Foi a rodopiar, coberto pelo seu longo quimono amarelo, de braços abertos, com um palco repleto de admiradores que Jared Leto se despediu do público português, esta quarta-feira, na MEO Arena. “Closer To The Edge” foi o último tema que a banda Thirty Seconds To Mars tocou em Lisboa, depois de duas horas de grande animação.
Em palco, tivemos o cantor ou o ator? Definitivamente os dois. Jared Leto continua a desafiar as expectativas e a explorar novas fronteiras tanto no cinema como na música e até na moda. A sua capacidade de se reinventar e de se comprometer profundamente com os seus projetos faz dele uma das figuras mais interessantes do entretenimento atual.
Leto é reconhecido pela sua capacidade de se transformar completamente para cada papel que assume, muitas vezes adotando métodos de atuação extremos. A sua interpretação de Rayon em Dallas Buyers Club (2013) valeu-lhe um Óscar de Melhor Ator Secundário e permitiu-lhe demonstrar a sua capacidade de abordar papéis desafiadores e emocionalmente intensos. No filme, Leto interpretou Rayon, uma mulher transgénero com SIDA.
Conhecido pelo seu estilo eclético, colabora, frequentemente, com grandes casas de moda e é presença regular nos eventos. Em 2016, tornou-se embaixador da Gucci, trabalhando diretamente com o diretor criativo Alessandro Michele.
Na Met Gala de 2019, atraiu todas as atenções ao aparecer com uma réplica da sua própria cabeça.
Esta noite de quarta-feira, o público comprou bilhete para o ver e ouvir enquanto vocalista e principal compositor da banda de rock Thirty Seconds To Mars, que fundou com o seu irmão Shannon Leto, em 1998.
Portugal recebeu-o de braços abertos e ele não o esquece. Conta, na primeira parte do espetáculo, que veio a Portugal pela primeira vez em 1998, “até à praia, comer peixe, passear pelas ruas e apaixonei-me pela cidade de Lisboa. Voltei depois com os Thirty Seconds To Mars e aconteceu uma coisa muito boa: vocês gostaram de nós! Portugal é uma das razões para existirmos enquanto banda.” Referiu, acrescentando que foi aqui um dos primeiros sítios em que esgotaram a capacidade de um recinto.
O concerto começou pouco depois das 21h00, com todos os pormenores de uma grande estreia: no ecrã de fundo, uma contagem regressiva a começar no 100. Um crash ao nº30. E parece que Marte fica do lado oposto ao palco. Os focos de luz incidem na entrada superior do balcão 1, onde surgem Jared e Shannon Leto, rodeados de seguranças. Cumprimentam o público, extasiado, que se tenta aproximar para um cumprimento e uma foto mais próxima. Os músicos, descem as escadas, lentamente, sempre a tentar distribuir a sua atenção pelos que os rodeiam. Percorrem a plateia pela lateral e o “passeio real” termina no palco principal, onde dão início ao concerto com “Up in the Air”.
Jared Leto rodopia com o seu majestoso manto azul. Domina o palco com uma presença inigualável. Tem um à vontade fora de serie e, como bom entertainer, vai coreografando o público para dar volume e cor aos temas que interpreta. Gritem daqui, pulem dali, agora todos no chão. Poderia até ser o programa de variedades de domingo à tarde, mas ninguém se desvia das orientações.
Durante “Kings and Queens” é do pequeno estrado mais elevado, como se estivesse num mini palco próprio, que Jared assumiu o papel de maestro de coro. No final, o seu agradecimento ao público foi sincero e emocionado.
Com “Walk on Water”, a letra da música era exibida no ecrã, incentivando a um grande karaoke coletivo. “Liguem as luzes, quero ver as caras destas pessoas lindas!”, exclamou Jared, interagindo com o público de uma forma única e carinhosa. “Portugal, vocês mudaram a nossa vida!”, afirmou. Depois, pediu para se porem aos ombros uns dos outros. De seguida, convidou os fãs mais loucos a subir ao palco para dançar com os Thirty Seconds To Mars. “Rescue Me” foi este primeiro momento de grande interação com o público, com que Jared chegou a trocar umas piadas.
Os convidados inesperados voltaram aos seus lugares para “Seasons”, o motivo que trouxe os Thirty Seconds To Mars de volta a Portugal. A promoção do mais recente trabalho, It’s The End Of The World But It’s a Beautiful Day, lançado em 2023. Seguiu-se “Hail to the Victor”, onde a demonstração de pirotecnia começou a ganhar dimensão: do palco, eram lançadas bolas de fogo, para o ar.
Em “Hurricane”, Jared acendeu uma tocha vermelha, pedindo ao público que erguesse os punhos. “This is War” seguiu com luzes vermelhas e mais confettis no final, a ajudar à festa.
As luzes apagaram-se depois, preparando o palco para um set acústico. Canções como “Alibi” e “From Yesterday” fizeram parte deste momento intimista, que se prolongou com “Stay”. Novos adereços juntaram-se ao este cenário: balões negros introduzidos em “Night of the Hunter” e para “City of Angels” o cantor voltou a pedir a colaboração do público, com as luzes dos telemóveis.
No final, não se conteve nos elogios “Que país tão bonito, que público incrível!”. Ensinem-me a dizer “Portugal”… e repetiu várias vezes, sem conseguir sair muito do habitual “Porrrrrtxugal”. Mas aplaudiram-lhe, de forma efusiva, o esforço.
Para “A Beautiful Lie”, Jared vestiu um quimono amarelo. “Get Up Kid” foi uma das surpresas deste alinhamento. Mas Jared interrompeu no início, admitindo que precisava de ver melhor a letra, e pediu desculpa por não ser habitual tocar aquela canção. É um dos novos temas do álbum dos Thirty Seconds To Mars.
A noite continuou, a pender mais para os grandes sucessos da banda, que o público conhece e quer dançar, como foi o caso de “Attack”.
O encore trouxe Jared de volta com um LP It’s The End Of The World But It’s a Beautiful Day numa mão e a bandeira de Portugal na outra, a pedir para tirar uma foto com o público. “Stuck”, “Avalanche” – estreia absoluta ao vivo – “The Kill (Bury Me)” foram tocadas nesta reta final. Jared Leto acabou mesmo por descer ao público, para calorosos abraços e reafirmou: “Vocês são o melhor público de toda a digressão.”
E assim, lá de baixo, voltou a convidar fãs a subir novamente ao palco. Thirty Seconds To Mars terminaram o concerto em modo de grande festa, com “Closer to the Edge”, a deixar memórias inesquecíveis, a quem pisou este palco.
Recorde os concertos anteriores em Lisboa:
2018 – Thirty Seconds to Mars a Banda que Chamou Todos ao Palco
2013 – 30 Seconds to Mars no Meo Arena
2011 – Optimus Alive: Dia 3 com concerto de 30 Seconds to Mars a saber a pouco