destaca-se a saia, que parecia feita de rascunhos de papeis amachucados. Uma plataforma deslizante, deslocou a artista pela passadeira no tema “Who’s Afraid of Little Old Me?”, um conjunto de percussão acompanhou-a em “The Smallest Man Who Ever Lived” e “I Can Do It With a Broken Heart” foi o momento Fred Astaire da noite, ao qual não faltaram os holofotes de Hollywood.

“Vocês são inesquecíveis. Vou sempre querer voltar aqui!” deixou escapar, antes de abraçar o set que distingue todos os concertos da artista. Em Lisboa, na noite de sexta-feira, trouxe novidades. Interpretou com a guitarra “Come Back…Be Here / The Way I Loved You / The Other Side of the Door”. Passou depois para o piano e brindou-nos com uma estreia absoluta ao vivo com “Fresh Out The Slammer / High Infidelity”.

Midnights, o álbum lançado em 2022 fechou o concerto. Mais um conjunto de temas  autobiográficos em que explora emoções amplas, como arrependimentos, autocrítica, fantasias, desgosto e paixão. A sua vida pessoal em confronto com a imagem pública, abordados em forma de confissão, que tanto aproxima a artista dos seus admiradores.

O concerto aproximou-se do fim com uma sequência de hits do álbum Midnights, incluindo “Lavender Haze”, “Anti-Hero”, “Midnight Rain”, “Vigilante Shit” e “Bejeweled”. Taylor expressou o seu amor por Lisboa antes de avançar para as últimas músicas, “Mastermind” e “Karma”.

A despedida foi feita em ritmo de festa, com confettis e fogo de artifício a preencherem o Estádio. O concerto terminou depois das 23h30, deixando uma marca inesquecível nos fãs presentes, muitos dos quais já aguardavam ansiosamente pelo próximo espetáculo no dia seguinte.

Segue-se agora um segundo espetáculo no Estádio da Luz este sábado, dia 25 de maio.

Fotografias: TAS Rights Management

Autor:Fotografias: TAS Rights Management
Artigo anteriorSuper Bock Digital Stage Marca Presença Na 10ª Edição Do Rock In Rio Lisboa
Próximo artigoNo 1º Dia De North Music Festival Os Sons Latinos Dominaram A Noite

Leave a Reply