A exposição The Studio reúne os trabalhos de Jorge Queiroz na Coleção de Serralves, apresentando 21 obras do artista, uma em tela a as restantes em desenho e ainda o papel de parede, recuperado da exposição Debaixo das Pedras da Calçada, a Praia! (2012), com novas combinações de imagens que lhe conferem «o estatuto de mais uma obra na exposição».
A tela The Studio e os desenhos apresentados no mezanino da Biblioteca da Fundação de Serralves são, nas palavras do diretor do museu de arte contemporânea Philippe Vergne «um convite para ver mais do que olhar, para ler e observar». Num espaço habitualmente reservado a exposições de livros e edições de artistas, esta mostra apresenta-se «com um caráter literário».
A estrutura da exposição foi pensada no «estúdio», no espaço de criação, ainda que com abordagem e instalação única. «A presença do artista e a sua colaboração na encenação e apresentação da mostra são um privilégio» afirma Isabel Braga, curadora da exposição, que refere ainda que «uma exposição com obras da coleção tem como objetivo primordial dar uma visão alargada e aprofundada da obra do artista».
Os trabalhos, cujas origens remontam a 1999 e culminam com a tela de 2013, são, de acordo com Jorge Queiroz «um palco, onde se juntam e relacionam desenhos e pessoas».
O convite para “subir” a cada um destes palcos estende-se até setembro, do grafite, em variações de cinza às cores em guache, pastel de óleo e aguarela, das paisagens e figuras indefinidas às geometrias, dos jogos de escala que “obrigam” o visitante a aproximar-se a afastar-se da obra para poder vislumbrá-la.
Uma exposição “literária” cujos desenhos não têm título e cuja única tela apresentada partilha o nome da mostra, sem esquecer nome do papel de parede, que remete para o movimento estudantil revolucionário de maio de 68 (“Sous les pavés, la plage”) são «um mistério» a desvendar.
«A obra de Jorge Queiroz distingue-se pela criação de universos singulares e de cariz onírico. As suas representações oscilam entre o real e o fantástico, entre a figuração e a abstração. Figuras, arquiteturas, formas e paisagens fundem-se, fragmentam-se e metamorfoseiam-se. Elementos reconhecíveis conjugam-se com intrigantes formas híbridas e ambíguas que em alguns casos ressurgem em vários desenhos e pinturas, indiciando um processo de trabalho contínuo e poroso. Convocado para as explorar e ler, o espectador percorre as composições – frequentemente dispersas e fluidas – procurando uma narrativa possível»
A exposição The Studio está aberta ao público, na Biblioteca da Fundação de Serralves, no Porto, de 24 de julho a 20 de setembro 2020.