A 22 de fevereiro, no Teatro Nacional São João, e no ano em que completa 26 anos, a companhia portuense Assédio regressa ao teatro do autor, com a encenação de Terno e Cruel.
Uma adaptação livre de As Traquínias, a tragédia “imperfeita” e menos conhecida de Sófocles, que une os destinos de Dejanira e Héracles, em que o dramaturgo britânico transpõe o mito para os nossos dias e para as consequências tantas vezes desastrosas da chamada “guerra ao terrorismo”.
Ao herói de escrúpulos ambíguos de Sófocles, auto-sacrificado no desfecho da peça como castigo pelas suas muitas transgressões, Crimp contrapõe um absoluto impenitente, produto perfeito do poder militarista que o sacrifica sem remorsos para se proteger. E à esposa da peça original, vítima relativamente inocente das suas circunstâncias e pouco capaz de agir para a elas se sobrepôr, Crimp oferece uma mulher dolorosamente consciente de quem é o marido e inabalável na sua recusa do papel de vítima. À conta do embate entre ambos, a tragédia de Sófocles transcende os seus moldes originários e chega em Terno e Cruel mais relevante do que nunca.
Com encenação de João Cardoso, a peça tem interpretação de Ângela Marques, Daniel Silva, Inês Afonso Cardoso, João Cardoso, João Castro, Lé Baldé, Luísa Guerra, Pedro Galiza, Pedro Quiroga Cardoso e Sara Neves.
Esta é a sétima incursão da companhia pela obra de Martin Crimp, e resulta de uma coprodução com o Teatro Nacional São João.
Terno e Cruel estreia-se no dia 22 de fevereiro e fica em cena até 3 de março no Teatro São João. As sessões de quarta-feira, quinta-feira e sábado são às 19h00, as sessões de sexta-feira são às 21h00 e as sessões de domingo às 16h00.
O preço dos bilhetes varia entre os 7,50 e os 16 euros, e podem ser adquiridos online e no local.